Ciro Gomes volta atrás e admite possibilidade de candidatura em 2026

Ciro Gomes reúne condições para ser candidato a presidente em 2026, diz Cid.
PDT vive racha interno enquanto ex-governador sinaliza retorno ao cenário eleitoral.
O ex-governador Ciro Gomes (PDT) sinalizou recentemente que pode reavaliar sua decisão anunciada em 2022 de não concorrer mais a cargos eletivos, abrindo a possibilidade para uma nova candidatura nas eleições de 2026. Em conversas reveladas à CNN Brasil, Ciro afirmou que, atualmente, “não é candidato a nada”, mas admitiu que pode “ser tudo” no futuro, demonstrando uma mudança significativa em relação à sua postura anterior quando, frustrado com o resultado das eleições presidenciais de 2022 – onde obteve apenas 3% dos votos válidos e ficou em quarto lugar – havia declarado categoricamente que colocaria “a viola no saco”. Esta possível reviravolta ocorre em um momento particularmente turbulento para o PDT, que recentemente anunciou, através de sua bancada na Câmara dos Deputados, a saída da base aliada do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em protesto pela forma como Carlos Lupi foi desligado do Ministério da Previdência, episódio que foi considerado desrespeitoso pela sigla e que acabou funcionando como catalisador para reacender as ambições políticas de Ciro.
Nos bastidores da política brasileira, Ciro Gomes tem intensificado suas críticas à polarização entre Lula e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), defendendo que o PDT apoie um projeto alternativo de país para as próximas eleições. O partido, que ainda não definiu oficialmente sua posição política para a campanha presidencial do próximo ano, deve tomar uma decisão apenas no início de 2026, conforme afirmou André Figueiredo, presidente nacional do PDT, à CNN Brasil. Entretanto, o desempenho de Ciro na última pesquisa Datafolha tem animado dirigentes da legenda, especialmente em um cenário hipotético sem Lula e Bolsonaro, onde o pedetista lidera as intenções de voto à frente de Fernando Haddad (PT) e Tarcísio de Freitas (Republicanos). Mesmo nos cenários que incluem o atual presidente, Ciro aparece em terceiro lugar, o que, na avaliação interna do partido, demonstra seu potencial como alternativa viável à polarização que domina a política nacional desde 2018. Aliados próximos que estiveram recentemente com o ex-ministro relatam que ele tem sinalizado intenção de retomar protagonismo político, embora ressaltem que Ciro saiu bastante magoado da última eleição e só toparia voltar a concorrer se tivesse apoio firme e unificado dentro do próprio partido.
A recente aproximação de Ciro com setores da direita cearense tem chamado atenção de analistas políticos, sinalizando possíveis rearranjos no tabuleiro eleitoral para 2026. Segundo informações veiculadas pelo portal MyNews, o pedetista estaria preparando terreno para disputar as eleições do próximo ano, movimentando-se em direção à oposição no Ceará e se aproximando de partidos como o PL e o União Brasil. Estes movimentos ocorrem em meio a um racha com seu irmão, Cid Gomes, e indicam que Ciro pode estar considerando tanto uma candidatura ao governo estadual quanto uma nova tentativa ao Palácio do Planalto. A questão da Previdência, tema no qual acumula experiência e que ganhou destaque com a saída de Lupi do ministério, poderia servir como combustível para reacender seu nome no cenário nacional. Entretanto, pesquisas recentes mostram desafios consideráveis: levantamento realizado no Ceará entre 14 e 18 de maio com 2.000 entrevistados e margem de erro de 2,2 pontos percentuais indicou que, em cenários para as eleições de 2026, o presidente Lula supera tanto Bolsonaro quanto o próprio Ciro em seu estado natal, o que demonstra que, mesmo em seu reduto eleitoral, o pedetista encontraria dificuldades para consolidar uma candidatura competitiva.
O contexto político para 2026 apresenta elementos que podem favorecer uma candidatura de Ciro Gomes, principalmente considerando a provável ausência de Jair Bolsonaro nas urnas devido à sua inelegibilidade. Este cenário abre espaço para uma reconfiguração das forças políticas, com nomes como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, despontando como potencial candidato da direita. Analistas apontam que o desafio para o campo conservador será manter a unidade sem Bolsonaro como candidato, o que poderia abrir espaço para uma “terceira via” – papel que Ciro tem tentado ocupar nas últimas eleições. O deputado Pedro Lupion (PP-PR), presidente da bancada ruralista no Congresso, destacou que “a direita não deveria lançar mais de um nome”, indicando que haverá um esforço para concentrar apoios em uma única candidatura. Para Ciro, esta fragmentação do campo conservador poderia representar uma oportunidade, mas ele precisaria superar a desconfiança de parte do eleitorado e as fraturas internas do PDT. Ainda é cedo para afirmações definitivas, mas o que se percebe é que, apesar das declarações anteriores de afastamento da política eleitoral, Ciro Gomes parece estar se reposicionando para voltar ao jogo em 2026, seja como candidato ao governo do Ceará ou, novamente, como aspirante ao Palácio do Planalto, demonstrando que, na política brasileira, raramente uma decisão é verdadeiramente definitiva.
Em meio a conflito familiar, Cid apoia Ciro como candidato à Presidência em 2026
O senador Cid Gomes (PSB-CE) defendeu nas redes sociais que seu irmão, Ciro Gomes (PDT-CE), tem todas as condições para concorrer à Presidência em 2026, como fez em 1998, 2018 e 2022. Apesar do apoio, os irmãos romperam em 2022, quando Ciro criticou Lula (PT) e Bolsonaro (PL), apoiando Roberto Cláudio (PDT) para o governo do Ceará, enquanto Cid manteve a aliança com o PT, que elegeu Elmano de Freitas.
A divisão se aprofundou em 2024, com Ciro se aproximando do bolsonarista André Fernandes (PL), derrotado por Evandro Leitão (PT), aliado de Cid, na disputa pela prefeitura de Fortaleza. Recentemente, Ciro chamou Cid de “cúmplice da tragédia” no Ceará e se reuniu com Alcides Fernandes (PL) para formar uma chapa de oposição em 2026, sinalizando deixar o PDT. Cid, por sua vez, descarta reeleição ao Senado e não inclui Ciro entre seus aliados para ocupar a vaga.
As chances reais de Ciro na disputa presidencial
Embora a movimentação de Ciro Gomes tenha animado setores do PDT, o cenário eleitoral para 2026 ainda é incerto e dependerá de fatores como a consolidação de alianças, o desempenho do governo Lula nos próximos meses e a capacidade de articulação política do próprio Ciro. O racha do PDT com o governo federal, apesar de não ser unanimidade dentro do partido – como demonstra a decisão dos senadores pedetistas de permanecerem alinhados com Lula -, pode representar o início de um reposicionamento estratégico visando criar espaço para uma candidatura própria. No entanto, para se viabilizar como alternativa real à polarização, Ciro precisará superar suas próprias limitações demonstradas nas eleições anteriores e construir pontes com setores políticos diversos, tarefa que tem se mostrado desafiadora para o político conhecido por seu estilo combativo e por vezes intransigente.