Portal Rádio London

Seu portal de músicas e notícias

Cientistas avançam em pesquisas com medicamentos para reverter o envelhecimento

Compartilhar:

Cientistas progridem em estudos de medicamentos para reverter o envelhecimento.

Estudos com ratos mostram resultados promissores.

Pesquisadores chineses conseguiram reverter o envelhecimento em ratos e aumentar sua expectativa de vida em até quatro meses, equivalente a vários anos na escala humana. O estudo, publicado em janeiro de 2025, utilizou uma molécula específica chamada miR-302b, um microRNA que desempenha papel vital na regulação genética. Os cientistas do Instituto de Biofísica da Academia Chinesa de Ciências em Pequim conduziram testes com camundongos de idade avançada, entre 20 e 25 meses, o que corresponde aproximadamente a humanos de 60 a 70 anos. Os animais foram divididos em três grupos experimentais: um recebeu exossomos humanos normais, outro foi tratado com exossomos contendo miR-302b, e o terceiro grupo serviu como controle, recebendo apenas solução salina. Os experimentos, realizados ao longo de dois anos, mostraram não apenas aumento na longevidade dos roedores, mas também melhorias significativas em sua capacidade física e cognitiva, com recuperação de pelos que haviam se tornado ralos, ganho de peso saudável e melhor desempenho em testes de equilíbrio, como permanecer por mais tempo sobre uma haste giratória. O biofísico Guangju Ji, autor principal do estudo, afirmou que “esses resultados demonstram coletivamente que o tratamento com miR-302b não apenas estendeu a vida útil dos camundongos, mas também melhorou significativamente suas funções físicas e cognitivas, ao mesmo tempo em que reduziu os marcadores de envelhecimento”.

O campo da pesquisa antienvelhecimento tem avançado rapidamente nos últimos anos, com diversas abordagens sendo exploradas simultaneamente por cientistas em todo o mundo. A descoberta chinesa representa um marco importante nesta área, pois trabalha com um mecanismo molecular específico capaz de promover a regeneração celular e combater processos degenerativos associados ao envelhecimento. Os microRNAs, como o miR-302b utilizado no estudo, são pequenos fragmentos de RNA não codificado que atuam na regulação da expressão gênica, podendo ativar ou desativar determinados genes. No caso específico desta pesquisa, os cientistas utilizaram células-tronco embrionárias humanas cultivadas em ambiente controlado para obter os exossomos, pequenas vesículas que transportam material genético e proteínas entre células. O potencial terapêutico desses microRNAs já havia sido observado em estudos anteriores, mas esta é a primeira vez que resultados tão expressivos são documentados em organismos vivos complexos. Paralelamente a esta pesquisa chinesa, empresas como a Retro Biosciences, financiada pelo CEO da OpenAI, Sam Altman, também têm investido pesadamente no desenvolvimento de terapias antienvelhecimento. A Retro Biosciences planeja levantar US$ 1 bilhão para iniciar os testes de seus medicamentos ainda em 2025, com o objetivo ambicioso de aumentar a expectativa de vida humana em dez anos. A startup já conta com um aporte inicial de US$ 180 milhões da OpenAI e deve participar de uma rodada de investimentos série A. O diferencial da abordagem da Retro Biosciences está no uso de modelos de inteligência artificial desenvolvidos pela OpenAI para auxiliar na criação e testes de novos medicamentos, acelerando significativamente o processo de desenvolvimento.

Outra frente promissora neste campo é representada pela Rubedo Life Sciences, empresa biofarmacêutica californiana que recentemente anunciou ter recebido US$ 40 milhões em investimentos para iniciar testes em humanos do medicamento RLS-1469. Diferentemente da abordagem baseada em microRNAs, o medicamento da Rubedo tem como alvo as células senescentes, que são células que envelhecem e param de se dividir, mas não morrem completamente. Estas células permanecem no organismo e liberam substâncias químicas inflamatórias que contribuem para o processo de envelhecimento e para o desenvolvimento de diversas doenças degenerativas. Na primeira fase dos testes em humanos, a Rubedo planeja avaliar a eficácia do RLS-1469 no tratamento de doenças inflamatórias de pele sem cura, como dermatite atópica crônica e psoríase crônica, condições frequentemente associadas ao acúmulo de células senescentes. Dados pré-clínicos já demonstraram que o remédio é eficiente em reduzir essas células na pele, proporcionando alívio duradouro aos pacientes. A empresa de capital de risco Khosla Ventures, uma das investidoras no projeto, acredita que o medicamento é especialmente importante porque, conforme as pessoas vivem mais, “melhorar a qualidade de vida é fundamental”. Alice Newcombe Ellis, fundadora da Ahren Innovation Capital, outra empresa investidora, declarou que “a abordagem transformadora de Rubedo para atingir as células senescentes é um passo impressionante em direção ao desenvolvimento de terapias crônicas relacionadas com a idade, que irão avançar a biotecnologia desde o tratamento até à prevenção ou reversão de doenças”. Em um estudo científico separado, pesquisadores conseguiram aumentar a esperança de vida de animais de laboratório em quase 25% utilizando um medicamento experimental, resultado que os cientistas esperam que também possa ser aplicável a humanos.

Apesar dos avanços promissores, os pesquisadores envolvidos nestes estudos ressaltam que ainda há um longo caminho a percorrer antes que essas terapias antienvelhecimento possam ser disponibilizadas para uso humano em larga escala. No caso da pesquisa chinesa com miR-302b, os cientistas afirmam que o resultado do estudo é apenas o início do que pode ser o futuro desenvolvimento de uma medicação para retardar o envelhecimento e oferecer melhor qualidade de vida. Para confirmar se os efeitos observados em ratos podem ser replicados em humanos, serão necessárias várias outras fases de pesquisa, incluindo testes clínicos rigorosos que avaliem não apenas a eficácia, mas também a segurança desses tratamentos. A Retro Biosciences planeja testar três medicamentos diferentes: uma pílula que restaura o processo celular de reciclagem (relacionado a doenças como Alzheimer), um tratamento focado na substituição de células cerebrais, e um terceiro que busca renovar células-tronco do sangue por versões mais jovens. Já a Rubedo Life Sciences concentra seus esforços iniciais em condições específicas relacionadas à pele, com potencial para expandir para outras aplicações no futuro. O crescente interesse de investidores neste campo reflete não apenas o potencial econômico destas terapias, mas também seu impacto social, considerando o envelhecimento populacional global. Especialistas acreditam que, mesmo que essas terapias não consigam “reverter” completamente o envelhecimento, avanços que permitam envelhecer com mais saúde já representariam uma revolução na medicina moderna, reduzindo significativamente a carga de doenças crônicas associadas à idade avançada e melhorando a qualidade de vida da população idosa.

Futuro da medicina antienvelhecimento

À medida que estas pesquisas avançam, cientistas e investidores mostram-se cada vez mais otimistas quanto ao potencial de desenvolvimento de terapias eficazes contra o envelhecimento nos próximos anos. A combinação de abordagens diversas, desde intervenções moleculares específicas até aplicações de inteligência artificial no desenvolvimento de medicamentos, promete acelerar descobertas neste campo. Embora ainda existam desafios significativos a superar, incluindo questões regulatórias e éticas, o progresso científico recente sugere que estamos mais próximos do que nunca de compreender e potencialmente modificar os mecanismos fundamentais do envelhecimento humano.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *