Apagão no Chile leva governo a decretar estado de exceção

Apagão no Chile provoca caos e leva governo a decretar estado de exceção.
Medida extrema adotada após falha elétrica generalizada.
O governo do Chile, liderado pelo presidente Gabriel Boric, decretou estado de exceção e impôs toque de recolher noturno na maior parte do país após um apagão em massa que afetou cerca de 95% dos 20 milhões de chilenos. A falha no sistema elétrico, ocorrida na tarde de terça-feira (25/2), mergulhou o país em um caos sem precedentes, levando à evacuação do metrô em Santiago e forçando milhares de pessoas a caminhar por horas para chegar em casa. O presidente Boric, em pronunciamento à nação, anunciou a ativação do “estado de emergência por catástrofe” para garantir a segurança no país, com toque de recolher vigente das 22h às 6h em uma extensa área que vai da região de Arica e Parinacota até a de Los Lagos.
A magnitude do apagão surpreendeu autoridades e população, afetando não apenas residências, mas também serviços essenciais, transportes e atividades econômicas. O corte de energia, iniciado às 15h16 no horário local, rapidamente se espalhou por 14 das 16 regiões do país, incluindo a capital Santiago, Valparaíso e o sul do Chile. Hospitais tiveram que recorrer a geradores de emergência, enquanto o setor de mineração, crucial para a economia chilena, sofreu interrupções significativas. A Codelco, maior produtora de cobre do mundo, relatou que a queda de energia “afetou todas as operações”, embora algumas minas tenham conseguido manter atividades parciais com energia auxiliar. O impacto econômico total ainda está sendo avaliado, mas espera-se que seja substancial, considerando a abrangência e duração do apagão.
O presidente Boric não poupou críticas às empresas privadas responsáveis pela administração do sistema elétrico, classificando o incidente como “inaceitável” e prometendo sanções. Em sua declaração, ele enfatizou que “não é possível que a rotina de milhões de chilenos e chilenas seja alterada dessa forma por empresas que não fazem o seu trabalho direito”. A ministra do Interior, Carolina Tobá, descartou a possibilidade de um ataque à rede elétrica, atribuindo o apagão a uma falha técnica. Especificamente, o presidente apontou a empresa ISA Chile como responsável pela falha que desencadeou o apagão massivo. Esta postura do governo sinaliza uma possível revisão das políticas de regulação do setor elétrico no país, bem como um provável endurecimento nas exigências e fiscalizações sobre as concessionárias de energia.
Apesar da gravidade da situação, as autoridades chilenas agiram rapidamente para restaurar o fornecimento de energia. Até a meia-noite, cerca de 90% das residências já haviam recuperado o serviço elétrico, embora de forma ainda instável em algumas áreas. O governo manteve o estado de emergência e o toque de recolher durante a noite como medida preventiva, visando garantir a segurança pública e facilitar os trabalhos de restabelecimento total da rede. Na manhã seguinte, com a suspensão das medidas de exceção, o país começou a retornar à normalidade, com a população voltando às ruas e as atividades econômicas sendo retomadas gradualmente. Este incidente, no entanto, deixa questionamentos importantes sobre a vulnerabilidade da infraestrutura elétrica chilena e a necessidade de investimentos e melhorias no sistema para prevenir futuras ocorrências semelhantes.
Lições e desafios para o futuro do sistema elétrico chileno
O apagão massivo no Chile evidencia a urgência de uma revisão profunda no sistema elétrico do país, demandando não apenas melhorias técnicas, mas também uma reavaliação das políticas de gestão e regulação do setor. As autoridades chilenas terão pela frente o desafio de implementar medidas que garantam maior resiliência e confiabilidade na distribuição de energia, essenciais para a estabilidade econômica e social do país. A experiência vivida pelos chilenos neste episódio certamente influenciará as discussões futuras sobre investimentos em infraestrutura e a necessidade de modernização da rede elétrica nacional.