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Campos Neto ataca medidas fiscais do governo Lula e critica aumento do IOF

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Campos Neto Critica Medidas Fiscais do Governo Lula e Rejeita Elevação do IOF.

Ex-presidente do Banco Central questiona estratégia econômica atual.

O ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, fez duras críticas à condução da política fiscal do governo federal durante evento da holding financeira B.Side realizado nesta terça-feira, 10 de junho de 2025, na capital paulista. Em sua manifestação, Campos Neto apontou especificamente o recente aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) como exemplo de medida equivocada, argumentando que “é um imposto que, no longo prazo, restringe o lucro de capital”. O ex-presidente da autoridade monetária criticou frontalmente a postura do governo Lula de tentar estimular a economia brasileira por meio de políticas voltadas para a demanda, defendendo que o caminho correto seria outro. “Vejo muito nesse governo a tendência de achar que inflação é um problema de oferta e crescimento é um problema de demanda. Na verdade, é exatamente o contrário. Tem que gerar oferta para poder ter crescimento sustentável”, afirmou durante sua participação no evento. Campos Neto também apontou que a falta de “credibilidade fiscal” seria o principal obstáculo para que os juros voltem a cair no Brasil, sinalizando que as decisões recentes do atual Banco Central estariam corretas, ao declarar que “se eu estivesse lá, faria a mesma coisa”. As críticas surgem em um momento de tensão entre o governo federal e o mercado financeiro, especialmente após o decreto que aumentou algumas alíquotas do IOF, medida que gerou forte reação negativa de diversos setores econômicos e também no Congresso Nacional.

A decisão governamental de aumentar o IOF já havia provocado severas críticas por parte de associações de bancos e indústrias. No Congresso Nacional, a reação foi imediata, com diversos parlamentares protocolando projetos pedindo a anulação dessa tributação. Na semana passada, sete das maiores confederações da indústria e do setor privado divulgaram um manifesto conjunto solicitando que o Congresso derrubasse o decreto governamental, argumentando que ele gera imprevisibilidade e traria um custo estimado em R$ 8 bilhões de reais para as empresas até o final do ano que vem. Os críticos da medida argumentam que o governo transformou o IOF em um tributo arrecadatório, desvirtuando sua natureza regulatória. Inicialmente, a equipe econômica estimava um ganho de cerca de R$ 1 bilhão com o novo formato da cobrança, mas o episódio gerou uma nova tensão entre o Legislativo e o Executivo. O presidente da Câmara, Hugo Mota, criticou publicamente o governo, afirmando que o Brasil não precisa de mais impostos, enquanto parlamentares de oposição articulam a derrubada do IOF, com quase 20 projetos nesse sentido protocolados recentemente. Após a forte pressão, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou um recuo parcial, prometendo uma “recalibragem” das alíquotas, especialmente para investimentos de fundos nacionais no exterior, mas ainda assim mantendo parte do aumento.

Aprofundando sua análise sobre os efeitos negativos do aumento do IOF, Campos Neto explicou que a medida prejudica o ambiente de investimentos no Brasil ao gerar incertezas para o capital estrangeiro. “O IOF é um imposto que, a longo prazo, restringe o lucro de capital. Porque, se vou investir num lugar e fico com incerteza, se, na hora de sair, eu vou ter que pagar uma taxa, não vou investir”, alertou o ex-presidente do BC. Como contraponto, ele destacou os Emirados Árabes como um dos locais de maior atração de capital no mundo, justamente por adotar políticas fiscais opostas às estabelecidas pelo Brasil no atual governo. “Temos que dar estabilidade para quem quer entrar, e de poder sair a hora que quiser”, defendeu. Ao reajustar o IOF, o governo, na prática, encareceu várias operações realizadas no cotidiano e tornou mais dispendiosa a concessão de crédito, especialmente em um momento em que os juros já estão elevados. Além disso, o decreto impôs o tributo sobre o risco sacado, uma operação muito utilizada por empresas para conseguir capital de giro, que até então não era entendida como crédito e, portanto, era isenta. Embora o anúncio não tenha previsto nenhum tipo de reajuste do IOF para pessoas físicas, o aumento tende a encarecer produtos e serviços para o consumidor final, gerando um efeito cascata na economia. Houve também preocupação generalizada de que o aumento prejudicasse o investimento internacional no Brasil ao tornar as operações menos rentáveis para investidores externos.

Ao concluir sua participação no evento, Campos Neto fez uma reflexão sobre o papel do setor privado na recuperação econômica do país, defendendo uma menor intervenção estatal. “Penso que a reinvenção vem pelo lado privado. E volto a uma frase que eu sempre dizia no passado: O problema é que a gente ficou muitos anos tentando achar soluções públicas para problemas privados, porque a gente precisa achar solução privada para o problema público”, afirmou. O ex-presidente do BC também fez uma declaração de cunho político, ao mencionar que há uma oportunidade se aproximando em 2026, em referência às próximas eleições presidenciais, e expressou esperança de que a população brasileira “não deixe passar” esta chance. As críticas de Campos Neto ocorrem em um momento delicado para a economia brasileira, com pressões inflacionárias persistentes e projeções de crescimento mais modestas que as inicialmente esperadas pelo governo. A condução da política monetária pelo Banco Central, atualmente sob nova presidência após o fim do mandato de Campos Neto, segue sendo um tema de divergências entre o governo e o mercado. Especialistas econômicos avaliam que as tensões entre a política fiscal e monetária podem dificultar a retomada do crescimento sustentável no país, especialmente se medidas como o aumento do IOF continuarem sendo implementadas sem um diálogo mais amplo com setores produtivos e o Congresso Nacional, gerando instabilidade adicional no ambiente de negócios.

Perspectivas para a economia brasileira em meio a divergências

A polêmica em torno do IOF e as críticas de Campos Neto refletem um cenário de incertezas para a economia brasileira nos próximos meses. A base governista defende que o recuo parcial da alta para investimentos de fundos nacionais no exterior já foi suficiente para acalmar os ânimos, mas a equipe econômica ainda estuda como compensar essa mudança sem comprometer as metas fiscais. Enquanto isso, o presidente do BNDES, Aluísio Mercadante, saiu em defesa do ministro Haddad, classificando a alta do IOF como uma maneira de contribuir para que o Banco Central reduza os juros, argumentando que “o IOF tem uma função de contração monetária porque aumenta o custo do crédito, mas a SELIC gera dívida, o IOF gera receita, diminui o problema da relação dívida PIB na sustentabilidade”. O embate entre diferentes visões econômicas promete se intensificar à medida que o país se aproxima do ciclo eleitoral de 2026, com Campos Neto sinalizando que poderá ser um ator relevante nesse processo político.

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