Diretor do Butantan alerta para ano difícil no combate à dengue em 2025

Vacina em desenvolvimento não será suficiente para conter casos no próximo ano.
A expectativa do Instituto Butantan é produzir cerca de 1 milhão de doses da vacina Butantan-DV em 2025, caso seja aprovada pela Anvisa. No entanto, esse número é insuficiente para uma campanha de vacinação em massa, considerando a população brasileira. Kallás enfatizou que a produção em larga escala só deve ocorrer a partir de 2026, quando o instituto planeja entregar cerca de 60 milhões de doses, seguidas por mais 40 milhões em 2027. Essa projeção leva em conta a demanda inicial elevada, que tende a diminuir à medida que a população vai se imunizando. A ministra da Saúde, Nísia Trindade, corroborou essa informação, afirmando que não há previsão de vacinação em massa contra a dengue em 2025, independentemente da aprovação da Anvisa, devido à necessidade de escala na produção.
O desenvolvimento da vacina Butantan-DV representa um avanço significativo na luta contra a dengue. Os ensaios clínicos, encerrados em junho de 2024, demonstraram uma eficácia geral de 79,6% para prevenir casos de dengue sintomática e uma proteção de 89% contra dengue grave e com sinais de alarme. Esses resultados, publicados no New England Journal of Medicine e na The Lancet Infectious Diseases, indicam uma cobertura mais ampla em comparação com outras vacinas disponíveis. Além disso, o Butantan planeja iniciar, no segundo semestre de 2025, um estudo para avaliar a eficácia da vacina em pessoas com 60 anos ou mais, uma faixa etária que representa cerca de 64% das mortes por dengue no último ano, segundo dados do Ministério da Saúde. Esse novo estudo envolverá aproximadamente 700 participantes entre 60 e 80 anos, focando na imunogenicidade e segurança da vacina nessa população.
Diante desse cenário, Kallás reforçou a importância das medidas tradicionais de combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue. Ele destacou que 75% dos pontos favoráveis para a proliferação do mosquito estão em residências, enfatizando a necessidade de ações como eliminar possíveis criadouros, cobrir caixas d’água e piscinas inativas, e remover entulhos. O diretor do Butantan também mencionou que o instituto está trabalhando em outros projetos avançados, como o desenvolvimento de vacinas contra a gripe aviária e a Chikungunya, além de possíveis novas formulações para a Covid-19. Essas iniciativas demonstram o compromisso contínuo do Instituto Butantan com a saúde pública brasileira, buscando soluções inovadoras para enfrentar os desafios epidemiológicos atuais e futuros.
Perspectivas para o controle da dengue nos próximos anos
Apesar dos desafios previstos para 2025, as perspectivas para o controle da dengue nos anos seguintes são mais otimistas. Com a expectativa de produção em larga escala da vacina Butantan-DV a partir de 2026, o Brasil poderá contar com uma ferramenta adicional e eficaz no combate à doença. No entanto, Kallás ressalta que a vacinação deve ser vista como parte de uma estratégia integrada, que inclui a continuidade das ações de controle do vetor e a conscientização da população. O sucesso no enfrentamento da dengue dependerá, portanto, da combinação entre inovação científica, políticas públicas eficientes e participação ativa da sociedade.