Déficit das estatais atinge R$ 6,3 bilhões em 2024

Correios lideram rombo das empresas públicas.
O déficit das empresas estatais federais atingiu a marca de R$ 6,3 bilhões em 2024, com os Correios respondendo por metade desse valor. Segundo dados divulgados pelo Ministério da Gestão e Inovação, a estatal postal registrou um rombo de R$ 3,2 bilhões no ano passado, representando 50% do déficit total de 20 estatais federais. O resultado preocupa o governo, que busca alternativas para reverter o cenário negativo. A secretária de Coordenação e Governança das Empresas Estatais, Elisa Leonel, afirmou que o caso dos Correios demanda atenção especial e que o governo tem se debruçado para discutir medidas de sustentabilidade financeira.
O aumento significativo do déficit dos Correios é atribuído a uma série de fatores. A secretária Elisa Leonel explicou que a empresa deixou de investir, encerrou contratos e perdeu receita ao ser incluída no Plano Nacional de Desestatização durante o governo anterior. Essa situação resultou em uma deterioração da saúde financeira da estatal, que agora enfrenta desafios para se recuperar. O governo atual descarta a possibilidade de uma nova inclusão da empresa no programa de privatizações, bem como uma eventual quebra do monopólio postal no Brasil. Em vez disso, a estratégia é buscar a criação de receitas alternativas e novos negócios que possam trazer recursos adicionais para os Correios.
Além dos Correios, outras estatais também preocupam o governo federal. A Infraero, responsável pela administração de aeroportos, e a Casa da Moeda são exemplos de empresas que enfrentam dificuldades financeiras. O Ministério da Gestão e Inovação argumenta que o conceito de “déficit” não é o mais adequado para medir a saúde financeira das estatais, preferindo utilizar os indicadores de “lucro” ou “prejuízo”. Isso porque o déficit considera o investimento com recursos que já estavam em caixa, o que pode não refletir a real situação econômica da empresa. Em 2024, as estatais investiram R$ 5,25 bilhões, um aumento de 12,7% em relação ao ano anterior. No entanto, das 20 estatais analisadas, duas registraram déficit e prejuízo até o terceiro trimestre: Infraero e Correios.
O cenário deficitário das estatais tem impacto direto nas contas públicas e na economia do país. O Banco Central, que divulga estatísticas que incluem empresas federais, estaduais e municipais, informou que as contas das estatais chegaram ao fim de novembro com um déficit acumulado de R$ 6 bilhões em 2024. Apenas no mês de novembro, o resultado contábil foi negativo em R$ 1,6 bilhão. Esses números indicam que 2024 pode apresentar o pior resultado contábil das estatais na série histórica, que começou em 2009. Diante desse quadro, o governo federal enfrenta o desafio de equilibrar as contas das empresas públicas, buscando alternativas para aumentar a eficiência e a geração de receitas, sem recorrer à privatização ou à quebra de monopólios estratégicos.
Perspectivas para recuperação das estatais
O governo federal terá pela frente o desafio de implementar medidas efetivas para reverter o quadro deficitário das estatais, especialmente dos Correios. A busca por novas fontes de receita e a modernização dos serviços serão cruciais para garantir a sustentabilidade financeira dessas empresas a longo prazo, mantendo seu papel estratégico na economia nacional.