BC deve manter Selic em 14,75% até 2026 mesmo com mercado esperando cortes

BC resiste a cortes e mantém Selic elevada até 2026 aponta Morgan Stanley.
Economista do Morgan Stanley vê juro alto persistente.
O Banco Central brasileiro deve manter a taxa básica de juros, a Selic, em 14,75% ao ano até o fim do primeiro trimestre de 2026, contrariando parte significativa das expectativas do mercado financeiro, segundo análise do Morgan Stanley. A avaliação foi apresentada por Ana Madeira, economista-chefe do banco, que ressaltou o comprometimento da autoridade monetária em sustentar os juros em um patamar elevado por mais tempo. Embora muitos agentes do mercado precifiquem cortes já a partir do fim de 2025, as declarações dos dirigentes do BC reforçam a estratégia de “higher for longer”, ou seja, juros altos por um período prolongado. Essa postura ocorre em meio a indicadores robustos do mercado de trabalho e inflação ainda pressionada, justificando a cautela do Banco Central em promover estímulos monetários antes de uma convergência mais clara da inflação às metas estabelecidas. O cenário, portanto, aponta para a continuidade da política restritiva, mesmo diante das apostas em reduções antecipadas dos juros.
A manutenção dos juros altos em 14,75% configura-se como resposta a um ambiente econômico marcado por desafios inflacionários persistentes no Brasil. Após um ciclo contínuo de elevações iniciado em meados do ano passado, motivado por pressões sobre os preços de alimentos, energia e serviços, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC encerrou as altas em maio de 2025. Esse patamar representa o maior nível registrado desde agosto de 2006, e seu objetivo central é garantir a estabilidade dos preços diante de um quadro global incerto e de um consumo doméstico ainda aquecido. Segundo o Morgan Stanley, as projeções para a inflação seguem acima do centro da meta perseguida pelo BC, de 3% ao ano, com estimativas de 5,6% em 2025 e 4,4% em 2026, revelando margem restrita para flexibilizar a política monetária diante dos riscos inflacionários e da resiliência do mercado de trabalho brasileiro.
Na visão de analistas, a decisão do Banco Central de manter a Selic elevada reflete não apenas preocupações com o ritmo de desaceleração do consumo privado, mas também com a reação dos agentes econômicos a qualquer sinal de flexibilização prematura da política de juros. Os dados do mercado de trabalho, que mostram desemprego em níveis historicamente baixos, sugerem uma demanda forte por parte das famílias, pressionando ainda mais a inflação. Além disso, o contexto internacional contribui para um cenário adverso, com incertezas sobre políticas comerciais dos Estados Unidos e impactos potenciais sobre a economia global. O Morgan Stanley destaca que, caso o Banco Central optasse por antecipar cortes, haveria risco de desancoragem das expectativas de inflação, fator que pode comprometer a credibilidade da autoridade monetária e dificultar a convergência para a meta. Por isso, a curva de juros indica manutenção do patamar em junho de 2025, com debates divididos quanto à possibilidade de cortes moderados apenas a partir de 2026.
O desfecho dessa estratégia do Banco Central será determinante para o ritmo da atividade econômica brasileira nos próximos trimestres. Caso a inflação persista acima do teto da meta, o ciclo de juros elevados poderá se estender ainda mais, restringindo a expansão do crédito e moderando o consumo das famílias e empresas. No entanto, caso haja sinais mais claros de desaceleração da economia e descompressão dos preços, abre-se espaço para o início gradual de cortes a partir do primeiro trimestre de 2026, como projeta o Morgan Stanley. O cenário desenhado para o próximo ano é, portanto, de cautela e observação atenta dos dados econômicos, com o Banco Central preparado para ajustar sua política à medida que novas informações surgirem. A postura conservadora diante das incertezas visa garantir a estabilidade macroeconômica e preservar as condições para uma recuperação sustentável em médio prazo.
Cenário econômico desafia cortes acelerados na Selic
Com a Selic fixada em 14,75% por mais tempo, o ambiente para investimentos, crédito e crescimento segue impactado pelos custos elevados do dinheiro. Caso as projeções de inflação do Morgan Stanley se confirmem, o espaço para cortes antecipados continuará limitado pelos dados de atividade econômica e pressões vindas do cenário internacional. Analistas concordam que somente uma desaceleração mais expressiva do consumo e uma convergência mais firme dos preços ao centro da meta abrirão espaço para o início de um ciclo consistente de redução de juros no país, provavelmente apenas a partir do final do primeiro trimestre de 2026. Até lá, a prioridade das autoridades segue sendo o combate à inflação, prezando pela credibilidade institucional e pela estabilidade do ambiente macroeconômico, mesmo diante das expectativas distintas de parte do mercado financeiro.
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