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Centro-direita vence eleições em Portugal com Montenegro mantido no cargo de primeiro-ministro

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Centro-direita vence eleições em Portugal; direita conservadora cresce e esquerda sofre perdas históricas.

Aliança Democrática conquista maior número de cadeiras mas não obtém maioria absoluta.

A coligação de centro-direita Aliança Democrática (AD) venceu as eleições legislativas em Portugal no último domingo, 18 de maio de 2025, garantindo a recondução do primeiro-ministro Luís Montenegro ao cargo. Com mais de 99% dos votos apurados, a coalizão conquistou 32,72% dos votos, o que representa 98 das 230 cadeiras do Parlamento português. O resultado, embora expressivo, não foi suficiente para garantir maioria absoluta ao grupo político liderado pelo Partido Social Democrata (PSD) e pelo CDS-PP. Em segundo lugar ficou o Partido Socialista, de centro-esquerda, com 23,38% dos votos, seguido de perto pelo partido de extrema-direita Chega, que obteve 22,56%. A disputa acirrada entre os dois resultou em um empate no número de representantes, com 58 cadeiras para cada um. Este cenário representa uma derrota histórica para o Partido Socialista, que perdeu 20 assentos em relação à composição anterior, e um crescimento significativo da extrema-direita no país, que aumentou sua representação no parlamento.

Esta é a terceira eleição geral realizada em Portugal nos últimos três anos, evidenciando o período de instabilidade política que o país atravessa. A votação antecipada ocorreu após a dissolução do parlamento determinada pelo presidente Marcelo Rebelo de Sousa, que manifestou falta de confiança no governo de Montenegro. O primeiro-ministro enfrentou uma crise política em março deste ano quando se viu envolvido em um escândalo relacionado a uma empresa de consultoria de propriedade de sua família, o que gerou acusações de conflito de interesse e culminou com sua renúncia temporária. Apesar das turbulências, o resultado das urnas demonstrou que o eleitorado português optou por manter a continuidade da gestão de centro-direita, ainda que sem dar-lhe poderes amplos. A frustração pública com os principais partidos de Portugal tem gerado um cenário político cada vez mais fragmentado, dificultando os esforços de união em torno de políticas para questões nacionais urgentes, como imigração, moradia e custo de vida. O aumento expressivo do apoio ao partido populista de extrema direita Chega, com seu foco em conter a imigração e combater a corrupção, adicionou ainda mais incerteza ao clima político português.

O crescimento expressivo do Chega, partido fundado há apenas seis anos por André Ventura, representa uma mudança significativa no panorama político português, que durante cinco décadas foi dominado por dois grandes partidos. “Fizemos o que nenhum outro partido jamais conseguiu em Portugal. Hoje, podemos declarar com segurança, diante de todo o país, que o bipartidarismo em Portugal acabou”, afirmou o líder do partido durante seu discurso para apoiadores em Lisboa. Este resultado reflete uma tendência observada em diversos países europeus, com o crescimento de partidos de extrema-direita ganhando espaço no cenário político. Por outro lado, o primeiro-ministro Luís Montenegro interpretou o resultado como um voto de confiança em seu partido, apesar das limitações impostas pela falta de maioria parlamentar. “Os portugueses não querem mais eleições antecipadas, querem uma legislatura de quatro anos”, declarou Montenegro em seu pronunciamento, enquanto seus partidários entoavam “Deixem Luís trabalhar”, slogan utilizado durante sua campanha. A derrota expressiva dos socialistas levou o líder do partido, Pedro Nuno Santos, a anunciar sua renúncia ao cargo, assumindo a responsabilidade pelo desempenho abaixo das expectativas. Os eleitores pareceram punir os socialistas por seu papel na queda do governo de Montenegro, reduzindo drasticamente sua representação parlamentar.

O novo cenário político português apresenta desafios significativos para a governabilidade do país nos próximos anos. Sem a maioria dos assentos, a Aliança Democrática liderada pelo Partido Social-Democrata terá que buscar apoio de partidos menores ou governar como um gabinete minoritário, situação que já enfrentou em seu mandato anterior. Esta configuração deixa o governo vulnerável a articulações da oposição para derrubá-lo, como aconteceu há apenas dois meses. A ascensão do Chega como possível principal força de oposição, dependendo da contagem final dos votos do exterior que definirão mais quatro representantes, gera preocupação em parte da população portuguesa. Em Lisboa, alguns moradores expressaram apreensão sobre o que o crescimento da extrema-direita poderia significar para a democracia do país, estabelecendo comparações com o governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O cidadão Antonio Albuquerque, de 65 anos, revelou que foi a primeira vez em sua vida que não votou por não confiar em nenhum dos partidos. “Olhe para o outro lado do oceano e veja se há risco ou não. O que Trump está fazendo? Acho que estamos em perigo”, afirmou. O resultado das eleições em Portugal reflete um momento de transformação política não apenas no país, mas em todo o continente europeu, onde forças tradicionais têm perdido espaço para novos atores políticos com propostas mais radicais, desafiando o estabelecimento político das últimas décadas.

Impactos da fragmentação política no futuro de Portugal

A fragmentação do parlamento português e o crescimento de forças políticas de extrema-direita podem trazer consequências significativas para o futuro político e econômico do país. Montenegro terá o desafio de governar sem maioria, buscando alianças pontuais para aprovar medidas importantes, enquanto enfrenta uma oposição fortalecida e polarizada. O resultado das urnas, embora mantenha a linha de centro-direita no poder, sinaliza uma transformação profunda no sistema político português, encerrando o tradicional bipartidarismo que caracterizou a democracia no país desde a Revolução dos Cravos. Os próximos meses serão decisivos para determinar se o novo governo conseguirá estabelecer a estabilidade necessária para enfrentar os desafios econômicos e sociais que Portugal tem pela frente, ou se o país continuará em um ciclo de instabilidade política com possibilidade de novas eleições antecipadas no horizonte.