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Dunga critica busca da CBF por técnicos estrangeiros e questiona recusas à Seleção Brasileira

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Ex-técnico e capitão do tetra lamenta desvalorização da Seleção.

O tetracampeão mundial com a Seleção Brasileira em 1994 e ex-técnico da equipe nacional, Carlos Caetano Bledorn Verri, conhecido como Dunga, manifestou-se de forma contundente contra a atual postura da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em relação à busca por um treinador estrangeiro para comandar o escrete canarinho. Durante sua participação no programa “Galvão e Amigos”, transmitido pela Band na noite de segunda-feira (5), o ex-capitão demonstrou indignação com a situação envolvendo as negociações entre a entidade máxima do futebol brasileiro e o italiano Carlo Ancelotti, atual técnico do Real Madrid, que recentemente recusou a proposta para assumir o comando da pentacampeã mundial. “Antigamente, se perguntassem: ‘Quer treinar a seleção brasileira?’, teria uma fila aqui. ‘Quer jogar na seleção brasileira?’, teríamos uns cinco aviões. É uma vergonha os caras recusando a seleção brasileira. Fica até constrangedor para nós, que jogamos, chegar à Europa e falar isso”, desabafou Dunga, visivelmente incomodado com o que considera uma desvalorização da Seleção Brasileira. A declaração ocorre em um momento delicado para o futebol brasileiro, que ainda não definiu o substituto permanente após a saída do técnico anterior, gerando uma prolongada indefinição que tem sido chamada de “novela” pela imprensa esportiva nacional. Apesar do “não” recebido na semana passada, Ancelotti continua sendo o primeiro nome na lista de preferências do presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, o que tem causado debates acalorados entre especialistas e ex-jogadores sobre a pertinência de insistir em um treinador estrangeiro para comandar a equipe pentacampeã mundial.

A crítica de Dunga reflete um sentimento crescente entre os antigos jogadores da Seleção Brasileira, que veem com preocupação a aparente perda de prestígio do cargo de treinador da equipe nacional. O ex-capitão do tetra defendeu enfaticamente a escolha de um treinador brasileiro para o cargo, sugerindo inclusive que o escolhido deveria contar com o respaldo de cinco auxiliares que foram campeões do mundo como jogadores, numa clara referência à valorização da experiência e do conhecimento do futebol pentacampeão. Este posicionamento de Dunga traz à tona um debate mais amplo sobre a identidade do futebol brasileiro, tema que ele também abordou durante sua participação no programa, ao afirmar que “a gente perdeu a identidade” com a Seleção Brasileira. O contexto atual do futebol brasileiro contribui para essa percepção, com resultados aquém do esperado nas últimas competições internacionais e um estilo de jogo que, segundo críticos, distancia-se cada vez mais daquele que consagrou o Brasil como o “País do Futebol”. Dunga possui uma relação extensa com a Seleção Brasileira, tendo sido jogador importante na conquista do tetracampeonato em 1994, quando foi capitão da equipe, e posteriormente assumindo o cargo de treinador em duas oportunidades. Sua primeira passagem como técnico ocorreu entre 2006 e 2010, período em que conquistou a Copa América de 2007 e a Copa das Confederações de 2009, mas acabou sendo demitido após a eliminação nas quartas de final da Copa do Mundo de 2010. Já em sua segunda passagem, iniciada em 2014, Dunga não obteve o mesmo sucesso, sendo dispensado em 2016 após eliminações precoces na Copa América de 2015 e na fase de grupos da Copa América Centenária de 2016.

A polêmica levantada por Dunga toca em um ponto sensível para o futebol brasileiro: a crescente presença de estrangeiros não apenas no comando técnico da Seleção, mas também nos clubes nacionais. O ex-treinador, embora tenha afirmado em outras ocasiões não ser contra a presença de estrangeiros no futebol brasileiro, ponderou que esta deve ocorrer “desde que tenha algo a agregar”. Sua crítica se concentra no que considera um excesso de profissionais que “não qualificam” os elencos e o futebol praticado no país, um posicionamento que encontra eco entre diversos analistas e ex-jogadores. Além disso, a situação expõe uma aparente contradição na gestão do futebol brasileiro: enquanto a CBF busca insistentemente um treinador estrangeiro, diversos técnicos brasileiros de renome internacional continuam disponíveis no mercado ou atuando em clubes que potencialmente os liberariam para assumir o comando da Seleção. Esta percepção de desvalorização dos profissionais nacionais contribui para o sentimento de perda de identidade mencionado por Dunga, em um momento em que o futebol brasileiro busca se reinventar após fracassos recentes em Copas do Mundo. O debate sobre a nacionalidade do treinador da Seleção Brasileira não é novo, mas ganhou força especial neste momento em que a CBF aparentemente prioriza nomes estrangeiros, mesmo após recusas públicas. A discussão transcende o aspecto técnico e toca em questões culturais e de identificação nacional com o esporte que por décadas foi um dos principais elementos de projeção internacional do Brasil.

Futuro da Seleção e legado de Dunga

O posicionamento de Dunga sobre a busca por um técnico estrangeiro para a Seleção Brasileira reflete não apenas sua opinião pessoal, mas também um debate mais amplo sobre os rumos do futebol brasileiro nas próximas décadas. Como figura que vivenciou o auge do futebol nacional, tanto como jogador quanto como treinador, suas palavras carregam o peso da experiência e da autoridade de quem conhece profundamente as estruturas e tradições que fizeram do Brasil pentacampeão mundial. Atualmente afastado do comando técnico de equipes desde 2016, quando encerrou sua segunda passagem pela Seleção Brasileira, Dunga se mantém como uma voz ativa no cenário esportivo nacional, frequentemente participando de programas esportivos onde analisa a situação atual do futebol brasileiro. Sua trajetória no Internacional, clube que comandou em 2013 e com o qual conquistou o Campeonato Gaúcho, também o credencia a opinar sobre a formação de jogadores e técnicos no cenário nacional. A perspectiva apresentada por Dunga sobre a valorização de treinadores brasileiros abre espaço para reflexões importantes sobre o futuro da Seleção e os caminhos que o futebol nacional deve seguir para recuperar seu protagonismo no cenário mundial. A escolha do próximo treinador da Seleção Brasileira será determinante não apenas para os resultados imediatos em competições como a Copa América e as Eliminatórias para a Copa do Mundo, mas também para definir um projeto de longo prazo que possa resgatar as características que tornaram o futebol brasileiro reconhecido mundialmente. Enquanto a CBF continua sua busca por um nome para assumir definitivamente o comando técnico da Seleção, as declarações de figuras históricas como Dunga servem como importante contraponto e lembrete das tradições e valores que construíram a identidade do futebol pentacampeão mundial.

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