Desaprovação de Lula atinge 51% e maioria vê economia como ruim

Governo Lula enfrenta queda de popularidade e pessimismo econômico.
Pesquisa aponta aumento da desaprovação e preocupação com economia.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta um cenário desafiador no início de 2025, com uma queda significativa em sua aprovação popular e crescente pessimismo em relação à situação econômica do país. Segundo a mais recente pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta segunda-feira (10), a desaprovação do governo atingiu 51%, superando pela primeira vez o índice de aprovação desde o início do mandato. O levantamento, realizado entre os dias 23 e 26 de janeiro, entrevistou 4.500 pessoas em todas as regiões do Brasil, revelando uma mudança expressiva na percepção da população sobre a administração federal. Além disso, a maioria dos entrevistados avalia negativamente a situação econômica do país, com 83% afirmando ter percebido um aumento nos preços dos alimentos no último mês.
A queda na popularidade do governo Lula é observada em diversos segmentos da sociedade. Mesmo no Nordeste, região tradicionalmente favorável ao presidente, houve uma redução significativa na avaliação positiva, caindo de 48% em dezembro para 37% em janeiro. O declínio na aprovação é generalizado, abrangendo diferentes faixas de renda, níveis de escolaridade, gêneros, idades e grupos religiosos. Entre os evangélicos, por exemplo, a desaprovação chegou a 59%, enquanto entre aqueles que ganham mais de cinco salários mínimos, o índice de reprovação atingiu o mesmo patamar. A pesquisa também revelou que a percepção negativa sobre a administração federal cresceu de 31% em dezembro para 37% em janeiro, superando a avaliação positiva, que caiu de 33% para 31% no mesmo período.
A crise envolvendo o Pix, sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central, parece ter sido um fator determinante para a queda na popularidade do governo. A polêmica surgiu após o anúncio de uma instrução normativa da Receita Federal que obrigava instituições financeiras a informar movimentações acima de R$ 5 mil para pessoas físicas e R$ 15 mil para empresas. A medida gerou uma onda de desinformação nas redes sociais, com boatos sobre a possibilidade de taxação do Pix, afetando principalmente trabalhadores informais e autônomos que dependem do sistema para suas atividades diárias. O governo foi criticado por não prever o impacto da medida e pela falha na comunicação inicial, o que contribuiu para ampliar a insatisfação popular. Além disso, a percepção sobre a gestão econômica permanece como um ponto crítico para a administração petista, com 48% dos entrevistados considerando que o país segue na direção errada, contra 42% que acreditam que o Brasil está no caminho certo.
O cenário atual apresenta desafios significativos para o governo Lula, que enfrenta a necessidade de recuperar a confiança da população e melhorar a percepção sobre sua gestão econômica. A combinação de fatores como o descontrole das contas públicas, os impactos na alta da inflação e a crise de confiança junto ao mercado financeiro tem pressionado a popularidade do presidente. Para reverter essa tendência, será fundamental que o governo adote medidas efetivas para controlar os preços, especialmente dos alimentos, e implemente políticas que estimulem o crescimento econômico e a geração de empregos. Além disso, uma estratégia de comunicação mais eficiente e transparente pode ajudar a esclarecer as ações governamentais e mitigar os efeitos negativos de crises como a do Pix. O desempenho do governo nos próximos meses será crucial para determinar se essa queda na aprovação é uma tendência consolidada ou um momento pontual de dificuldade que pode ser superado com ajustes na condução política e econômica do país.