Crise dos ovos nos EUA provoca disparada de preços e escassez

Preço do ovo dispara nos EUA e produto vira alvo de ladrões.
Crise no setor avícola impacta consumidores.
O mercado de ovos nos Estados Unidos enfrenta uma crise sem precedentes, com preços atingindo patamares recordes e casos inusitados de roubos sendo registrados. Na Pensilvânia, um incidente chocante chamou a atenção das autoridades quando 100 mil ovos, avaliados em aproximadamente US$ 40 mil (cerca de R$ 230 mil), foram furtados de um trailer. Este episódio é apenas um reflexo da grave situação que assola o setor avícola americano desde 2022, quando um surto devastador de gripe aviária dizimou quase 123 milhões de aves, provocando uma escassez significativa no fornecimento de ovos e, consequentemente, uma escalada nos preços. Em dezembro de 2023, o preço médio de uma dúzia de ovos brancos grandes já havia alcançado US$ 4,10 (aproximadamente R$ 24), representando um aumento expressivo de 60% em relação ao ano anterior. A crise se intensificou ainda mais em 2025, com relatos de consumidores pagando até US$ 11,99 (cerca de R$ 70) por uma dúzia de ovos em algumas regiões do país.
A situação é particularmente crítica em estados como a Califórnia, onde regulamentações rigorosas sobre a criação de galinhas em gaiolas contribuem para elevar ainda mais os custos de produção. As previsões governamentais apontam para um cenário ainda mais desafiador, com uma projeção de aumento de 20% nos preços dos ovos ao longo de 2025. Este cenário tem impactado severamente os consumidores americanos, que já enfrentam uma inflação generalizada em diversos setores da economia. As redes sociais têm sido palco de inúmeros relatos de cidadãos atônitos diante dos preços exorbitantes encontrados nos supermercados, com muitos compartilhando imagens de prateleiras vazias na seção de ovos, reminiscentes da escassez de papel higiênico observada no início da pandemia de Covid-19 em 2020. A crise não se limita apenas ao varejo; estabelecimentos comerciais também sentem o peso do aumento nos custos. A rede de restaurantes Waffle House, por exemplo, anunciou recentemente a implementação de uma taxa adicional de 50 centavos de dólar por ovo em seus pratos, uma medida drástica para compensar a elevação nos gastos com o insumo.
O impacto da crise dos ovos vai além do aspecto econômico, provocando mudanças significativas nos hábitos alimentares e de consumo dos americanos. Muitas famílias estão buscando alternativas para substituir os ovos em suas dietas, recorrendo a opções vegetais ou simplesmente reduzindo o consumo deste alimento antes considerado básico e acessível. Esta adaptação forçada está levando a uma reflexão mais ampla sobre a segurança alimentar e a dependência de certos produtos na dieta americana. Restaurantes e estabelecimentos comerciais também estão se adaptando, com alguns optando por utilizar ovos líquidos como alternativa mais econômica. A crise também expôs vulnerabilidades na cadeia de suprimentos do setor avícola, levantando questões sobre a necessidade de diversificação na produção e distribuição de alimentos. Especialistas em economia e agricultura alertam para os riscos de longo prazo caso medidas efetivas não sejam tomadas para estabilizar o mercado. A situação tem chamado a atenção de legisladores e autoridades regulatórias, que começam a discutir possíveis intervenções para mitigar os efeitos da crise e prevenir futuros choques no setor.
As perspectivas para o futuro do mercado de ovos nos Estados Unidos permanecem incertas. Enquanto alguns analistas preveem uma eventual estabilização dos preços à medida que os produtores se recuperam do surto de gripe aviária, outros temem que os efeitos da crise possam se estender por um período mais prolongado. A situação atual serve como um alerta para a necessidade de maior resiliência no sistema alimentar americano, incentivando investimentos em tecnologias de produção mais sustentáveis e resistentes a doenças. Além disso, a crise dos ovos pode acelerar tendências já em curso, como o aumento no consumo de alternativas vegetais e a busca por fontes de proteína mais diversificadas. Para os consumidores, a adaptação a esta nova realidade pode significar uma reavaliação de hábitos alimentares arraigados e uma maior consciência sobre a origem e o custo real dos alimentos. À medida que o país navega por esta turbulência no setor avícola, fica evidente que as lições aprendidas durante esta crise terão implicações duradouras para produtores, consumidores e formuladores de políticas públicas, moldando o futuro da indústria alimentícia americana nos próximos anos.
Impactos e desafios para o futuro do setor avícola
A crise dos ovos nos Estados Unidos representa um ponto de inflexão para o setor avícola e para a indústria alimentícia como um todo. As lições aprendidas durante este período de turbulência serão cruciais para moldar políticas futuras e estratégias de produção mais resilientes. É provável que vejamos um aumento nos investimentos em pesquisa e desenvolvimento de métodos de criação de aves mais resistentes a doenças, bem como uma diversificação das fontes de proteína na dieta americana. A situação também pode catalisar mudanças nas regulamentações do setor, visando um equilíbrio entre bem-estar animal, sustentabilidade e acessibilidade dos produtos. Para os consumidores, esta crise pode marcar o início de uma nova era de consciência alimentar, com maior valorização da produção local e sustentável. Enquanto o mercado se ajusta, é fundamental que todas as partes envolvidas – produtores, varejistas, consumidores e legisladores – trabalhem em conjunto para construir um sistema alimentar mais robusto e preparado para enfrentar desafios futuros.