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Bolsonaro transfere R$ 2 milhões para Eduardo custear vida nos Estados Unidos

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Bolsonaro destina R$ 2 milhões a Eduardo para financiar sua vida nos EUA.

Ex-presidente presta depoimento à PF sobre movimentação financeira.

O ex-presidente Jair Bolsonaro confirmou em depoimento à Polícia Federal realizado na quinta-feira (5) que transferiu R$ 2 milhões via Pix para seu filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que atualmente reside nos Estados Unidos. Durante o interrogatório, que ocorreu na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, Bolsonaro esclareceu que o valor enviado seria para custear as despesas do filho no exterior, onde está desde o início de 2025. A oitiva faz parte de um inquérito aberto pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que investiga a atuação de Eduardo nos Estados Unidos. Ao deixar a sede da PF, acompanhado de seu advogado, Bolsonaro declarou aos jornalistas presentes que os recursos enviados ao filho são provenientes dos R$ 17 milhões que recebeu anteriormente de apoiadores. “Hoje eu fui aqui ouvido apenas pela questão de meu recurso que coloquei na conta do meu filho. Lá atrás, eu não fiz campanha, mas foram depositados R$ 17 milhões na minha conta. Eu coloquei R$ 2 milhões na conta dele”, afirmou o ex-presidente, justificando que o filho havia pedido ajuda financeira. Bolsonaro enfatizou ainda que o dinheiro transferido é “limpo e legal” e que a motivação para o envio dos recursos seria garantir que Eduardo “não passe por dificuldades” durante sua estadia em território americano, onde o custo de vida é mais elevado.

A investigação conduzida pela Polícia Federal busca esclarecer as atividades que Eduardo Bolsonaro vem exercendo nos Estados Unidos desde março deste ano, quando anunciou a licença de seu mandato parlamentar para morar no país. Um dos pontos centrais do inquérito é apurar se o deputado licenciado estaria tentando articular junto a autoridades americanas a aplicação de sanções contra membros do Judiciário brasileiro, especialmente o ministro Alexandre de Moraes. Durante o depoimento, Jair Bolsonaro negou ter feito contato com autoridades americanas para tratar sobre possíveis sanções contra autoridades brasileiras. No entanto, confirmou à PF que recebeu o conselheiro sênior do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Ricardo Pita, mas classificou o encontro como uma “conversa de teor reservado”, recusando-se a detalhar o conteúdo do diálogo. Questionado sobre as ações de Eduardo nos EUA, o ex-presidente afirmou que o filho não busca interferir em sua situação jurídica no Supremo Tribunal Federal, onde Bolsonaro é réu em ação penal relacionada a um suposto plano para impedir sua saída do poder após a derrota nas eleições presidenciais de 2022. Além disso, Bolsonaro ressaltou que “não auxilia ou determina” o que Eduardo deve fazer no exterior, sustentando que o filho realiza ações “independentes” e “por conta própria”.

A Procuradoria-Geral da República (PGR), sob comando de Paulo Gonet, tem apresentado evidências de que Eduardo Bolsonaro estaria buscando “interferir no andamento regular dos procedimentos de ordem criminal” contra seu pai e aliados. Segundo a PGR, há indícios de que o parlamentar estaria cometendo crimes como obstrução de investigações, coação no curso do processo e até mesmo atentado à soberania do Brasil. Recentemente, o governo de Donald Trump anunciou que pretende cassar o visto de quem promova “censura” de cidadãos americanos, iniciativa que foi interpretada como uma possível forma de atingir o ministro Alexandre de Moraes. Em maio, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, chegou a afirmar que Moraes tinha “grande possibilidade” de sofrer sanções pelo governo americano com base na Lei Magnitsky, o que poderia resultar na proibição do magistrado de entrar no país. A PGR alega que Eduardo estaria articulando estas sanções para “coagir” o STF, citando declarações do deputado à imprensa sobre agendas com congressistas americanos e membros da administração Trump para impor medidas contra Moraes, como proibi-lo de realizar transações financeiras, abrir contas em bancos e usar cartão de crédito no exterior. O inquérito também solicitou a preservação das postagens de Eduardo Bolsonaro nas redes sociais como parte das diligências investigativas.

A transferência financeira de R$ 2 milhões realizada por Bolsonaro levanta questões sobre o padrão de vida mantido por Eduardo nos Estados Unidos e a origem dos recursos utilizados para financiar suas atividades no exterior. O ex-presidente justificou o montante expressivo mencionando que tem dois netos nos EUA e que o custo de vida no país é mais elevado: “Botei R$ 2 milhões na conta dele. Lá fora é tudo mais caro, eu tenho dois netos. Ele está lá fora e não quero que ele passe por dificuldade. É muito? É bastante dinheiro, (…) mas quero o bem-estar dele”, declarou aos jornalistas após seu depoimento. A investigação poderá avançar nas próximas semanas com novas diligências solicitadas pela PGR, enquanto o STF analisa se as ações de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos configuram tentativa de interferência externa em processos judiciais brasileiros. O caso representa mais um capítulo nas investigações que envolvem o ex-presidente e seu círculo próximo, com potenciais desdobramentos tanto para a situação jurídica de Bolsonaro quanto para as relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos. A defesa do ex-presidente mantém a posição de que todas as movimentações financeiras são legais e que não há qualquer irregularidade na ajuda financeira prestada ao filho.

Implicações para as investigações em curso

O desfecho deste caso poderá influenciar não apenas a situação jurídica do ex-presidente Bolsonaro, mas também as relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos no contexto das investigações em andamento no STF. Enquanto a defesa de Bolsonaro sustenta que todas as ações são legais, a PF continua investigando as circunstâncias e motivações por trás da transferência milionária e da atuação de Eduardo Bolsonaro em território americano. As próximas etapas da investigação deverão incluir a análise detalhada da movimentação financeira e possíveis desdobramentos das articulações políticas realizadas nos Estados Unidos, especialmente considerando o contexto das eleições americanas e seus potenciais impactos nas relações bilaterais entre os dois países. O acompanhamento dos desdobramentos deste caso será fundamental para entender os limites da atuação internacional de parlamentares brasileiros e as possíveis consequências jurídicas de tentativas de interferência externa em processos judiciais nacionais.

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