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Bilhões do Fundo Nacional de Segurança Pública: Eficácia em Xeque

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Fundo Nacional de Segurança Pública: Bilhões em Jogo.

No ano de 2024, o Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP) distribuiu aproximadamente R$ 2,5 bilhões para as forças de segurança dos estados e do Distrito Federal, um montante significativo que, no entanto, levanta questionamentos sobre a eficácia desses investimentos.

Repasses e Uso dos Recursos

Dos R$ 2,5 bilhões repassados, R$ 1,124 bilhão foi transferido aos estados e ao Distrito Federal por meio de transferências obrigatórias (fundo a fundo), um processo que foi adiantado em três meses em comparação com 2023 para facilitar a implementação das políticas de segurança pública ainda dentro do mesmo exercício financeiro.

Além disso, R$ 1,428 bilhão foi destinado para financiar atividades específicas, incluindo a operação da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), projetos como a Casa da Mulher Brasileira, o Programa Brasil MAIS, e o Centro Comunitário pela Vida (Convive). Esses recursos também foram utilizados para custear capacitações, operações emergenciais, doações, construções e modernização do aparelhamento das forças de segurança. Notavelmente, o FNSP doou R$ 348.919.197,64 em veículos e equipamentos para todos os entes federados em 2024.

Transparência e Controle

Para aumentar a transparência no uso desses recursos, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) lançou a plataforma “Segurança Transparente”. Essa iniciativa permite que qualquer cidadão acesse e verifique as transferências fundo a fundo e os recursos repassados durante o ano às unidades federativas. A plataforma, implementada em etapas, já disponibiliza o histórico de repasses desde 2019, mostrando o valor transferido, o executado em cada unidade federativa e o saldo em conta. Futuras etapas incluirão dados sobre a execução de recursos ligados a convênios, contratos de repasses, doações e operações custeadas pelo fundo.

Críticas e Desafios

Apesar dos esforços para aumentar a transparência, críticos apontam para várias preocupações. Uma delas é a burocracia envolvida na distribuição e uso dos fundos. A gestão dos recursos do FNSP envolve uma complexa rede de transferências voluntárias e de emendas parlamentares, o que pode levar a influências políticas na alocação dos fundos. Por exemplo, uma portaria de 2021 estabeleceu que cada estado deve receber um percentual mínimo dos recursos, independentemente de critérios como área, população e criminalidade, o que tem sido questionado por criar desigualdades na distribuição.

Foco em Equipamentos vs. Inteligência e Prevenção

Outra crítica é o foco excessivo em equipamentos e infraestrutura, enquanto investimentos em inteligência e prevenção podem estar sendo negligenciados. Embora a aquisição de veículos e equipamentos seja crucial, a eficácia a longo prazo na redução da criminalidade depende significativamente de estratégias de inteligência e prevenção. Operações integradas, como a Operação Protetores do Bioma, que recebeu 400% mais recursos em 2024 em comparação a 2022, são exemplos de ações que combinam equipamento com estratégias de prevenção, mas ainda há um longo caminho a percorrer para garantir que esses esforços sejam sustentáveis e efetivos.

Conclusão

A distribuição de bilhões pelo FNSP em 2024 é um passo significativo, mas a eficácia desses investimentos permanece questionável. A plataforma “Segurança Transparente” é um avanço importante em termos de transparência, mas a burocracia, a possível influência política, e o equilíbrio entre investimentos em equipamentos e em inteligência e prevenção são desafios que precisam ser continuamente avaliados e ajustados.

A pergunta que permanece é se esses bilhões estão realmente contribuindo para tornar o Brasil mais seguro ou se estão apenas alimentando uma máquina burocrática ineficiente. A resposta dependerá de uma análise rigorosa e contínua dos resultados e da implementação efetiva das políticas de segurança pública.