Cesta básica encarece 14,2% em 2024 e pressiona orçamento familiar

Itens essenciais registram alta expressiva.
Entre os itens que compõem a cesta básica, o café torrado se destacou como o produto que registrou o maior aumento nos últimos 12 meses, com uma expressiva alta de 39,6%. Logo em seguida, o óleo de soja apresentou um incremento de 29,22%, enquanto o leite longa vida subiu 18,83% e o arroz 8,24%. Estes dados evidenciam uma pressão inflacionária mais acentuada no grupo de alimentos básicos, essenciais para a dieta da população brasileira. A Associação Brasileira de Supermercados aponta que esta tendência de alta deve persistir, estimando que entre dezembro e janeiro, a cesta básica possa registrar um novo aumento de 1,1%. Além disso, o grupo de proteínas de origem animal também sofreu elevações significativas, refletindo os efeitos da defasagem cambial, o aumento das exportações e a alta demanda no mercado interno. Neste cenário, a carne bovina foi particularmente afetada, com um aumento de 22,65% em 2024, seguida pelo pernil suíno com alta de 20,5% em 12 meses e o frango congelado com 8,26% de incremento.
O impacto deste cenário inflacionário nos alimentos básicos se estende para além do orçamento doméstico, afetando diversos setores da economia. Marcio Milan, presidente da Abras, destaca que o aumento no dólar será um fator determinante que deve influenciar o consumo ao longo de 2025. Ele ressalta que a indústria já sinalizou a intenção de realizar repasses, principalmente as empresas que possuem insumos cotados em dólar. Adicionalmente, a taxa Selic também é apontada como um elemento crucial, uma vez que impacta diretamente o crédito, podendo causar uma queda no consumo e levando os consumidores a priorizarem itens essenciais ou produtos em promoção. Este cenário complexo exige uma análise cuidadosa das políticas econômicas e sociais, buscando estratégias que possam mitigar o impacto da inflação alimentar sobre as famílias brasileiras, especialmente as de baixa renda. É importante ressaltar que, apesar da alta nos preços, o consumo dos lares cresceu 2,5% em 2024, impulsionado pelo aumento na empregabilidade, incremento real da renda e a injeção de recursos como o 13º salário e programas sociais como o Bolsa Família.
Olhando para o futuro, especialistas apontam para a necessidade de medidas que possam conter a escalada dos preços dos alimentos básicos, garantindo a segurança alimentar da população. Entre as possíveis ações, destacam-se políticas de incentivo à produção agrícola, melhorias na cadeia de distribuição e armazenamento de alimentos, além de programas de apoio direcionados às famílias mais vulneráveis. A continuidade do monitoramento dos preços e a implementação de estratégias de longo prazo para o fortalecimento do setor agrícola são consideradas fundamentais para a estabilização do custo da cesta básica. Ademais, o estímulo à diversificação da dieta e o incentivo ao consumo de alimentos sazonais podem contribuir para reduzir a pressão sobre determinados itens da cesta básica. É essencial que governo, setor privado e sociedade civil trabalhem em conjunto para encontrar soluções sustentáveis que garantam o acesso a alimentos de qualidade a preços acessíveis para todos os brasileiros, promovendo assim a segurança alimentar e nutricional como pilares do desenvolvimento socioeconômico do país.