Bolsonaro defende Michelle e critica mensagens vazadas de Mauro Cid

Bolsonaro defende Michelle e critica mensagens vazadas de Mauro Cid: ‘Falou besteira’.
Ex-presidente rebate áudios polêmicos de seu antigo ajudante de ordens.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reagiu de forma contundente na sexta-feira, 16 de maio de 2025, após a divulgação de mensagens trocadas entre seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid, e o ex-secretário de Comunicação, Fábio Wajngarten, onde são feitas críticas à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Em declarações ao portal Metrópoles, Bolsonaro saiu em defesa da esposa e classificou as conversas como “besteira”, especialmente em relação a uma possível candidatura de Michelle em 2026. “Diferentemente da atual primeira-dama, Michelle botava ordem na casa. Ela é quem botava ordem na casa, e o pessoal não gostava. Mas não justifica essa troca de mensagens, ainda mais em janeiro de 2023, quando eu estava elegível. Um falou besteira, o outro concordou. Vou conversar com o Valdemar sobre isso. Vamos ver o que fazer”, afirmou o ex-presidente, fazendo uma comparação direta com Janja da Silva, atual primeira-dama. A manifestação de Bolsonaro ocorre em um momento delicado, já que as mensagens revelam um ambiente de tensão entre seu círculo mais próximo durante o final de seu mandato e início de 2023.
As mensagens vazadas trazem declarações surpreendentes de Mauro Cid sobre Michelle Bolsonaro, revelando uma relação aparentemente tensa entre ambos durante o período em que conviveram no Palácio do Planalto. O caso teve início quando, em 27 de janeiro de 2023, Wajngarten enviou a Cid uma notícia informando que o PL estudava a possibilidade de lançar Michelle como candidata presidencial no lugar de Bolsonaro, caso ele se tornasse inelegível – o que efetivamente ocorreu em 30 de junho de 2023, após julgamento no TSE. Diante dessa notícia, Cid respondeu de forma contundente: “Prefiro o Lula”. Em um áudio enviado a Wajngarten, o ex-ajudante de ordens foi além, afirmando que “tem muita coisa suja” que poderia dificultar uma eventual eleição da ex-primeira-dama. “Se dona Michelle tentar entrar para a política, num cargo alto, ela vai ser destruída, porque eu acho que ela tem muita coisa suja… não suja, mas ela né, a personalidade dela, eles vão usar tudo contra para acabar com ela”, declarou Cid na gravação. Em outro momento da conversa, quando Wajngarten comentou que ventilar o nome de Michelle para carreira política só traria repercussões negativas na imprensa, Cid concordou, dizendo: “Ela tem muito furo. Muita coisa para queimar, inclusive do passado”, sem, contudo, especificar a quais situações estaria se referindo.
O material divulgado faz parte de um extenso acervo de conversas extraídas do celular de Mauro Cid, que contém mais de 20 mil arquivos e aproximadamente 158 mil mensagens apenas no aplicativo WhatsApp. Segundo reportagem do UOL, parte desse conteúdo se tornou público após a conclusão das investigações da Polícia Federal, mas outra parcela significativa ainda estava sob sigilo até recentemente. As novas revelações mostram que os atritos entre Cid e Michelle não eram apenas ocasionais, mas aparentemente sistemáticos. Em uma das conversas divulgadas, datada de 28 de dezembro de 2022, Cid compartilha com o coronel Marcelo Câmara, outro assessor de Bolsonaro, um print de uma conversa com a então primeira-dama, onde ela o acusa diretamente de vazar informações contra ela para uma reportagem. Na mensagem, Michelle diz ao tenente-coronel: “Agiu rápido né”, comentário que Cid optou por não responder. Esse intercâmbio sugere que a desconfiança e a indisposição entre os dois eram recíprocas, com Michelle indicando que Cid poderia estar abastecendo a imprensa com críticas ácidas contra ela. Em outro episódio, já em 11 de janeiro de 2023, durante a estadia da família Bolsonaro nos Estados Unidos, Câmara comenta com Cid que precisou sair com a ex-primeira-dama, referindo-se a ela ironicamente como a “amiga” de Cid, provocando risos entre os interlocutores, o que demonstra que os problemas de relacionamento eram de conhecimento de outros membros do círculo próximo ao ex-presidente.
A repercussão das mensagens vazadas coloca mais pressão sobre o já complicado cenário político para o ex-presidente e seu partido, o PL, que agora precisa lidar com essa exposição pública de conflitos internos justamente em um momento de reorganização das forças políticas visando as próximas eleições. Bolsonaro mencionou que pretende conversar com Valdemar Costa Neto, presidente do PL, para decidir como proceder diante da situação, o que indica uma preocupação com possíveis desdobramentos políticos do caso. O episódio também lança luz sobre as dinâmicas internas do antigo governo, revelando fissuras até então desconhecidas do público entre figuras que, externamente, aparentavam coesão. Para Michelle Bolsonaro, que tem assumido papel de destaque no PL Mulher e é frequentemente mencionada como possível candidata futura, as revelações podem representar um obstáculo adicional em suas aspirações políticas. Analistas políticos observam que a divulgação dessas mensagens pode ser particularmente danosa justamente por virem de alguém tão próximo ao núcleo de poder do governo Bolsonaro como era Mauro Cid, que ocupava posição privilegiada como ajudante de ordens e tinha acesso a informações e situações reservadas. Nos próximos dias, é esperado que tanto o PL quanto os envolvidos diretamente nas conversas se manifestem mais detalhadamente sobre o caso, enquanto o público e a imprensa aguardam para ver se novas revelações surgirão do extenso material obtido do celular do ex-ajudante de ordens, potencialmente expondo outros conflitos internos do governo anterior.
Impacto na estratégia política do PL para 2026
As declarações de Bolsonaro defendendo Michelle e classificando as falas de Cid como “besteira” indicam uma tentativa de minimizar danos e preservar a imagem da ex-primeira-dama, que se tornou uma figura importante na estrutura do PL e é vista como um possível nome para disputas eleitorais futuras. A menção de Bolsonaro a uma conversa com Valdemar Costa Neto sugere que o partido deverá avaliar cuidadosamente os impactos dessas revelações em sua estratégia política para os próximos anos, especialmente considerando que Michelle tem ganhado cada vez mais protagonismo nos eventos partidários e na mobilização de segmentos do eleitorado conservador. O episódio evidencia também os desafios internos que o grupo político enfrenta após deixar o poder, com tensões antes contidas agora vindo à tona e podendo influenciar os rumos da oposição ao atual governo federal. Enquanto isso, a população acompanha atentamente o desenrolar dos fatos, curiosa para entender melhor as dinâmicas que operavam nos bastidores do Palácio do Planalto durante o mandato de Jair Bolsonaro.