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Desempenho em matemática no ensino médio volta ao nível de 2011

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Desempenho em matemática do ensino médio brasileiro retoma índices de 2011.

Queda acentuada no aprendizado de matemática preocupa especialistas.

Apenas 5,2% dos estudantes do 3º ano do ensino médio da rede pública no Brasil conseguiram apresentar desempenho considerado adequado em matemática em 2023, resultado que evidencia uma grave crise no ensino da disciplina. O dado, extraído do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e analisado pelo Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), foi divulgado nesta segunda-feira, 28 de abril, Dia Mundial da Educação. A pesquisa ressalta que o índice, embora levemente superior ao de 2021 (5%), ainda está abaixo do observado antes da pandemia, quando atingiu 6,9% em 2019. Na rede privada, a discrepância é clara: 30,5% dos alunos alcançaram o nível esperado, número seis vezes maior que na rede pública. O estudo faz parte do relatório “Aprendizagem na Educação Básica: situação brasileira no pós-pandemia”, divulgado pela ONG Todos Pela Educação, e aponta que o desempenho retornou a padrões observados em 2011, interrompendo uma trajetória de avanços modestos registrados na década passada. O resultado revela, de forma contundente, a extensão dos desafios enfrentados pelo ensino médio brasileiro na área de exatas, especialmente em um contexto de agravamento das desigualdades educacionais e sociais.

A retomada dos índices negativos em matemática não é apenas um reflexo da pandemia, mas também do acúmulo de desafios históricos enfrentados pela educação pública no Brasil. O Saeb serve como principal instrumento para medir a aprendizagem dos estudantes e orientar políticas públicas, evidenciando problemas estruturais no ensino de matemática, como defasagem no currículo, falta de formação continuada para professores e insuficiência de políticas de recuperação de aprendizagem. Além disso, o levantamento destaca desigualdades étnico-raciais preocupantes: somente 8% dos estudantes brancos atingiram o nível adequado, frente a apenas 3% dos alunos pretos. Especialistas ouvidos no estudo apontam que a perda de aprendizagem foi mais acentuada justamente entre os grupos mais vulneráveis, ampliando as distâncias sociais refletidas dentro das salas de aula. A precarização do ensino de matemática, agravada pelo fechamento prolongado das escolas durante a crise sanitária, faz com que milhares de jovens terminem a educação básica sem domínio mínimo da disciplina, afetando projetos de vida, acesso ao ensino superior e empregabilidade futura.

Desafios persistem e impactam gerações futuras

Os dados recentes expõem não apenas um problema momentâneo, mas uma ameaça à formação de toda uma geração. O relatório mostra que 69% das escolas estaduais de ensino médio ficaram nos menores níveis de desempenho em matemática, de acordo com a escala do Saeb, o que significa que quase sete em cada dez colégios estaduais não conseguem garantir compreensão de conteúdos básicos. Essa realidade desafia gestores públicos, já que a deficiência na aprendizagem da disciplina compromete o desenvolvimento de competências essenciais para a vida adulta e para o mercado de trabalho, como raciocínio lógico, resolução de problemas e pensamento crítico. Políticas de recuperação de aprendizagem, reforço escolar e capacitação docente são apontadas como caminhos urgentes para reverter o quadro alarmante. O aprofundamento das desigualdades sociais, refletido em resultados tão díspares entre redes pública e privada, também obriga o poder público a adotar ações integradas que envolvam a ampliação do tempo escolar, reforço pedagógico e o uso intensivo de avaliações diagnósticas, de modo a identificar lacunas e personalizar o ensino conforme as necessidades dos alunos. Analistas alertam que a estagnação ou retrocesso nessa área pode comprometer as metas do Plano Nacional de Educação e limitar o crescimento econômico e social do país nas próximas décadas.

Apesar do cenário adverso, iniciativas regionais e de organizações da sociedade civil têm buscado soluções locais para mitigar o impacto da baixa aprendizagem. Em algumas redes estaduais, programas de tutoria, monitoria em matemática e redes de apoio pedagógico vêm apresentando resultados promissores, ainda que em escala restrita. O engajamento das famílias, uso de tecnologias educacionais e valorização do magistério também são apontados como peças-chave para a reversão dessa tendência preocupante. O relatório reforça que as desigualdades raciais e socioeconômicas identificadas nos resultados do Saeb em matemática exigem ações afirmativas e políticas de equidade na educação pública, garantindo acesso pleno a oportunidades, infraestrutura adequada e materiais didáticos de qualidade. A mobilização nacional em torno da melhoria da aprendizagem matemática é fundamental para transformar o atual panorama, considerado pelos especialistas como insustentável a médio e longo prazo para o desenvolvimento do país.

