Cinco anos após a covid-19, as gerações mais jovens ainda sofrem as consequências

Impacto na Educação e Desenvolvimento.
A pandemia de covid-19 teve um impacto devastador no desenvolvimento de milhões de crianças e jovens, especialmente em países de baixa e média renda. De acordo com um relatório do Banco Mundial, a combinação de ensino remoto ineficiente, fechamento de locais de trabalho e insegurança alimentar comprometeu significativamente o capital humano, definido como conhecimento, competências e saúde acumulada ao longo da vida. As crianças de até 5 anos sofreram uma deficiência de conhecimento que pode se traduzir em uma queda de 25% nos ganhos na vida adulta, enquanto as crianças em idade escolar podem perder até 10% dos rendimentos futuros devido aos choques na educação provocados pela pandemia.
Os índices de aprendizagem estão longe de se recuperar em relação ao período pré-pandemia. As crianças em idade pré-escolar tiveram desempenho 34% pior em linguagem e alfabetização e 29% em matemática na comparação com 2019. Além disso, as matrículas em diversos países estavam mais de 10 pontos percentuais abaixo do observado antes da pandemia no fim de 2021. Isso resultou em quase 1 bilhão de crianças perdendo pelo menos um ano de ensino presencial e mais de 700 milhões perdendo pelo menos um ano e meio.
Consequências no Mercado de Trabalho e Bem-Estar
A pandemia também teve um impacto significativo no mercado de trabalho para os jovens. No final de 2021, o nível absoluto de emprego jovem recuperou-se em relação a antes da pandemia, mas a recuperação não foi suficiente para incorporar quem acabou de entrar no mercado de trabalho. Cerca de 40 milhões de pessoas que teriam emprego não fosse a pandemia estavam desempregadas. Os rendimentos dos jovens caíram 15% em 2020 e 12% em 2021, e estima-se que o impacto do desemprego ou de empregos mal remunerados pode perdurar por até 10 anos.
No Brasil, o número de jovens da categoria “nem-nem”, que não estudavam nem trabalhavam, subiu significativamente e atingiu 22% no último trimestre de 2021. Essas tendências são particularmente preocupantes, considerando que as pessoas com menos de 25 anos hoje, que foram as mais afetadas pela deterioração do capital humano, representarão mais de 90% da força de trabalho ativa em 2050.
Perspectivas Futuras e Necessidade de Intervenção
O relatório do Banco Mundial destaca a necessidade urgente de intervenção para reverter os impactos da pandemia sobre as gerações mais jovens. Investir no futuro desses indivíduos deve ser a prioridade mais alta para os governos, a fim de proteger e promover o bem-estar e o crescimento econômico a longo prazo. Caso contrário, essas coortes representarão não apenas uma, mas várias gerações perdidas.
A colaboração estreita entre o Banco Mundial e os governos é crucial para implementar políticas eficazes de educação e emprego, garantindo que as perdas cognitivas e econômicas sejam minimizadas. A recuperação dessas gerações depende de ações concertadas e investimentos significativos em educação, saúde e oportunidades de emprego, assegurando um futuro mais promissor para as gerações afetadas pela pandemia.