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Brasil busca ampliar cooperação energética com a Rússia e demonstra interesse em pequenas usinas nucleares

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Luciana intensifica cooperação com a Rússia nas áreas espacial e nuclear.

Fortalecimento de parceria estratégica entre os países.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou durante sua visita oficial à Rússia, ocorrida entre os dias 9 e 10 de maio de 2025, o interesse do Brasil em ampliar as relações bilaterais com o país euroasiático, com especial atenção para a área energética. Em encontro com o presidente russo, Vladimir Putin, realizado em Moscou, Lula manifestou particular interesse na experiência russa com pequenas usinas nucleares, destacando que esta tecnologia representa “uma novidade extraordinária para que a gente possa ter energia garantida para todo o sempre”. Durante a reunião bilateral, o presidente brasileiro enfatizou a importância de fortalecer a parceria estratégica entre os dois países, mencionando que o Brasil possui interesses que vão além do campo energético, abrangendo também as áreas política, comercial, cultural, científica, tecnológica e educacional. A comitiva brasileira foi integrada por figuras importantes do governo, como os ministros de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, além do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, demonstrando a relevância atribuída pelo Brasil às negociações com a Rússia no setor energético e tecnológico. A visita de Lula à Rússia aconteceu no contexto das comemorações russas do Dia da Vitória, em homenagem aos 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial, e teve como um dos pontos altos a discussão sobre o desenvolvimento conjunto de projetos na área nuclear.

O tema das pequenas usinas nucleares não é novidade nas relações entre Brasil e Rússia, tendo sido inicialmente abordado durante a visita do ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, ao Brasil em 2023. Na ocasião, o chanceler russo já havia prometido ampliar a cooperação com o Brasil nesse setor. Atualmente, já existe um acordo entre os dois países para o fornecimento de urânio enriquecido para as usinas nucleares de Angra, conforme informações da estatal russa de energia nuclear Rosatom. Durante a entrevista concedida ao final de sua agenda de compromissos na Rússia neste sábado, 10 de maio, Lula enfatizou também a necessidade de equilibrar o déficit comercial existente entre as duas nações. Segundo o presidente, no fluxo comercial de aproximadamente US$ 12,5 bilhões anuais, o Brasil apresenta um déficit de quase US$ 11 bilhões, situação que motivou sua visita para discutir comércio e buscar um maior equilíbrio nas relações comerciais. “A gente compra e a gente vende mais ou menos na mesma proporção para que ninguém seja prejudicado”, afirmou o presidente brasileiro, destacando que o potencial de crescimento dessa relação é considerável. Além disso, Lula ressaltou a importância da Rússia como parceira na questão de óleo e gás, setores estratégicos para um país com as ambições econômicas do Brasil, que almeja se tornar uma das maiores economias do mundo e, portanto, necessita garantir seu abastecimento energético.

O fortalecimento da parceria Brasil-Rússia na área nuclear foi concretizado durante a visita através da assinatura de importantes memorandos de entendimento. A ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, assinou um memorando com o Instituto Conjunto de Pesquisas Nucleares (JINR), representado pelo diretor Grigory V. Trubnikov. Este documento visa fortalecer a cooperação entre os dois países no setor nuclear, tendo ganhado impulso após a visita de uma delegação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) às instalações do Instituto em Dubna, no ano anterior. Durante conversa com o ministro russo, Luciana Santos enfatizou a relevância desta cooperação, afirmando que será possível “intensificar uma nova frente de ação, além das tradicionais atividades conjuntas que temos na área nuclear, por meio da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e da Companhia Estatal de Energia Nuclear da Rússia (Rosatom), e espacial, por meio da Agência Espacial Brasileira (AEB) e da Roscosmos”. Estas iniciativas se alinham à proposta do Ministério de Minas e Energia brasileiro de criar uma rede de pequenos reatores nucleares para fornecimento de energia e aumentar a exploração da reserva de urânio que o Brasil possui, demonstrando um planejamento estratégico de longo prazo para a matriz energética nacional. A ministra também aproveitou a oportunidade para convidar o ministro russo Falkov e sua equipe para participarem da reunião de ministros de Ciência, Tecnologia e Inovação dos BRICS, programada para ocorrer em Brasília no dia 25 de junho, evidenciando o interesse brasileiro em fortalecer a cooperação também no âmbito multilateral.

A assinatura desses memorandos reforça o papel ativo do Brasil na construção de uma agenda bilateral sólida com a Rússia, voltada para o desenvolvimento científico conjunto, a troca de conhecimento e a promoção de inovações de interesse mútuo. No contexto da transição energética global e da busca por fontes de energia mais limpas e eficientes, a cooperação nuclear entre Brasil e Rússia representa um passo significativo para o avanço tecnológico brasileiro nesse setor estratégico. Lula destacou a importância dessa parceria para o futuro energético do país, lembrando que o sistema brasileiro de distribuição energética já está quase 100% integrado, mas que novos investimentos são necessários para garantir a segurança energética nacional no longo prazo. O presidente também mencionou o interesse brasileiro na exploração de minerais críticos, setor em que a experiência russa pode ser valiosa. A cooperação no campo nuclear não apenas fortalece as relações bilaterais entre Brasil e Rússia, mas também contribui para a diversificação da matriz energética brasileira e para o desenvolvimento de tecnologias avançadas no país. Após sua visita à Rússia, Lula seguiu para Pequim, onde participará do Fórum CELAC-China e realizará uma visita oficial à China, demonstrando a estratégia brasileira de fortalecer relações com potências emergentes e consolidar sua posição no cenário internacional. Esta abordagem multifacetada da política externa brasileira busca ampliar as oportunidades comerciais, tecnológicas e diplomáticas do país, colocando o Brasil como um ator relevante nas discussões globais sobre energia, desenvolvimento sustentável e cooperação científica.

Perspectivas para o futuro da cooperação energética

As iniciativas de cooperação entre Brasil e Rússia na área de energia nuclear representam um importante avanço para o desenvolvimento tecnológico brasileiro e para a diversificação da matriz energética nacional. Com o interesse manifestado pelo presidente Lula nas pequenas usinas nucleares russas e a assinatura dos memorandos de entendimento, abrem-se novas perspectivas para projetos conjuntos que poderão contribuir significativamente para a segurança energética do Brasil nas próximas décadas. A expectativa é que, a partir desses acordos, seja possível avançar na implementação de tecnologias inovadoras no setor nuclear brasileiro, aproveitando a experiência russa nesse campo e as reservas de urânio existentes no território nacional, fortalecendo assim a posição do Brasil como um país com capacidade de desenvolvimento tecnológico autônomo e sustentável no cenário energético global.

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