Desmatamento na Amazônia dispara 92% em maio de 2025

Desmatamento na Amazônia dispara e maio tem pior índice desde 2021.
Alta expressiva do desmatamento é registrada em todo o bioma.
O desmatamento na Amazônia atingiu um aumento alarmante em maio de 2025, chegando a 960 km² de floresta devastada, um crescimento de 92% em comparação ao mesmo mês do ano anterior, segundo dados oficiais do Ministério do Meio Ambiente divulgados na sexta-feira, 6 de junho. Este resultado se tornou o segundo pior da série histórica iniciada em 2016, ficando abaixo apenas do recorde de 2021. O levantamento foi realizado pelo sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que monitora em tempo real a supressão da floresta. Os estados que mais sofreram com a destruição foram Mato Grosso, Pará e Amazonas, evidenciando que as pressões ambientais continuam intensas na região. Especialistas apontam que as principais causas desse salto no desmatamento estão relacionadas a incêndios florestais agravados por condições climáticas extremas, somados à intensificação de atividades de corte raso e expansão agropecuária. O aumento preocupa autoridades, ambientalistas e cientistas, considerando que o Brasil assumiu compromissos nacionais e internacionais de reduzir drasticamente as taxas de desmatamento até 2030.
Historicamente, o desmatamento na Amazônia vem apresentando variações conforme políticas ambientais e pressões econômicas. Nos últimos dois anos, havia sido registrada uma trajetória de queda, reforçada por ações do governo federal e organismos internacionais para monitoramento e combate aos crimes ambientais. Entretanto, em 2025, a reversão desse cenário acende um alerta sobre a fragilidade das conquistas recentes. Os dados do Inpe mostram que, apenas em maio, o ritmo de devastação foi quase o dobro do observado em 2024, quando haviam sido desmatados 502 km². Mato Grosso continua liderando a lista dos estados mais impactados, seguido por Pará e Amazonas, regiões marcadas por intensa atividade do agronegócio e conflitos fundiários. Em paralelo, o Ministério do Meio Ambiente destacou que 51% do desmatamento no período teve como origem queimadas, enquanto 48% resultaram de corte raso e outros 1% foram causados por mineração ilegal, evidenciando múltiplas pressões sobre o bioma.
As consequências desse avanço no desmatamento na Amazônia são vastas e preocupantes para o equilíbrio ambiental, a economia regional e o cumprimento das metas climáticas globais. Em meio ao agravamento de secas prolongadas e elevação das temperaturas, a destruição de grandes porções de floresta contribui para o aumento das emissões de gases de efeito estufa e intensifica os efeitos das mudanças climáticas, colocando em risco a biodiversidade única do bioma e a vida de comunidades tradicionais. Ambientalistas e representantes de organizações internacionais alertam que a aprovação de legislações mais flexíveis para o licenciamento ambiental, como o Projeto de Lei 2.159/2021, pode ampliar ainda mais as ameaças e dificultar o controle efetivo do avanço do desmatamento. Pesquisadores também alertam para a possibilidade de colapso ecológico em algumas regiões, caso a tendência de alta não seja revertida rapidamente com políticas públicas mais rigorosas e fiscalização efetiva.
Com o cenário atual, cresce a preocupação de que o Brasil possa não cumprir suas metas de zerar o desmatamento ilegal até 2030, um compromisso firmado internacionalmente e fundamental para o combate à crise climática. O aumento recorrente das taxas em meses estratégicos reforça a necessidade de ações articuladas entre governo, sociedade civil e setor privado para barrar o avanço da devastação e recuperar áreas degradadas. O Ministério do Meio Ambiente reiterou, durante a divulgação dos dados, que novas medidas de fiscalização e monitoramento serão implementadas nos próximos meses, priorizando áreas de maior risco e pressionando pela responsabilização dos infratores. O futuro da Amazônia dependerá do engajamento coletivo e de decisões políticas que priorizem o equilíbrio entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental. Caso a tendência de crescimento do desmatamento persista, especialistas alertam para consequências irreversíveis no clima, na economia do país e na vida de milhões de pessoas que dependem diretamente dos recursos naturais da maior floresta tropical do planeta.
Perspectivas para o combate ao desmatamento na região
O panorama apresentado pelo desmatamento recorde em maio de 2025 evidencia a urgência de políticas públicas mais consistentes e integradas para enfrentar o desmatamento na Amazônia. Especialistas e representantes de órgãos ambientais apontam que, sem a ampliação de recursos para fiscalização, investimentos em tecnologia e o engajamento de diferentes esferas de governo, o combate à devastação continuará enfrentando obstáculos significativos. A articulação entre instituições federais, estaduais e municipais, aliada a parcerias com o setor privado e organizações da sociedade civil, é vista como essencial para fortalecer ações de monitoramento, repressão aos crimes ambientais e promoção de alternativas econômicas sustentáveis para as populações locais. Além disso, a inserção de políticas de incentivo à restauração florestal e à conservação podem desempenhar papel fundamental para reverter a tendência de alta nas taxas de desmatamento.
O governo federal sinalizou que novas operações integradas de combate ao desmatamento devem ser intensificadas, sobretudo em áreas apontadas como críticas pelos sistemas de alerta. O uso crescente de satélites e inteligência artificial para detecção em tempo real permite respostas mais rápidas e eficazes, mas depende da atuação conjunta entre órgãos de fiscalização e o poder Judiciário para garantir a responsabilização dos infratores e a recuperação das áreas degradadas. Além disso, o engajamento do setor produtivo é apontado como fator central para a promoção de cadeias de valor sustentáveis, evitando a expansão de atividades econômicas à custa do meio ambiente.
O futuro do bioma amazônico está diretamente condicionado ao grau de compromisso do país com a agenda ambiental e climática nos próximos anos. A reversão da alta do desmatamento será fundamental para assegurar a estabilidade dos regimes hídricos, a manutenção da biodiversidade e o cumprimento dos compromissos internacionais assumidos pelo Brasil. Decisões políticas e econômicas tomadas hoje terão efeitos de longo prazo, podendo conduzir à recuperação ou ao aprofundamento da crise ambiental. Nesse contexto, a colaboração internacional e o acesso a financiamentos para projetos de conservação ganham ainda mais relevância, especialmente diante do cenário de mudanças climáticas globais.
Em síntese, os dados de maio de 2025 soam como um alerta vermelho para a sociedade brasileira e internacional sobre o risco de retrocessos nos avanços ambientais conquistados nos últimos anos. O combate ao desmatamento na Amazônia exige esforço contínuo, transparência, engajamento coletivo e prioridades claras por parte dos gestores públicos. O caminho para a preservação passa necessariamente por decisões responsáveis e pela implementação efetiva de políticas que conciliem desenvolvimento econômico com proteção ambiental, garantindo o equilíbrio necessário para as atuais e futuras gerações. O compromisso com a Amazônia é também um compromisso com o futuro do planeta.
“`