Eduardo Bolsonaro denuncia Moraes por “abusos contínuos”

Em entrevista à VEJA, Eduardo Bolsonaro acusa Moraes de cometer “abusos sucessivos”.
Eduardo Bolsonaro acusa Moraes de praticar abusos ininterruptos.
Em entrevista à VEJA, Eduardo Bolsonaro defendeu a legitimidade de suas ações e intensificou as críticas, acusando Alexandre de Moraes de agir como “um tirano” e apontando uma perseguição política no Brasil, além da necessidade de “descontaminar” as instituições. Ele justificou sua saída do país por motivos de segurança pessoal e liberdade política, uma alegação que, para críticos, reflete a crescente desconfiança do clã Bolsonaro nas instituições brasileiras.
“Minha conduta é consistente há tempos. A investigação contra mim me permitiu mostrar aos americanos e ao mundo que o Brasil vive um regime de exceção”, afirmou.
De acordo com a revista, Eduardo mantém contatos com figuras do Partido Republicano e está otimista quanto a medidas contra Moraes. Ele mencionou uma recente declaração do senador americano Marco Rubio, que sugeriu restrições de vistos a autoridades estrangeiras envolvidas em censura contra cidadãos americanos, o que animou bolsonaristas sobre possíveis sanções a membros do Judiciário brasileiro.
“Estou muito confiante. Não diria 100%, mas há 99% de chance de que a medida do governo Trump tenha relação com Moraes. O Brasil deveria ter contido Alexandre de Moraes, mas não o fez. Por isso, recorremos às autoridades americanas para dar o primeiro passo na recuperação da democracia brasileira. O STF tem anulado decisões do Congresso, o que não reflete uma democracia saudável”, declarou.
Eduardo também criticou duramente Moraes: “Esse é o juiz imparcial que me julga, enquanto estou no exterior denunciando seus abusos repetitivos.”
A escalada de tensões entre bolsonaristas e o STF se intensificou após os atos de 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes invadiram as sedes dos Três Poderes, em Brasília. Desde então, o Supremo tem investigado os responsáveis, incluindo membros da família Bolsonaro.
Mais do que falar como filho do ex-presidente ou dissidente, Eduardo se posicionou explicitamente como potencial candidato em 2026. Durante a conversa, adotou um discurso de presidenciável, defendendo a retomada de um “rumo liberal-conservador” e criticando a perda da soberania institucional e a ação de uma elite burocrática que, segundo ele, sabota mudanças profundas. “Se for uma missão dada pelo meu pai, vou cumprir. Meu nome já apareceu em pesquisas, e fiquei feliz”, afirmou, ao comentar a possibilidade de concorrer ao Planalto.
Eduardo também avaliou o governo Lula, condenando o que chamou de “retorno à velha política” e apontando retrocessos em segurança pública e economia. Contudo, fez uma autocrítica, admitindo falhas no governo de Jair Bolsonaro, especialmente na articulação política e comunicação, embora tenha elogiado os quatro anos de seu pai como “os mais transparentes e patrióticos da história recente”.
A entrevista revelou um Eduardo mais estratégico. Apesar do tom combativo, ele parece buscar um papel de liderança, indo além de provocações nas redes. O deputado almeja protagonizar um novo ciclo político, resgatando, segundo ele, “o espírito de 2018, sem repetir os erros de 2022”.
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