Campanha do PT em apoio a Janja fracassa e não alcança engajamento esperado nas redes sociais

Campanha do PT em apoio a Janja não atinge engajamento esperado e falha nas redes sociais.
Hashtag #EstouComJanja não consegue mobilizar militância após polêmica na China.
A tentativa do Partido dos Trabalhadores (PT) de defender a primeira-dama Rosângela da Silva, conhecida como Janja, através da campanha nas redes sociais com a hashtag #EstouComJanja, demonstrou resultados decepcionantes até a noite de segunda-feira (26). A iniciativa, lançada pelo partido no último fim de semana, não conseguiu alcançar o engajamento esperado, ficando muito abaixo das expectativas e sem entrar nos trending topics das principais plataformas. Até a noite do último sábado (24), a hashtag havia registrado menos de 100 postagens no Instagram e permaneceu fora dos assuntos mais comentados no X (antigo Twitter), com menos de 30.000 visualizações, números considerados inexpressivos para uma campanha digital de alcance nacional. A mobilização foi uma tentativa de reação às críticas recebidas pela primeira-dama após suas declarações sobre o TikTok durante visita oficial à China, quando Janja teria criticado o algoritmo da plataforma em jantar com o presidente chinês Xi Jinping, alegando que este favoreceria influenciadores de extrema-direita, o que foi interpretado como uma gafe diplomática por ter causado constrangimento durante reunião com autoridades estrangeiras.
A campanha lançada pelo PT buscava reforçar a imagem de Janja como uma defensora de um “ambiente digital mais seguro, especialmente para mulheres, crianças e adolescentes, as maiores vítimas dos crimes virtuais”, conforme destacou o próprio partido em sua peça de divulgação. O presidente Lula também saiu em defesa da esposa, afirmando que foi ele quem iniciou a conversa com Xi Jinping e que Janja apenas “pediu a palavra para explicar o que está acontecendo no Brasil, sobretudo contra mulheres e crianças”. Em entrevista concedida à Folha de S.Paulo após o episódio, a primeira-dama declarou que “não é um biscuit de porcelana” e defendeu seu direito de se posicionar em agendas públicas, especialmente sobre temas relacionados à segurança digital e proteção de grupos vulneráveis. O projeto de Janja pela regulamentação das redes sociais e combate ao cyberbullying havia contado anteriormente com o apoio da primeira-dama da França, Bridget Macron, que chegou a gravar um vídeo direcionado ao povo brasileiro sobre o tema, demonstrando que a pauta tem relevância internacional, apesar da baixa adesão da campanha digital no Brasil.
Enquanto a campanha do PT fracassava nas redes sociais, a oposição continuou explorando o episódio para criticar tanto a primeira-dama quanto o governo. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) utilizou seu perfil no X para questionar que, se a primeira-dama “acredita que censura e prisão são adequadas em uma democracia”, seria de se imaginar qual seria a opinião do presidente Lula sobre o tema. Na mesma linha, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) declarou que o debate sobre a regulamentação das redes sociais “é difícil porque os brasileiros não querem viver em uma ditadura”, ampliando as críticas ao posicionamento de Janja. A falta de engajamento com a hashtag #EstouComJanja contrasta com outros temas que ganharam muito mais repercussão nas redes sociais no mesmo período, como o depoimento do ex-ministro Aldo Rebelo no inquérito dos atos do 8 de Janeiro e o recuo do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em alterar a cobrança do IOF, demonstrando que a tentativa do partido de desviar o foco da polêmica não conseguiu mobilizar nem mesmo sua própria base de apoiadores, que tradicionalmente é bastante ativa nas plataformas digitais.
O fracasso da campanha #EstouComJanja evidencia as dificuldades que o Partido dos Trabalhadores tem enfrentado para articular movimentações orgânicas nas redes sociais, um espaço cada vez mais decisivo para a formação da opinião pública e para o debate político nacional. Mesmo com o esforço institucional do partido, que chegou a publicar uma nota oficial através do presidente da Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial da Câmara dos Deputados, deputado Reimont (PT-RJ), manifestando apoio à primeira-dama e afirmando que ela “está certíssima”, a campanha digital não conseguiu decolar. Este cenário pode indicar tanto um possível desgaste da imagem da primeira-dama junto ao eleitorado quanto uma dificuldade estratégica do PT em mobilizar sua base para além dos canais tradicionais. Para analistas políticos, o episódio também ressalta os desafios que o governo Lula enfrenta na comunicação digital, especialmente quando comparado à eficiência demonstrada pela oposição neste campo. A expectativa é que o PT reveja suas estratégias de comunicação nas redes sociais para os próximos embates políticos, especialmente considerando que o debate sobre a regulamentação das plataformas digitais continuará sendo um tema central na agenda política brasileira, com potencial para mobilizar diferentes segmentos da sociedade nas próximas semanas.
Debate sobre regulamentação das redes sociais segue dividindo opiniões
Enquanto a campanha #EstouComJanja não consegue decolar, o debate sobre a regulamentação das redes sociais permanece como um tema controverso no cenário político brasileiro. A discussão, que ganhou ainda mais visibilidade após as declarações da primeira-dama durante visita à China, deve continuar mobilizando tanto governo quanto oposição nos próximos meses, especialmente com a aproximação das discussões sobre o projeto de lei que visa estabelecer novos marcos regulatórios para as plataformas digitais no Brasil. Os críticos argumentam que qualquer forma de regulação representa um risco à liberdade de expressão, enquanto os defensores, como Janja, sustentam que é necessário criar mecanismos para coibir discursos de ódio, desinformação e proteger grupos vulneráveis no ambiente virtual.