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Direita alemã alcança resultado histórico nas eleições parlamentares

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Conservadores vencem pleito com avanço da direita.

A União Democrata Cristã (CDU), partido conservador alemão, conquistou a vitória nas eleições parlamentares realizadas no domingo, 23 de fevereiro de 2025. O resultado marcou um retorno ao poder para os conservadores após quatro anos de governo liderado pelos social-democratas. No entanto, o destaque da eleição foi o desempenho surpreendente do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que obteve seu melhor resultado desde a fundação em 2013, tornando-se a segunda força política do país. A CDU, liderada por Friedrich Merz, alcançou entre 28,5% e 29% dos votos, de acordo com as pesquisas de boca de urna divulgadas pelas emissoras públicas ARD e ZDF. Já a AfD recebeu entre 19,5% e 20% dos votos, praticamente dobrando sua votação em comparação com a eleição anterior em 2021.

O resultado das eleições reflete uma mudança significativa no cenário político alemão, com o enfraquecimento dos partidos tradicionais de centro e o fortalecimento das posições mais extremas. O Partido Social Democrata (SPD) do atual chanceler Olaf Scholz sofreu uma derrota histórica, registrando seu pior desempenho desde a Segunda Guerra Mundial, com apenas 16% a 16,5% dos votos. A campanha da AfD foi marcada por um discurso fortemente anti-imigração, aproveitando-se dos temores públicos relacionados à segurança nacional após uma série de ataques atribuídos a migrantes, além de capitalizar as preocupações com a economia em dificuldades. O partido recebeu inclusive o apoio explícito de figuras internacionais como Elon Musk, proprietário da Tesla, SpaceX e da rede social X, o que pode ter contribuído para sua ascensão.

A formação do novo governo alemão promete ser um processo complexo e delicado. Embora a CDU tenha saído vitoriosa, o partido não obteve a maioria absoluta necessária para governar sozinho. Friedrich Merz terá que buscar alianças para construir uma coalizão que alcance os 316 assentos necessários no Parlamento, que conta com 630 cadeiras no total. Durante a campanha, Merz descartou qualquer possibilidade de aliança com a AfD, mantendo o pacto histórico entre os principais partidos alemães de isolar a extrema-direita do poder desde o fim da Segunda Guerra Mundial. As negociações para a formação do governo devem se estender por semanas, possivelmente até dois meses, com o SPD surgindo como um possível parceiro de coalizão, apesar de seu resultado ruim nas urnas. Os Verdes, outro potencial aliado da CDU, obtiveram entre 12% e 13,5% dos votos.

O resultado das eleições alemãs repercutiu internacionalmente, com líderes mundiais manifestando-se sobre o pleito. O presidente americano Donald Trump celebrou a vitória dos conservadores, afirmando que o povo alemão, assim como os americanos, está cansado de políticas sem lógica em temas como imigração. O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva cumprimentou Merz pela vitória, ressaltando a importância da parceria entre Brasil e Alemanha na defesa da democracia e do multilateralismo. O presidente francês Emmanuel Macron conversou por telefone com Merz, focando na guerra na Ucrânia, enquanto o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky expressou esperança no apoio alemão para as negociações de paz. O novo cenário político alemão apresenta desafios significativos, não apenas internamente, mas também para o papel da Alemanha na União Europeia e no cenário internacional, especialmente considerando as mudanças geopolíticas em curso e a necessidade de uma liderança forte e clara no bloco europeu.

Perspectivas para o futuro político da Alemanha

O resultado das eleições parlamentares alemãs de 2025 marca um ponto de inflexão na política do país, com implicações que se estendem muito além de suas fronteiras. A ascensão da extrema-direita e o enfraquecimento dos partidos tradicionais de centro sinalizam uma nova era de desafios para a maior economia da Europa. Friedrich Merz e a CDU terão pela frente a difícil tarefa de formar um governo estável, capaz de enfrentar questões cruciais como a política de imigração, a recuperação econômica e o papel da Alemanha na União Europeia e na OTAN. O fortalecimento da AfD, mesmo que fora do governo, promete influenciar o debate político e pressionar por políticas mais conservadoras. A comunidade internacional observa atentamente como a Alemanha navegará por essas águas turbulentas, equilibrando suas responsabilidades como líder europeu com as crescentes demandas internas por mudanças. O futuro próximo revelará se o país conseguirá manter sua tradição de estabilidade política e liderança pragmática ou se caminhará para um novo capítulo de polarização e incertezas.