Campos Neto elogia Milei e destaca cenário tarifário do Brasil

Brasil bem posicionado em tarifações globais.
O ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, analisou o cenário econômico global durante evento realizado pela Fami Capital em São Paulo na sexta-feira. Destacando o atual panorama do Brasil frente à política tarifária dos Estados Unidos, Campos Neto afirmou que o país está “bem posicionado” e deve adotar uma postura neutra diante das tensões comerciais globais. De acordo com o economista, a política tarifária do presidente norte-americano Donald Trump não tem o Brasil como alvo prioritário, o que abre oportunidades para negociações diplomáticas. Durante o evento, ele também elogiou as recentes políticas econômicas de Javier Milei, presidente da Argentina, salientando os ajustes estruturais em curso no país vizinho. A fala reforça a necessidade de uma abordagem cautelosa e pragmática do Brasil em um momento de incerteza econômica global.
Impactos das tensões tarifárias para o Brasil
Campos Neto ressaltou que as tarifas impostas pelos Estados Unidos a diversos países, como parte da guerra comercial com a China, representam potenciais desafios e oportunidades para o Brasil. Ele salientou que, com a restrição do mercado norte-americano a alguns produtos chineses, existe o risco de aumento da entrada de itens da China no Brasil, o que poderia exercer pressão desinflacionária sobre o mercado local. Essa situação, segundo ele, exige uma análise cuidadosa dos reflexos na indústria nacional. Além disso, ele indicou que medidas tarifárias, na maioria das vezes, falham em incentivar a produção local de maneira substancial, sendo mais eficazes no curto prazo para arrecadação fiscal do país que eleva as tarifas. A neutralidade nas negociações com os Estados Unidos foi enfatizada como estratégica para evitar prejuízos maiores ao comércio brasileiro.
Perspectivas e ajustes econômicos regionais
Ao abordar o panorama econômico argentino sob a liderança de Milei, Campos Neto destacou o impacto inicial das reformas no país, que enfrentou uma contração significativa em seu PIB, mas já começa a mostrar sinais de recuperação. Ele avaliou que as políticas de ajuste fiscal, ainda que impopulares, podem trazer benefícios a longo prazo, desde que acompanhadas de estratégias consistentes de equilíbrio cambial. Paralelamente, ele sugeriu que o Brasil deveria continuar avançando em reformas fiscais e administrativas para consolidar seu posicionamento no cenário global. A digitalização da máquina pública, mencionada como uma via para aumentar a eficiência administrativa e reduzir gastos, foi citada como exemplo de melhorias possíveis. Campos Neto destacou que a resposta brasileira às tendências globais e regionais deve ser marcada por racionalidade e planejamento estratégico.
Conclusão e visão estratégica para o Brasil
Em suas considerações finais, Roberto Campos Neto reiterou o bom posicionamento do Brasil frente às políticas tarifárias dos Estados Unidos e a importância de se manter neutro em disputas comerciais globais. Ele indicou que, enquanto o país mantiver sua postura prudente e buscar negociações baseadas no diálogo, será possível minimizar os impactos adversos e aproveitar oportunidades econômicas emergentes. Sobre a política doméstica, defendeu que um choque positivo na direção fiscal, somado à revisão de programas sociais e investimentos em tecnologia, é fundamental para garantir estabilidade e competitividade internacional. Quanto à América Latina, ele afirmou que o Brasil tem a oportunidade de liderar a região, construindo pontes de cooperação econômica e política que impulsionem seu crescimento. Essa visão estratégica reflete a crença de Campos Neto em um futuro promissor, baseado em ações deliberadas e equilíbrio nas decisões macroeconômicas.
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