Alckmin representa Brasil em missa inaugural do Papa Leão XIV e entrega camisa do Santos

Vice-presidente participou da cerimônia no Vaticano e convidou pontífice para a COP30.
O vice-presidente Geraldo Alckmin representou o governo brasileiro na missa inaugural do Papa Leão XIV, realizada neste domingo (18) na Praça de São Pedro, no Vaticano. A cerimônia, que contou com a presença de aproximadamente 150 mil fiéis e representantes de 140 delegações de países e organizações internacionais, marcou oficialmente o início do pontificado do novo líder da Igreja Católica, eleito em conclave no dia 8 de maio. Durante o evento, Alckmin, que participou da celebração a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, presenteou o pontífice com uma camisa do Santos Futebol Clube. “Por intermédio do arcebispo Paul Richard Gallagher, entreguei uma camisa do Santos de presente à Sua Santidade. Afinal, o peixe é um símbolo cristão e um símbolo campeão”, explicou o vice-presidente, que esteve acompanhado de sua esposa, Lu Alckmin. Além do presente, o representante brasileiro também entregou um convite oficial para que o novo papa participe da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que acontecerá em novembro deste ano, em Belém do Pará.
A missa inaugural foi marcada por momentos de emoção e reverência ao papa Francisco, antecessor de Leão XIV, falecido no dia 21 de abril. O novo pontífice afirmou durante a celebração ter sentido “uma forte presença espiritual” de seu antecessor. “Durante a missa, senti fortemente a presença espiritual do Papa Francisco, que nos acompanha do céu”, declarou Leão XIV na parte final da cerimônia. O novo papa, que é americano naturalizado peruano, demonstrou humildade ao afirmar que foi escolhido para substituir Francisco “sem mérito, com temor e tremor”, e que não pretende ser “um líder solitário ou um chefe acima dos outros”. A homilia de Leão XIV deu sinais claros de continuidade com o trabalho pastoral desenvolvido por seu antecessor, destacando temas como a união, o amor à humanidade, o cuidado com a Terra, os mais pobres e os marginalizados. Durante a cerimônia, o papa recebeu símbolos tradicionais de sua posição, como o Pálio, que representa seu papel como pastor dos católicos, e o Anel do Pescador, com a imagem do apóstolo Pedro, utilizado para autenticar documentos oficiais do Vaticano.
Em seu discurso, Leão XIV fez uma contundente crítica ao modelo econômico global, condenando o sistema que “explora os recursos da Terra e marginaliza os pobres”, em uma clara continuidade ao posicionamento de seu antecessor sobre justiça social e proteção ambiental. “Ainda vemos demasiada discórdia, feridas causadas pelo ódio, a violência, os preconceitos, o medo do diferente e um paradigma econômico que explora os recursos da Terra e marginaliza os mais pobres”, afirmou o pontífice durante sua homilia. Ele também fez um apelo pela paz mundial e pelo diálogo como alternativa aos conflitos armados, seguindo a linha pacifista de Francisco. A escolha do nome Leão XIV remete a Leão XIII, pontífice que estabeleceu as bases doutrinárias da justiça social na Igreja Católica no início do século XX, por meio da famosa encíclica Rerum Novarum, indicando uma possível direção para seu pontificado. Antes mesmo da missa de entronização, o novo papa já havia feito pronunciamentos pedindo que líderes mundiais busquem o diálogo como alternativa às guerras, afirmando que “os povos querem paz” e que “a guerra nunca é inevitável, as armas podem e devem silenciar, porque não resolvem os problemas, os agravam”.
A representação do Brasil por Alckmin na cerimônia ocorre em um momento estratégico para as relações diplomáticas entre o país e o Vaticano, especialmente considerando a importância das discussões ambientais. O vice-presidente, que é católico praticante, já havia manifestado sua satisfação com a escolha do novo pontífice dias antes da cerimônia. “Nós estamos muito felizes, todos os latino-americanos. O papa dará continuidade ao trabalho do papa Francisco”, declarou Alckmin, destacando que o Brasil é o maior país católico do mundo. Ele também expressou sua confiança de que o papa Leão XIV será “um papa contemporâneo, do nosso tempo”, com foco na paz, no diálogo inter-religioso e na aproximação entre os povos. “É o papa da esperança e contemporâneo da questão climática, da justiça social”, acrescentou o vice-presidente na ocasião. O convite para que o pontífice participe da COP30 em Belém reforça o interesse do governo brasileiro em contar com o apoio da Igreja Católica nas discussões sobre mudanças climáticas, tema que tem sido central na agenda diplomática do país e que também se mostrou relevante nas primeiras manifestações do novo papa. A presença de Alckmin na cerimônia ocorreu porque o presidente Lula estava retornando de viagem oficial à Rússia e à China, e posteriormente seguiria para o Uruguai para o velório do ex-presidente José Mujica.
Novo papa sinaliza continuidade na defesa ambiental e social
A missa inaugural de Leão XIV demonstrou que seu pontificado deve manter a ênfase nas questões sociais e ambientais que marcaram o papado de Francisco. Sua crítica ao sistema econômico global e seu apelo por diálogo e paz indicam que a Igreja Católica continuará tendo voz ativa nos debates internacionais sobre justiça social, proteção do meio ambiente e resolução de conflitos. O convite do governo brasileiro para que o pontífice participe da COP30 em Belém representa uma oportunidade para fortalecer essa agenda comum, especialmente considerando o papel de liderança que o Brasil busca assumir nas discussões climáticas globais. Com a presença de aproximadamente 150 mil fiéis e representantes de 140 delegações internacionais, a cerimônia no Vaticano não apenas marcou o início oficial do pontificado de Leão XIV, mas também sinalizou para o mundo os caminhos que a Igreja Católica deve seguir nos próximos anos.