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Candidatos de Milei conquistam vitória histórica nas eleições legislativas de Buenos Aires

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Porta-voz presidencial lidera chapa que supera peronistas e rompe hegemonia do PRO na capital argentina.

O governo do presidente argentino Javier Milei recebeu significativa demonstração de apoio popular no último domingo, 18 de maio de 2025, quando seus candidatos venceram as eleições legislativas na cidade de Buenos Aires, consideradas o primeiro grande teste eleitoral para sua administração desde que assumiu o cargo no final de 2023. Com mais de 99% das seções eleitorais apuradas, a lista de candidatos libertários liderada pelo porta-voz presidencial Manuel Adorni conquistou a primeira posição com 30,13% dos votos, superando o candidato peronista Leandro Santoro, que obteve 27,35%, e a representante do PRO, Silvia Lospennato, que ficou em terceiro lugar com 15,92%. Esta vitória marca um ponto de inflexão na política argentina, pois representa a primeira vez que o partido A Liberdade Avança conquista a capital, tradicionalmente governada pelo PRO, agremiação do ex-presidente Mauricio Macri, que mantinha hegemonia na região desde 2007. Durante a celebração da vitória, Milei fez questão de enfatizar o simbolismo do resultado ao afirmar que “hoje o bastião amarelo foi pintado de violeta”, em referência às cores que identificam seu partido e o PRO, acrescentando ainda que “a partir de agora vamos pintar de violeta todo o país”, sinalizando suas ambições de nacionalizar o movimento libertário e consolidar sua base de apoio em todo o território argentino antes das eleições de meio de mandato que ocorrerão em outubro.

Esta eleição, que renovou metade das 60 cadeiras da legislatura da capital argentina, foi estrategicamente enquadrada pela administração Milei como um referendo sobre as conquistas econômicas nacionais de seu governo, particularmente seus esforços para reduzir a inflação e garantir o primeiro superávit orçamentário do país em 14 anos. Segundo a analista política Mariel Fornoni, da empresa de consultoria Management & Fit, esse posicionamento representa “o principal ativo do governo” e explica parcialmente o sucesso eleitoral. O resultado surpreendeu muitos observadores políticos, considerando que Leandro Santoro, alinhado ao movimento peronista da ex-presidente Cristina Fernández de Kirchner, era apontado como favorito pela maioria das pesquisas eleitorais. Apesar de sua trajetória política complexa – tendo iniciado sua militância no radicalismo portenho e sido presidente da Juventude Radical, com críticas públicas ao kirchnerismo entre 2012 e 2014, antes de se aproximar do movimento a partir de 2015 – Santoro não conseguiu capitalizar suficientemente o apoio de sua base tradicional. Por outro lado, Manuel Adorni, cuja figura ganhou notoriedade nacional como porta-voz presidencial, apresentou propostas para Buenos Aires que replicam diretamente o modelo nacional de Milei, centrado na redução de impostos e cortes no funcionalismo público, demonstrando clara continuidade ideológica entre o projeto nacional e o municipal, o que parece ter ressoado com uma parcela significativa do eleitorado portenho.

Em seu discurso de vitória, Adorni enquadrou o resultado eleitoral como uma escolha clara entre “dois modelos” de sociedade, afirmando que “hoje não foi simplesmente uma eleição local, foi uma eleição entre dois modelos… O modelo da classe política, o modelo de poucos privilegiados, e o modelo da liberdade. E hoje, a liberdade venceu – mais uma vez”. Esta retórica, que ecoa diretamente o discurso anti-establishment de Milei durante sua campanha presidencial, sugere que a estratégia de polarização continua sendo eficaz para mobilizar o eleitorado argentino, mesmo após meses de implementação de políticas econômicas austeras que geraram significativos custos sociais. O desempenho particularmente fraco do PRO, partido que governou Buenos Aires por quase 18 anos, representa uma reconfiguração substancial do espectro político de centro-direita na Argentina, com o movimento libertário de Milei aparentemente assumindo a liderança desse campo ideológico. Este resultado em Buenos Aires é amplamente considerado um indicador importante que antecede as eleições nacionais de meio de mandato em outubro, onde Milei buscará aumentar sua representação no Congresso Nacional. O fato de seu movimento político conseguir superar tanto o peronismo quanto o PRO na capital argentina, tradicionalmente um dos distritos mais progressistas do país, sugere que sua base de apoio pode estar se expandindo para além dos setores que o elegeram inicialmente, potencialmente consolidando uma nova força hegemônica na política argentina que transcende as divisões tradicionais entre peronismo e anti-peronismo que dominaram o país por décadas.

A vitória do partido de Milei em Buenos Aires representa um fortalecimento significativo de sua posição política num momento crucial de seu mandato presidencial, quando muitas de suas reformas econômicas mais ambiciosas estão sendo implementadas em meio a considerável resistência social e política. Este resultado eleitoral provavelmente será interpretado pelo governo como um endosso popular de sua agenda ultra-liberal e poderá incentivar uma aceleração das reformas estruturais planejadas para os próximos meses. Para a oposição, tanto peronista quanto do PRO, a derrota em Buenos Aires representa um sério desafio estratégico, forçando uma reavaliação de suas plataformas e mensagens para recuperar relevância no novo cenário político que parece estar se consolidando na Argentina sob a liderança de Milei. As atenções agora se voltam para as eleições de meio de mandato em outubro, que determinarão a composição do Congresso Nacional e, consequentemente, a capacidade de Milei de aprovar sua agenda legislativa no segundo biênio de seu mandato. Se o padrão observado em Buenos Aires se replicar nacionalmente, o presidente argentino poderá conquistar a maioria legislativa que até agora lhe tem sido negada, potencialmente removendo um dos principais obstáculos à implementação completa de seu programa econômico. No entanto, o desafio para Milei permanece considerável: traduzir o apoio político demonstrado nas urnas em resultados econômicos concretos que melhorem as condições de vida da população argentina, que continua enfrentando altos índices de pobreza e dificuldades econômicas apesar dos avanços macroeconômicos celebrados por seu governo.

Impacto na reconfiguração da política argentina

A vitória dos candidatos de Milei em Buenos Aires não apenas consolida sua posição política na capital argentina, mas também sinaliza uma potencial reconfiguração do cenário político nacional às vésperas das eleições legislativas de meio de mandato. A capacidade do jovem partido A Liberdade Avança de derrotar tanto o peronismo quanto o tradicional PRO em seu próprio reduto demonstra o crescente apelo popular das ideias libertárias defendidas pelo presidente, que continua a apresentar sua agenda de reformas econômicas como a única alternativa viável para superar a prolongada crise argentina. Enquanto Milei celebra este resultado como um “ponto de inflexão para as ideias de liberdade”, analistas políticos apontam que o verdadeiro teste de seu governo virá nos próximos meses, quando os efeitos de suas políticas econômicas se tornarem mais evidentes no cotidiano dos argentinos e quando seu partido enfrentar o desafio de converter apoio urbano em uma base eleitoral nacional capaz de garantir a governabilidade necessária para implementar as reformas estruturais prometidas durante sua campanha.