Alckmin sugere novo cálculo de inflação e debate impactos na Selic

Vice-presidente destaca debate sobre exclusão de energia e alimentos.
O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, defendeu mais uma vez a necessidade de repensar os critérios atuais do cálculo da inflação para o Brasil, sugerindo a retirada de setores como alimentos, combustíveis e energia. O posicionamento foi apresentado em Brasília, durante um almoço com membros da Frente Parlamentar pelo Empreendedorismo, em um momento crucial às vésperas da nova reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central, responsável pela definição da taxa básica de juros, a Selic. Alckmin ressaltou que o modelo atual pode estar distorcendo a real dinâmica dos preços, já que vários elementos que compõem o índice inflacionário sofrem influência de fatores externos, como clima e questões geopolíticas, não sendo afetados diretamente pela política monetária tradicional. Ele enfatizou que o debate sobre esse formato deve acontecer futuramente, visando uma política mais ajustada à realidade brasileira e, principalmente, ao impacto que taxas de juros elevadas trazem ao custo de capital e ao endividamento público, afetando toda a estrutura econômica e a população mais vulnerável.
A fala de Alckmin ocorre em meio a pressões persistentes sobre os preços dos alimentos, que têm elevado o índice oficial de inflação recentemente e dificultado a queda mais significativa da Selic. O vice-presidente utilizou como exemplo o modelo adotado pelo Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, que já exclui itens de alta volatilidade, como alimentos, energia e combustíveis, de seu cálculo inflacionário para orientar decisões de política monetária mais precisas. Ele argumentou que, no Brasil, a manutenção desses itens no cálculo pode levar a interpretações distorcidas sobre o cenário inflacionário, já que fatores externos, como variações climáticas e conflitos internacionais, têm provocado aumentos de preços fora do controle do Banco Central. De acordo com Alckmin, continuar elevando a Selic não garante a redução de preços nesses segmentos, mas intensifica os desafios da economia brasileira, especialmente para empreendedores, empresas e consumidores mais sensíveis aos juros elevados.
O posicionamento do vice-presidente gerou debates entre setores do governo e especialistas em política monetária, destacando a necessidade de conciliar medidas para garantir a credibilidade das estatísticas nacionais e, ao mesmo tempo, adaptar metodologias a particularidades da economia brasileira. Alguns dirigentes do Banco Central já sinalizaram cautela sobre mudanças abruptas no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), pois alterações sem amplo debate poderiam comprometer a confiança nos indicadores e, por consequência, a própria condução da política de juros. Ainda assim, a discussão impulsionada por Alckmin fortalece o entendimento de que estratégias mais flexíveis poderiam ajudar a calibrar melhor a política macroeconômica, reduzindo os impactos negativos que juros elevados provocam no endividamento público e na competitividade das empresas nacionais. O tema ganha ainda mais relevância em um contexto de inflação resistente, onde as pressões vindas de alimentos e energia seguem surpreendendo consumidores e autoridades econômicas.
Perspectivas para revisão do índice de inflação no Brasil
Ao colocar em debate a revisão do cálculo inflacionário, Alckmin abre espaço para uma análise mais profunda sobre como aprimorar o sistema de metas de inflação no Brasil, tornando-o mais alinhado à realidade econômica e internacional. Especialistas divergem sobre o melhor caminho, mas há consenso de que qualquer alteração deve ocorrer com transparência, embasamento técnico e diálogo entre órgãos responsáveis, como IBGE, Banco Central e Ministério da Fazenda. A expectativa é que a discussão evolua nos próximos meses, à medida que a economia busca um equilíbrio entre crescimento, controle da inflação e sustentabilidade das contas públicas. A exclusão de alimentos e energia do cálculo da inflação promete ser tema frequente nas próximas reuniões da equipe econômica, podendo influenciar tanto a percepção dos investidores quanto o dia a dia dos consumidores. Caminhos alternativos, baseados em modelos internacionais, são analisados como opções para um cenário econômico mais equilibrado e menos suscetível a choques de preços fora do alcance das políticas de juros. O horizonte é de debates intensos sobre as melhores práticas para garantir estabilidade sem comprometer o crescimento e a proteção dos mais vulneráveis.