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Deputados questionam estimativa de público em ato de Bolsonaro no Rio

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Parlamentares cobram explicações da PM por contagem de público em ato de Bolsonaro.

Deputados do PSOL questionam estimativa de 400 mil pessoas.

Dois deputados estaduais do PSOL na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) protocolaram um requerimento solicitando esclarecimentos à Polícia Militar do Rio sobre a estimativa de público divulgada após o ato realizado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro em Copacabana no último domingo. A corporação informou em suas redes sociais que cerca de 400 mil pessoas participaram da manifestação, quebrando uma tradição de não divulgar contagens oficiais de participantes em eventos públicos. Os parlamentares Yuri Moura e Renata Souza argumentam que a divulgação dessa informação pela PM é incomum e pode ter motivações políticas, uma vez que o governador Cláudio Castro, do mesmo partido de Bolsonaro, teria ordenado a quebra desse protocolo.

O questionamento dos deputados se baseia na falta de transparência sobre os métodos utilizados para realizar essa contagem e na ausência de um histórico de divulgações semelhantes em outros eventos de grande porte na cidade. Eles ressaltam que em manifestações anteriores, como as realizadas durante os protestos de 2013 ou em comícios eleitorais, a PM do Rio sempre se absteve de fornecer números oficiais, deixando essa tarefa para os organizadores dos eventos ou para estimativas da imprensa. A mudança repentina nessa prática levanta suspeitas sobre a possibilidade de uso da estrutura estatal para beneficiar politicamente o ex-presidente e seus aliados, em um momento em que Bolsonaro enfrenta diversas investigações e processos judiciais.

A polêmica em torno da contagem de público ganha ainda mais relevância quando se considera o contexto político atual. O ato em Copacabana foi organizado como uma demonstração de força política de Bolsonaro, que busca manter sua base de apoio mobilizada mesmo após deixar a presidência. A divulgação de um número expressivo de participantes pela PM do Rio contribui para a narrativa de que o ex-presidente ainda possui significativo apoio popular, o que pode influenciar debates políticos e até mesmo decisões judiciais em curso. Os deputados do PSOL argumentam que, se confirmada a ordem do governador para a divulgação desses números, isso poderia configurar uso indevido da máquina pública para fins político-partidários, prática vedada pela legislação brasileira. Além disso, questionam a precisão da contagem, uma vez que estimativas independentes e de veículos de imprensa apontaram para números consideravelmente menores de participantes no evento.

O episódio reacende discussões sobre a neutralidade das forças de segurança pública e a necessidade de maior transparência nas ações governamentais. Especialistas em segurança pública e cientistas políticos alertam para os riscos de politização das instituições policiais, o que poderia comprometer sua credibilidade e eficácia no cumprimento de suas funções constitucionais. A Alerj agora aguarda as explicações da PM do Rio, que deverá esclarecer os critérios utilizados para a contagem, bem como apresentar justificativas para a mudança no protocolo de divulgação de estimativas de público. O desfecho dessa questão poderá estabelecer precedentes importantes para a atuação das forças de segurança em eventos políticos futuros, além de potencialmente influenciar o debate sobre a separação entre as esferas política e administrativa no âmbito da segurança pública.

Chegaram a divulgar que a ordem de colocar a estimativa de 400 mil partiu do Palácio Guanabara, o que o governador nega.

“O governador Cláudio Castro nega qualquer tipo de interferência na divulgação da estimativa de público presente em Copacabana na manhã deste último domingo. O cálculo foi realizado pela Polícia Militar, que já fez esse tipo de divulgação em eventos anteriores”, disse a assessoria de Castro, em nota.

Impactos da controvérsia na cena política fluminense

A controvérsia em torno da estimativa de público no ato de Bolsonaro em Copacabana tem potencial para reverberar na cena política do Rio de Janeiro e até mesmo nacionalmente. O episódio coloca em evidência as relações entre o governo estadual e o bolsonarismo, podendo afetar alianças políticas e estratégias eleitorais futuras. Analistas políticos apontam que o esclarecimento dessa questão pela PM do Rio será fundamental para avaliar o grau de influência política sobre as instituições de segurança pública do estado, um tema sensível que frequentemente gera debates acalorados na sociedade brasileira.