Julgamento de Diddy tem início com vídeos perturbadores e relatos gráficos

Abuso, drogas e festas ‘freak off’: a 1ª semana do julgamento de P. Diddy.
Primeira sessão revela detalhes chocantes sobre conduta do rapper.
O julgamento do rapper Sean “Diddy” Combs, de 55 anos, teve início na segunda-feira, 12 de maio de 2025, no tribunal de Nova Iorque, marcado por descrições explícitas e evidências visuais perturbadoras que causaram forte impacto nos presentes, incluindo familiares do acusado. O músico, anteriormente conhecido como Puff Daddy, enfrenta cinco acusações graves, entre elas conspiração de extorsão, tráfico sexual e transporte para fins de prostituição. Durante a sessão inicial, a promotoria concentrou seus argumentos em duas principais denunciantes: Cassie Ventura, modelo que manteve um relacionamento com Diddy de 2007 a 2018, e uma mulher identificada apenas como “Jane”, que se relacionou com o rapper em 2020. O caráter gráfico das evidências apresentadas foi tão intenso que provocou reações imediatas, com as filhas do acusado – Chance, de 19 anos, D’Lila e Jessie, ambas de 18 anos – precisando deixar o tribunal pelo menos duas vezes ao ouvirem detalhes dos supostos crimes cometidos pelo pai. A promotora Emily Johnson apresentou relatos de violência extrema, incluindo um incidente de 2009 quando Diddy teria jogado Cassie no chão e pisoteado seu rosto, estabelecendo um padrão de comportamento abusivo que permeia as acusações.
A promotoria revelou durante os procedimentos judiciais que planeja exibir múltiplas versões do vídeo em que Diddy agride Cassie em um corredor de hotel. De acordo com as informações apresentadas em tribunal, serão mostradas duas versões do vídeo que um segurança do Hotel InterContinental em Los Angeles gravou com um celular, além de três versões da gravação que foi inicialmente divulgada pela CNN. Este detalhe é particularmente significativo porque a defesa de Diddy alega que o vídeo exibido pela emissora teria sido editado e acelerado para fazer o rapper parecer mais violento. Além disso, a equipe de defesa das vítimas pretende que o júri veja imagens das festas promovidas por Diddy, conhecidas como “freak-offs”, “Wild King Nights” ou “Hotel Nights”, eventos que duravam dias inteiros e eram caracterizados pelo uso excessivo de álcool e drogas. Segundo a acusação, Combs teria ameaçado diversas mulheres para que participassem dessas festas, onde ocorriam performances sexuais sob ordens do rapper, com os participantes frequentemente sob efeito de entorpecentes. Uma testemunha chamada Daniel Phillip afirmou ter sido contratado em diversas ocasiões para ter relações sexuais com Cassie enquanto Diddy observava, tendo presenciado agressões verbais e físicas do rapper contra ela, incluindo puxões de cabelo.
O aspecto mais perturbador revelado durante a primeira audiência foi o uso sistemático de gravações como forma de coerção e controle. De acordo com a acusação, Diddy filmava as performances sexuais ocorridas durante as festas e posteriormente utilizava essas gravações para chantagear as vítimas, criando um ciclo de abuso e manipulação que dificultava qualquer tentativa de escape. Cassie Ventura, que compareceu ao tribunal na terça-feira, 13 de maio, para prestar depoimento, compartilhou detalhes gráficos sobre os chamados “freak-offs”, corroborando as alegações da promotoria sobre o caráter coercitivo dessas situações. Conforme esperado, a defesa de Diddy questionou as motivações das supostas vítimas, tática comum em julgamentos envolvendo acusações de abuso sexual. A advogada de defesa Teny Geragos argumentou que as mulheres participavam das festas por vontade própria e afirmou que apresentará vídeos que supostamente comprovam essa afirmação voluntária. No entanto, em uma admissão significativa, tanto a defesa quanto a acusação concordam com as alegações de violência doméstica perpetrada por Diddy. Geragos reconheceu que o rapper possui um temperamento explosivo e que se tornava violento quando consumia álcool e drogas, mas insistiu que isso não comprova as acusações mais graves de tráfico sexual e extorsão, declarando: “Ele será responsabilizado pelas coisas que fez, mas lutaremos pela sua liberdade pelas coisas que não fez”.
O juiz Arun Subramanian, que preside o caso, recebeu um disco rígido contendo material sensível relacionado ao processo, evidenciando a natureza delicada e potencialmente perturbadora das provas que serão apresentadas ao longo do julgamento. A equipe de promotores também anunciou que chamará um especialista em vídeo para testemunhar sobre as gravações de Cassie sendo agredida, enquanto a defesa de Diddy indicou que adotará a posição de que Cassie também teria sido violenta contra o rapper, sugerindo uma estratégia de relativização do comportamento abusivo. O impacto emocional do julgamento ficou evidente não apenas nas reações das filhas de Diddy, mas também na mudança de comportamento do próprio acusado, que apareceu mais sério durante as discussões sobre Cassie, trocando os habituais abraços com seus advogados por apertos de mão formais e exibindo expressões faciais tensas. As revelações do primeiro dia de julgamento apontam para um processo judicial que provavelmente continuará a expor detalhes perturbadores sobre o comportamento de uma figura anteriormente celebrada na indústria musical. Enquanto o rapper se declara inocente das cinco acusações, o questionário apresentado ao júri já havia advertido sobre o conteúdo gráfico que seria exposto durante o julgamento, preparando o terreno para o que promete ser um dos casos mais controversos envolvendo uma celebridade nos últimos anos, com potencial para redefinir a percepção pública sobre Sean “Diddy” Combs e seu legado na cultura pop.
O caso deve continuar com mais testemunhos nos próximos dias
Com a continuidade do julgamento programada para os próximos dias, espera-se que mais testemunhas sejam chamadas a depor, incluindo outras possíveis vítimas e especialistas que poderão analisar as evidências apresentadas pela promotoria. O depoimento de Cassie Ventura, que ocorreu no segundo dia do julgamento, provavelmente será um dos elementos centrais na construção do caso contra Diddy, especialmente considerando a existência de evidências em vídeo que corroboram parte de suas alegações. A equipe de defesa, por sua vez, continuará a questionar a natureza das relações entre Diddy e as supostas vítimas, buscando caracterizar os eventos como consensuais, mesmo tendo admitido a existência de violência nos relacionamentos do rapper. O desdobramento deste caso pode ter implicações significativas não apenas para o futuro de Sean Combs, mas também para como a indústria do entretenimento lida com alegações de abuso de poder e comportamento predatório, especialmente quando envolvem figuras de alto perfil que por décadas exerceram enorme influência nos bastidores do showbusiness.