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China critica guerra comercial dos EUA e aciona ONU: “É uma ameaça ao bem-estar de todo o mundo”

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China denuncia tarifas dos EUA e alerta para ameaça ao bem-estar global.

China leva escalada comercial aos holofotes da ONU.

A guerra comercial entre China e Estados Unidos atingiu um novo patamar nesta semana, quando o governo chinês anunciou oficialmente a convocação de uma reunião informal no Conselho de Segurança da ONU. O objetivo da iniciativa, marcada para 23 de abril, é denunciar o uso de tarifas norte-americanas como método de intimidação e pressão econômica internacional. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, destacou durante coletiva em Pequim que as recentes sobretaxas impostas pelos EUA, que chegam a 245% sobre bens chineses, representam não só um ataque direto ao comércio bilateral, mas também uma violação das regras internacionais e uma ameaça ao bem-estar de países em desenvolvimento e à economia global. Segundo Lin, tais medidas desconsideram o equilíbrio buscado em negociações multilaterais e lançam incertezas profundas sobre os alicerces do comércio internacional. A resposta de Pequim incluiu o convite a todos os 193 Estados-membros para participarem do debate na ONU, reforçando o argumento de que as ações norte-americanas ameaçam a paz, o desenvolvimento sustentável e o próprio funcionamento do sistema multilateral.

O pano de fundo do embate sino-americano remonta às disputas comerciais iniciadas ainda na última década, mas ganha novo fôlego com a recente onda de tarifas promovida pelo governo Trump. De acordo com autoridades chinesas, o cenário atual caracteriza-se por uma escalada do unilateralismo, na qual Washington utiliza barreiras tarifárias não apenas como ferramenta econômica, mas como elemento de pressão geopolítica. O documento encaminhado pela China à ONU critica abertamente o que classifica como “atos de intimidação”, ressaltando que a política de tarifas dos EUA tem provocado choques significativos nos mercados, ameaçando a estabilidade financeira e os fluxos comerciais globais. Além disso, a postura dos Estados Unidos, de buscar legitimar essas tarifas sob o argumento de reciprocidade e justiça, é vista por Pequim como subterfúgio para justificar estratégias protecionistas e enfraquecer instituições multilaterais como a OMC. Nesse contexto, a mobilização chinesa busca não apenas resistir às pressões americanas, mas também liderar o esforço internacional por regras mais equitativas e diálogo aberto sobre o futuro do comércio mundial.

Os desdobramentos da crise já preocupam organizações internacionais e diversos governos. Estudo da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) prevê desaceleração do crescimento global para 2,3% em 2025, com riscos ampliados de fragmentação econômica entre grandes blocos. A Organização Mundial do Comércio (OMC) aponta que, se mantido o atual impasse entre EUA e China, o comércio bilateral pode encolher drasticamente, refletindo-se em quedas de até 7% do PIB mundial ao longo dos próximos anos, além de retração ainda mais acentuada para economias dependentes de exportação. O cenário começa a afetar também empresas globais, especialmente dos setores de tecnologia e manufatura, que já reportam perdas em bolsas internacionais diante da escalada tarifária e das restrições cruzadas. Países do Sul Global, segundo o grupo de Amigos em Defesa da Carta da ONU, liderado por China, Rússia, Irã, Venezuela e Laos, apoiam o protesto chinês e alertam para o efeito dominó das medidas protecionistas, que podem comprometer o desenvolvimento sustentável e agravar desigualdades já existentes no sistema comercial internacional.

Diante deste quadro, a reunião do Conselho de Segurança da ONU convocada pela China é vista como um divisor de águas para o debate sobre o futuro do multilateralismo e do comércio global. Enquanto os Estados Unidos defendem a manutenção das tarifas como instrumento legítimo de defesa econômica e alegam que geram empregos domésticos, a China alerta para o risco de formação de blocos comerciais rivais e para a ameaça de um ciclo recessivo mundial. Especialistas avaliam que o encontro tornará explícita a polarização nas relações internacionais e poderá servir como base para novas rodadas de negociações, emergenciais ou não, dentro da OMC e outras instituições multilaterais. Para Pequim, a mobilização internacional é essencial para reafirmar os princípios da Carta das Nações Unidas, garantir a estabilidade dos mercados e preservar o direito ao desenvolvimento de todos os países, especialmente os mais vulneráveis ao avanço do unilateralismo. O desfecho desse confronto ainda é incerto, mas o consenso entre analistas e líderes globais é que soluções efetivas passam necessariamente pelo reforço do diálogo e da cooperação internacional.

Diplomacia global sob pressão amplia debate sobre comércio multilateral

O embate entre China e Estados Unidos no âmbito da guerra comercial coloca em xeque o modelo de cooperação que sustentou a expansão do comércio internacional nas últimas décadas. A tensão crescente obriga instituições multilaterais, como a OMC e a própria ONU, a reavaliarem sua capacidade de mediar disputas e construir consensos diante da intensificação das rivalidades estratégicas. Para a diretora-geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala, permitir que as grandes potências fragmentem a economia mundial em blocos isolados pode ter impacto sem precedentes, reduzindo a capacidade dos países mais pobres de acessar mercados e comprometendo as bases do desenvolvimento sustentável para todos. O debate no Conselho de Segurança poderá fortalecer o movimento de países que buscam resistir ao avanço do protecionismo e defender uma ordem comercial baseada em regras coletivas.

Em meio a um cenário econômico global marcado por incertezas, a postura da China em levar a guerra comercial para a arena diplomática internacional sinaliza uma mudança de estratégia, priorizando o consenso e a pressão política como meios de obter apoio e isolar adversários. Ao mesmo tempo, cresce a preocupação em outros mercados com os efeitos colaterais de uma possível dissociação entre as duas maiores economias do mundo: o redirecionamento de fluxos comerciais, o aumento de custos logísticos e a maior volatilidade nos preços de commodities e produtos industriais. Essa conjuntura cria oportunidades para alguns atores emergentes, mas também exige respostas coordenadas para evitar o agravamento da instabilidade global.

O futuro do comércio internacional passa agora, inevitavelmente, pela capacidade dos países de restabelecerem pontes, adaptarem-se a um ambiente de competição crescente e fortalecerem mecanismos de resolução de conflitos. A resposta das Nações Unidas ao apelo chinês será decisiva para determinar se o sistema multilateral conseguirá sobreviver à atual onda de unilateralismo e proteger o interesse coletivo. A expectativa é que, após o debate, haja maior clareza sobre possíveis caminhos para a redução de tensões, revisão de tarifas abusivas e fortalecimento do comércio livre e justo. O desafio, segundo diplomatas, será equilibrar interesses divergentes e evitar que rivalidades políticas impeçam avanços necessários ao progresso econômico mundial.

O desfecho da disputa entre China e Estados Unidos pode redefinir os rumos das relações internacionais e servir de modelo – ou alerta – para futuras crises comerciais envolvendo grandes economias. A defesa do multilateralismo, o respeito às normas internacionais e o compromisso com o desenvolvimento sustentável aparecem como elementos-chave para minimizar riscos e restaurar a confiança global. Se a ONU e demais instituições conseguirem catalisar o diálogo e fomentar novas bases para o entendimento, as chances de uma solução negociada aumentam. Caso contrário, a fragmentação e o aumento do protecionismo podem se tornar tendências dominantes, com consequências negativas para o bem-estar de todo o planeta.