Déficit fiscal foi muito maior que o divulgado, aponta economista

Análise revela discrepância significativa nas contas públicas.
Com aumento de atividades parafiscais e manobras que visam maquiar as contas públicas, déficit primário de 2024 foi ao menos 9 vezes maior do que o reportado, segundo Marcos Mendes.
Visto como uma ‘vitória’ para a ala fiscalista do governo, o déficit primário de 0,1% do PIB em 2024, cumpre com a meta fiscal de -0,25% e apresenta uma melhora ante as contas de 2023. No entanto, manobras e metodologias controversas demonstram que o número em fato, não demonstra a realidade do balanço do último ano.
É isto que, Marcos Mendes, pesquisador do Insper, afirma. Segundo ele, excluindo despesas que foram desconsideradas pela lei, como calamidades e queimadas, e removendo o pagamento antecipado de precatórios do Rio Grande do Sul, o déficit sobe para 0,3% do PIB.
Adicionalmente, confrontando despesas de 2024 pagas antecipadamente em 2023 e as devidas receitas postergadas, o número real apontado é de um déficit de 0,9%, nove vezes maior do que o celebrado.
As implicações desta revelação são vastas e multifacetadas. No cenário econômico interno, a confiança dos investidores e do mercado financeiro pode ser severamente abalada, potencialmente levando a um aumento nas taxas de juros e uma desvalorização da moeda nacional. Internacionalmente, a credibilidade do Brasil como destino de investimentos e parceiro comercial confiável pode ser questionada, afetando negociações e acordos em andamento. Além disso, a discrepância nos números levanta questões sobre a governança e a transparência na gestão das contas públicas, podendo resultar em pressões por maior fiscalização e controle por parte do Congresso e de órgãos de controle. O debate sobre a necessidade de reformas estruturais, especialmente na área fiscal, ganha novo fôlego, com vozes clamando por medidas mais drásticas para conter o avanço do déficit e estabilizar a economia.
Olhando para o futuro, as revelações de Marcos Mendes podem ter um impacto duradouro na formulação de políticas econômicas e na percepção pública sobre a saúde financeira do país. É provável que haja uma intensificação no escrutínio das contas públicas, tanto por parte da sociedade civil quanto por instituições financeiras e organismos internacionais. A necessidade de uma revisão profunda nos métodos de contabilidade pública e de uma maior transparência na divulgação de dados econômicos se torna evidente. Para o governo, o desafio será restaurar a confiança na sua capacidade de gerir as finanças públicas de maneira responsável e sustentável. Isso pode exigir não apenas uma reavaliação das políticas fiscais atuais, mas também a implementação de medidas mais rigorosas de controle de gastos e aumento de receitas. O debate sobre o equilíbrio entre austeridade fiscal e investimentos para o crescimento econômico certamente ganhará novos contornos à luz dessas revelações, moldando o cenário econômico e político do Brasil nos próximos anos.
Perspectivas e desafios para a economia brasileira
A revelação do déficit fiscal muito maior que o reportado oficialmente apresenta desafios significativos para a economia brasileira. Será crucial observar como o governo responderá a essas análises e quais medidas serão tomadas para abordar a situação fiscal real do país. A transparência e a precisão na divulgação de dados econômicos se tornarão temas centrais no debate público, enquanto economistas e políticos buscam soluções para estabilizar as contas públicas e retomar uma trajetória de crescimento sustentável.