BNDES projeta recorde de R$80 bilhões em aprovações para infraestrutura em 2025

BNDES prevê recorde de R$80 bilhões em aprovações para projetos de infraestrutura em 2025.
Investimentos em rodovias e energia lideram aprovações no primeiro trimestre.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deve alcançar um patamar histórico de aprovações de crédito para infraestrutura em 2025, com projeções de pelo menos R$80 bilhões, conforme anunciou a diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do banco, Luciana Costa, na segunda-feira (2). Este valor representa uma continuidade da política expansionista do banco em relação ao setor, que já vinha apresentando crescimento expressivo desde o início do ano. O primeiro trimestre de 2025 registrou um aumento de 100% nas aprovações para o setor de infraestrutura em comparação com o mesmo período de 2024, totalizando R$13,2 bilhões. Entre os projetos de destaque aprovados nos primeiros meses do ano, destacam-se os R$7,3 bilhões direcionados para a Ecorodovias investir em três rodovias federais conectando Rio de Janeiro e Minas Gerais (trechos da BR-116, BR-465 e BR-493), além do apoio de R$2,4 bilhões destinado à expansão da Linha 2-Verde do metrô de São Paulo. A diretora indicou que, apesar do cenário de juros elevados que já começa a impactar a demanda por recursos do banco, a instituição está determinada a manter o ritmo de investimentos no setor, buscando igualar ou mesmo superar o patamar alcançado em 2024, quando estabeleceu recordes históricos de financiamento em diversos segmentos de infraestrutura.
O crescimento nas aprovações de crédito do BNDES não se limita apenas ao setor de infraestrutura, embora este tenha apresentado o aumento mais expressivo. No primeiro trimestre de 2025, o banco aprovou um total de R$33,3 bilhões em operações de crédito, representando um aumento de 35% em relação ao mesmo período do ano anterior e impressionantes 158% quando comparado a 2022. Este crescimento é parte de uma tendência que se consolida desde o ano passado, quando o banco já havia estabelecido novos recordes, especialmente no setor rodoviário, que sozinho recebeu R$23,5 bilhões em aprovações em 2024, muito acima da média histórica que oscilava entre R$3 bilhões e R$5 bilhões anuais. Para as concessões de rodovias especificamente, o banco projeta aprovar entre R$25 bilhões e R$30 bilhões ao longo de 2025, superando o recorde estabelecido no ano anterior. Este volume excepcional de recursos para o setor rodoviário está alinhado com as políticas do Ministério dos Transportes, que implementou mecanismos para destravar investimentos em estradas de rodagem, optando por otimizar concessões existentes em vez de relicitá-las, estratégia que, segundo Luciana Costa, tem potencial para mobilizar entre R$100 bilhões e R$120 bilhões em investimentos no setor.
Um fator de preocupação mencionado pela diretora Luciana Costa diz respeito ao impacto da elevação da taxa Selic sobre determinados projetos, especialmente aqueles relacionados à área de energia que envolvem novas tecnologias. Segundo ela, o cenário de juros mais altos já provoca a postergação de alguns projetos considerados mais desafiadores. “Com a Selic mais alta, alguns projetos atrasam. Os projetos que têm que cumprir capex porque são concessão não têm opção. Mas os de eficiência energética podem escorregar por conta da Selic”, explicou a diretora. Esta declaração indica uma distinção importante entre tipos de projetos: enquanto aqueles vinculados a concessões seguem cronogramas estabelecidos contratualmente e, portanto, não podem ser postergados significativamente, iniciativas voltadas para eficiência energética possuem maior flexibilidade temporal e acabam sendo mais sensíveis às oscilações das taxas de juros. Além dos recursos já aprovados e em processamento, o BNDES aguarda a liberação de mais R$10 bilhões provenientes do Tesouro Nacional, que serão destinados ao Fundo Clima, originários da emissão de títulos “verdes”. Estes recursos adicionais, pendentes de liberação pelo Ministério da Fazenda, deverão fortalecer ainda mais a capacidade do banco de financiar projetos alinhados com a transição energética e adaptação às mudanças climáticas, complementando o robusto portfólio de investimentos em infraestrutura de 2025.
O expressivo aumento nas aprovações de crédito para infraestrutura pelo BNDES reflete uma política deliberada de fortalecimento do papel do banco como indutor do desenvolvimento econômico nacional, especialmente em setores considerados estratégicos e que demandam financiamentos de longo prazo. A continuidade deste movimento em 2025, mesmo em um cenário de juros elevados, demonstra o compromisso da instituição com a ampliação e modernização da infraestrutura brasileira. As projeções para o restante do ano indicam que o banco seguirá priorizando setores como transporte rodoviário e energia, embora a velocidade de aprovação de determinados projetos possa ser influenciada pelo comportamento da taxa básica de juros. A expectativa é que, com a possível estabilização ou mesmo redução da Selic nos próximos trimestres, projetos atualmente postergados possam ser retomados, contribuindo para que o banco atinja ou até supere a meta de R$80 bilhões em aprovações para infraestrutura em 2025. Para o setor privado, a manutenção do apoio do BNDES representa um importante estímulo para a continuidade de investimentos em um momento em que o custo do capital se encontra elevado, permitindo que concessões e outros projetos essenciais para o desenvolvimento da infraestrutura nacional sigam seu curso, gerando empregos e fomentando o crescimento econômico em diversas regiões do país.
Perspectivas para o financiamento de infraestrutura no Brasil
Os números apresentados pelo BNDES reforçam a tendência de fortalecimento do banco como principal agente financiador de projetos de infraestrutura no Brasil. A projeção de R$80 bilhões em aprovações para 2025 representa não apenas um recorde histórico para a instituição, mas também um sinal importante para investidores e concessionários sobre a disponibilidade de recursos para o desenvolvimento de projetos estruturantes no país. A expectativa é que, com a continuidade desta política expansionista, o Brasil possa avançar significativamente na modernização de sua infraestrutura, reduzindo gargalos logísticos e ampliando sua competitividade internacional. No entanto, o sucesso destas iniciativas dependerá também da capacidade do governo federal em coordenar políticas que garantam segurança jurídica e atratividade para investimentos privados complementares, criando um ambiente favorável para parcerias público-privadas e concessões que possam potencializar o impacto dos recursos disponibilizados pelo banco de desenvolvimento.