Bolsonaro pode ser preso até julho, alertam líderes do Centrão

Centrão faz alerta para prisão de Bolsonaro.
Caciques de partidos com forte trânsito no Judiciário surpreendem aliados com previsão de prisão.
Lideranças expressivas do Centrão, incluindo representantes do União Brasil e do Progressistas (PP), enviaram um alerta contundente ao entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro sobre a possibilidade de sua prisão ocorrer até o final de julho de 2025, caso seja condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no inquérito que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado. A informação, que circula nos bastidores da política brasileira desde a última semana, causou surpresa entre os aliados mais próximos do ex-mandatário, que esperavam um desfecho judicial apenas em setembro. O processo contra Bolsonaro, que se tornou réu em março deste ano, está atualmente na fase de coleta de depoimentos, etapa que deve ser concluída no início de junho, segundo fontes com conhecimento do andamento do caso. O ritmo acelerado com que o STF tem conduzido o processo gerou preocupação no círculo bolsonarista, levando caciques do Centrão a utilizarem seus canais de comunicação com o Judiciário para avaliar as perspectivas reais de uma condenação em prazo mais curto do que o inicialmente previsto.
O processo judicial em questão segue um rito específico que, após a conclusão da fase de oitivas no início de junho, abrirá espaço para que as defesas dos acusados solicitem novas provas e o tribunal realize possíveis diligências adicionais. Em seguida, serão realizadas as audiências individuais com os réus, antes do encaminhamento para as alegações finais tanto das defesas quanto do Ministério Público. Apenas após estas etapas o julgamento propriamente dito poderá ser iniciado, culminando com a sentença do tribunal. Mesmo após a eventual condenação, ainda caberão recursos como embargos, e somente depois da análise de todos os pedidos uma eventual prisão poderia ser decretada. O que tem causado apreensão entre os aliados de Bolsonaro é a percepção, compartilhada por líderes do Centrão com trânsito no Judiciário, de que existe uma aparente determinação para que o processo seja concluído com celeridade incomum para casos dessa complexidade. Nos bastidores políticos, cresce a avaliação de que o ritmo acelerado do processo pode estar relacionado a pressões políticas sobre o sistema judiciário, o que tem levantado questionamentos sobre a influência de fatores externos nas decisões do tribunal.
A revelação sobre o alerta do Centrão quanto à possível prisão de Bolsonaro ocorre em um momento de reconfiguração das alianças políticas visando as eleições presidenciais de 2026. Partidos como o União Brasil, liderado por Antonio Rueda, e o PP, de Ciro Nogueira, têm mantido uma posição ambígua, preservando cargos no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva enquanto, simultaneamente, tentam manter pontes com o eleitorado bolsonarista. Em evento recente em São Paulo, lideranças dessas agremiações participaram de um encontro que contou com a presença do atual secretário de Segurança Pública paulista, Guilherme Derrite, visto como potencial candidato ao governo estadual, e do governador Tarcísio de Freitas, cotado como possível candidato à presidência. O que chamou a atenção foi a ausência de menções explícitas a Bolsonaro ou seu filho Eduardo, sinalizando um possível distanciamento estratégico. Esse movimento do Centrão, de alertar sobre os riscos judiciais enfrentados pelo ex-presidente enquanto aparentemente se prepara para cenários políticos alternativos, evidencia a complexidade do atual tabuleiro político brasileiro. As articulações em curso demonstram que, mesmo enquanto mantêm diálogo com o bolsonarismo, essas forças políticas já trabalham com a hipótese de um cenário eleitoral em 2026 no qual o ex-presidente esteja inelegível ou mesmo impedido de participar ativamente da campanha.
O alerta emitido pelos líderes do Centrão sobre a possível prisão de Bolsonaro pode ser interpretado também como um sinal político sobre os rumos do processo e reflete a tradicional capacidade desses grupos de antecipar movimentos institucionais. A história recente da política brasileira demonstra que o Centrão frequentemente consegue detectar tendências e se posicionar estrategicamente antes que os fatos se concretizem, o que confere credibilidade ao aviso. Para o ex-presidente, que já enfrenta outras investigações e processos judiciais, a perspectiva de uma definição judicial em prazo mais curto representa um desafio significativo para suas pretensões políticas futuras. A eventual prisão de uma figura política da magnitude de um ex-presidente certamente provocaria ondas de choque no cenário político nacional, com potencial para reconfigurar alianças e estratégias para as eleições de 2026. O momento é especialmente delicado porque coincide com o período em que partidos e lideranças começam a delinear seus projetos eleitorais para o próximo ciclo, e a situação judicial de Bolsonaro representa uma variável crucial nessa equação. Nos próximos meses, a atenção do mundo político estará voltada para o andamento desse processo no STF, cujos desdobramentos poderão redefinir os contornos do campo político conservador brasileiro e influenciar decisivamente o futuro das articulações para as próximas disputas eleitorais.
Impacto na reorganização das forças políticas
A possível condenação e prisão de Jair Bolsonaro até julho representa um marco potencialmente transformador no cenário político brasileiro. Para além das consequências jurídicas individuais, o desfecho deste processo pode catalisar uma ampla reorganização das forças políticas de direita e centro-direita, que terão que decidir entre manter fidelidade ao ex-presidente ou buscar novas lideranças e configurações. O Centrão, tradicionalmente pragmático em suas alianças, parece já estar se preparando para diferentes cenários, mantendo canais abertos tanto com o governo Lula quanto com potenciais herdeiros políticos do bolsonarismo, como evidenciado pelas recentes movimentações envolvendo figuras como Tarcísio de Freitas. A evolução deste caso nos próximos meses será determinante não apenas para o futuro político de Bolsonaro, mas para toda a configuração das forças políticas nacionais com vistas ao próximo ciclo eleitoral.