Elon Musk condena pacote fiscal de Trump como ‘abominação repugnante’

Elon Musk critica Trump e chama pacote fiscal de abominação repugnante.
Bilionário critica fortemente projeto orçamentário após saída do governo.
O bilionário Elon Musk, que até recentemente ocupava cargo no governo americano, criticou duramente o pacote fiscal proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, classificando-o como uma “abominação repugnante” que aumentará significativamente o déficit orçamentário do país. Em publicações contundentes na rede social X na terça-feira (3), Musk não poupou palavras ao expressar sua insatisfação com o projeto de lei, marcando um afastamento significativo entre os dois, que até então mantinham relação próxima. “Desculpe, mas eu simplesmente não suporto mais. Esse enorme e escandaloso projeto de lei do Congresso, cheio de gastos excessivos, é uma abominação nojenta”, publicou o empresário. Em outra mensagem, Musk alertou que o projeto “vai aumentar massivamente o já gigantesco déficit orçamentário para 2,5 trilhões de dólares e sobrecarregar os cidadãos americanos com uma dívida esmagadora e insustentável”, demonstrando preocupação com o impacto econômico das medidas propostas pelo governo Trump. Ele descreveu o projeto como “enorme, escandaloso e eleitoreiro”, e afirmou que aqueles que votaram a favor deveriam sentir vergonha. A saída oficial de Musk do governo americano havia sido confirmada apenas dias antes, na sexta-feira (30), durante pronunciamento conjunto com Trump no Salão Oval da Casa Branca, o que torna sua crítica ainda mais surpreendente e expõe possíveis rachaduras na relação entre os dois.
O projeto de lei orçamentária, que Trump descreve como algo “grande e bonito”, prevê a extensão de cortes de impostos que estão prestes a expirar e a criação de novos benefícios fiscais, incluindo isenção de taxas sobre gorjetas, horas extras e benefícios da previdência. Algumas das medidas contempladas no pacote representam promessas de campanha do republicano, como iniciativas para segurança na fronteira e apoio a agricultores. Estimativas apontam que o projeto aumentará o déficit em aproximadamente US$ 2,7 trilhões até 2034, um valor alarmante que contribuiu para a reação negativa de Musk. Para compensar parcialmente os novos gastos, o pacote prevê o corte de incentivos fiscais para energia verde, além de reduções no Medicaid, programa de saúde social dos Estados Unidos, e no auxílio-alimentação. O projeto já passou pela Câmara dos Representantes por margem estreita de 215 a 214 votos no dia 22 de maio, e agora tramita no Senado americano, onde deve ser votado até o dia 4 de julho. Analistas financeiros têm demonstrado preocupação com o projeto, descrevendo-o como uma “bomba fiscal”, especialmente devido a itens específicos como a Seção 899, que envolve o aumento de impostos para investidores estrangeiros em determinados ativos financeiros, o que poderia gerar maior volatilidade no mercado e desvalorização do dólar.
Musk liderava o DOGE (Departamento de Eficiência Governamental), órgão responsável por cortes nos gastos do governo e pela redução de milhares de cargos federais considerados desnecessários. Embora tenha admitido que não atingiu todos os seus objetivos durante sua passagem pelo departamento, o bilionário destacou que sua atuação resultou na retirada de milhares de pessoas das folhas de pagamento do governo e no fechamento de vários departamentos, o que estaria alinhado com sua visão de redução do tamanho do Estado. Em entrevista anterior ao programa Sunday Morning, da CBS, Musk já havia indicado não apoiar todas as políticas do governo Trump, sinalizando possíveis divergências que agora se tornaram públicas. A Casa Branca reagiu rapidamente às críticas do empresário, com a porta-voz Caroline Levi declarando que Trump está ciente da posição de Musk, mas que isso “não altera a opinião do presidente sobre o projeto”. Esta declaração sugere que, apesar da ruptura pública, o presidente mantém sua determinação em aprovar o pacote fiscal, considerando-o essencial para sua agenda econômica. O posicionamento crítico de Musk ocorre em um momento de tensão política nos Estados Unidos, com o projeto de lei orçamentária sendo um dos principais pontos de debate no Congresso, e pode potencialmente influenciar a opinião pública e aumentar a pressão sobre os legisladores que apoiam o pacote proposto pelo presidente.
A ruptura entre Musk e Trump representa uma reviravolta significativa na política americana, considerando que o bilionário foi um dos mais proeminentes apoiadores do republicano durante a campanha eleitoral e início do mandato. As críticas feitas por Musk, figura influente tanto nos círculos empresariais quanto nas redes sociais, têm o potencial de afetar a percepção pública sobre o pacote fiscal e possivelmente complicar sua aprovação no Senado, especialmente considerando a margem estreita com que o projeto passou pela Câmara. O empresário, que comanda empresas de grande relevância como Tesla e SpaceX, tem demonstrado preocupação crescente com questões de responsabilidade fiscal e sustentabilidade da dívida americana, temas que tradicionalmente fazem parte da retórica republicana, mas que parecem estar sendo deixados de lado no atual governo. O desenrolar desta situação nos próximos dias será crucial para entender se a crítica de Musk representa um episódio isolado ou o início de uma oposição mais sistemática às políticas econômicas de Trump. As reações dos senadores republicanos, que precisarão votar o projeto, serão particularmente relevantes, pois muitos deles compartilham preocupações semelhantes sobre o aumento do déficit. Para Trump, que fez da prosperidade econômica uma bandeira central de seu governo, encontrar um equilíbrio entre cumprir promessas de campanha e manter a responsabilidade fiscal será um desafio significativo, especialmente agora que perdeu o apoio público de uma das figuras empresariais mais influentes do país.