Caminhos para reverter o déficit de aprendizagem em matemática

O desafio de recuperar o aprendizado em matemática passa por um esforço coletivo de toda a sociedade, envolvendo governos, escolas, professores e comunidades. Para romper o ciclo de baixas expectativas e resultados insatisfatórios, especialistas recomendam a modernização dos currículos, investimento massivo na formação inicial e continuada dos docentes e o fortalecimento das políticas de avaliação externa, como o Saeb, para acompanhamento contínuo do progresso dos alunos. A ampliação de programas de reforço e o atendimento individualizado para estudantes com defasagem também são apontados como medidas essenciais. Além das ações pedagógicas, é imprescindível enfrentar as desigualdades estruturais que impactam o acesso à educação de qualidade, sobretudo para alunos negros, indígenas e de regiões periféricas. A experiência internacional demonstra que políticas públicas integradas, associadas ao financiamento adequado e ao acompanhamento rigoroso de resultados, podem elevar significativamente o patamar de aprendizagem em países de realidades semelhantes à brasileira. O retorno a índices de 2011 serve como um alerta para a necessidade urgente de priorizar a educação como política central de Estado e de garantir que todos os estudantes desenvolvam competências essenciais para a cidadania plena e o futuro profissional. O caminho para avançar, segundo especialistas, está na adoção de estratégias baseadas em evidências, na colaboração entre diferentes esferas da administração pública e na valorização do papel do professor como agente principal da transformação educacional.

Em paralelo, a valorização do ensino de matemática deve vir acompanhada de iniciativas de engajamento dos estudantes, promovendo o protagonismo juvenil no processo de aprendizagem e aproximando os conteúdos matemáticos do cotidiano dos alunos. O incentivo à cultura de acompanhamento de resultados, com avaliações formativas frequentes e transparência dos dados educacionais, é outro aspecto ressaltado por estudiosos do tema. À medida que o debate público sobre a educação brasileira se intensifica, cresce a cobrança por políticas estruturantes que revertam o atual quadro e assegurem que o Brasil dê um salto de qualidade no ensino de matemática. O cenário atual, embora desafiador, pode representar uma oportunidade para a implementação de reformas profundas, capazes de transformar a realidade das próximas gerações e garantir um futuro mais inclusivo e próspero para o país.

Perspectivas para a educação matemática no Brasil

O baixo desempenho dos estudantes do ensino médio em matemática, revelado pelos estudos recentes, exige uma resposta imediata e articulada de todos os setores envolvidos na educação pública e privada. O retorno a índices tão baixos quanto os registrados há mais de uma década reforça a urgência da implementação de políticas eficazes, baseadas em diagnósticos precisos e monitoramento contínuo dos resultados. A superação desse cenário depende da disponibilidade de recursos, do comprometimento dos gestores e da mobilização social em torno da valorização do ensino de matemática. É imprescindível que as ações de curto prazo sejam acompanhadas de estratégias de longo prazo, priorizando a equidade e a qualidade do ensino, o fortalecimento das redes públicas e a criação de ambientes de aprendizagem que promovam o interesse dos alunos pela disciplina. O envolvimento ativo de toda a sociedade será decisivo para transformar o ciclo de resultados insatisfatórios e garantir que os jovens brasileiros tenham acesso ao conhecimento matemático essencial para o exercício da cidadania e a construção de um país mais justo e desenvolvido. A expectativa é que os próximos anos tragam avanços significativos, impulsionados por políticas públicas inovadoras e pelo compromisso coletivo com a melhoria dos indicadores educacionais em todo o Brasil.

Se o Brasil deseja melhorar sua posição nos rankings internacionais e cumprir as metas estabelecidas no Plano Nacional de Educação, será fundamental manter o tema central das avaliações de aprendizagem em matemática como prioridade máxima. O compromisso com a educação de qualidade deve ser renovado a cada ano, especialmente em datas simbólicas como o Dia Mundial da Educação, servindo de ponto de partida para a construção de um novo ciclo de avanços em todos os níveis da educação básica. Nos próximos ciclos avaliativos, o desafio estará em reverter as estatísticas negativas e transformar o ensino de matemática em um pilar do desenvolvimento nacional, promovendo oportunidades reais para todos os estudantes, independentemente de sua origem ou condição social.

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