Fitch Ratings eleva nota de crédito argentina em meio à estabilização econômica

Agência de classificação reconhece avanços do programa econômico de Milei.
A Argentina recebeu uma importante melhoria em sua classificação de crédito na segunda-feira (12), quando a agência internacional Fitch Ratings anunciou a elevação da nota do país de ‘CCC’ para ‘CCC+’. Esta decisão reflete os recentes avanços econômicos implementados pelo governo do presidente Javier Milei, especialmente após o lançamento de um novo programa junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e a significativa liberalização do mercado de câmbio argentino. Segundo a Fitch, essas medidas “reforçaram a liquidez externa e a durabilidade do programa de estabilização econômica” do atual governo. A agência destacou em seu comunicado que tanto a recuperação econômica quanto o processo de desinflação têm superado as expectativas iniciais dos analistas de mercado, fatores que aumentaram consideravelmente a capacidade do governo Milei de efetuar os pagamentos da dívida no curto prazo. A mudança ocorre em um momento estratégico para o país sul-americano, que busca reconstruir sua credibilidade nos mercados internacionais após anos de instabilidade econômica e sucessivas crises cambiais que afetaram profundamente sua capacidade de honrar compromissos financeiros externos. A elevação da nota, mesmo ainda permanecendo sete níveis abaixo do grau de investimento, representa um importante sinal positivo para investidores internacionais e coloca a Argentina em posição semelhante à de países como Equador e Sri Lanka em termos de classificação de risco.
O contexto que levou à melhoria da classificação argentina está diretamente relacionado às medidas econômicas implementadas pelo governo Milei desde sua posse. Em abril deste ano, o governo argentino tomou a decisão de suspender a maioria das restrições no mercado cambial como parte de um abrangente programa econômico avaliado em US$ 20 bilhões firmado com o Fundo Monetário Internacional. Esta ação foi recebida com otimismo por analistas financeiros, especialmente em Wall Street, que argumentam que, com a eliminação da maioria dos controles de capital, o país estará em uma posição significativamente melhor para reconstruir suas reservas internacionais – recursos fundamentais tanto para sustentar o valor do peso argentino quanto para garantir o pagamento de compromissos externos. A Fitch destacou em sua avaliação que “a liberalização cambial não parece ter representado um retrocesso para a inflação, pois não implicou em uma depreciação significativa e teve repasse limitado”, sendo considerada “um regime mais sustentável que ajudou a acalmar o comportamento dos agentes formadores de preços”. Esta observação é particularmente relevante considerando o histórico de alta inflação da Argentina, que apesar de ter registrado um leve aumento para 3,7% em março, após cinco meses consecutivos com taxas inferiores a 3%, demonstra uma tendência consistente de estabilização. A agência projeta que a inflação argentina continue sua trajetória de queda, podendo atingir patamares inferiores a 2% até o quarto trimestre de 2025, o que representaria uma conquista extraordinária para um país que enfrentou períodos de hiperinflação em sua história recente.
Os desdobramentos econômicos positivos não se limitam apenas ao controle inflacionário, mas se estendem a outros indicadores macroeconômicos fundamentais. A Fitch demonstrou otimismo quanto ao potencial de recuperação da economia argentina, projetando um crescimento robusto do PIB de 5,6% para 2025. Este desempenho seria impulsionado principalmente pelas reformas microeconômicas e pelos esforços de desregulamentação implementados pelo atual governo, além dos investimentos esperados nos setores de energia e mineração, que têm potencial para transformar a matriz produtiva do país. A agência de classificação de risco destaca que a economia argentina já vem apresentando sinais de recuperação rápida, com aumento da renda real da população, o que cria um ciclo virtuoso de consumo e investimento. Os títulos soberanos de referência da Argentina com vencimento em 2035 refletiram o otimismo do mercado, registrando uma valorização de 0,7 centavo de dólar, sendo negociados a 68 centavos por dólar, segundo dados compilados pela Bloomberg. Vale ressaltar que a dívida argentina tem se destacado como um dos investimentos com melhor performance entre os mercados emergentes desde o ano passado, evidenciando uma crescente confiança dos investidores internacionais nas políticas econômicas adotadas pelo governo Milei. Esta não é a primeira agência a reconhecer os avanços argentinos: em janeiro deste ano, a Moody’s Ratings também elevou a classificação de crédito do país em um nível, para ‘Caa3’, alterando ainda a perspectiva de estável para positiva, enquanto a S&P Global Ratings manteve sua nota em ‘CCC’ no início de fevereiro.
Apesar dos sinais positivos, a Fitch ressaltou que as eleições legislativas de meio de mandato, programadas para outubro deste ano, representarão um ponto determinante para a dinâmica das reservas internacionais argentinas e para o acesso do país aos mercados de crédito internacionais. Este processo eleitoral será um teste crucial do apoio popular ao projeto econômico implementado por Milei, cuja continuidade é considerada essencial para a sustentabilidade do atual ciclo de recuperação. Analistas do mercado financeiro apontam que novos avanços nos ativos argentinos dependem diretamente da capacidade do presidente e sua equipe econômica em manter a implementação de uma agenda de rigorosa austeridade fiscal, enquanto conseguem impulsionar o crescimento econômico e preservar o apoio da população. O desafio não é pequeno, considerando o histórico de instabilidade política e econômica do país, que frequentemente interrompeu ciclos de reforma e ajuste antes que pudessem produzir resultados duradouros. A elevação da nota pela Fitch, contudo, representa um voto de confiança importante no atual direcionamento da política econômica argentina. Se as projeções da agência se confirmarem, especialmente quanto à queda da inflação e ao crescimento do PIB, a Argentina poderá finalmente iniciar um ciclo virtuoso de recuperação econômica sustentável, atraindo investimentos estrangeiros diretos e eventualmente recuperando o acesso aos mercados internacionais de dívida em condições mais favoráveis. Esse cenário positivo contribuiria significativamente para a reconstrução das reservas internacionais do país e para o fortalecimento da sua moeda, elementos fundamentais para a estabilidade macroeconômica de longo prazo.
Perspectivas futuras para a economia argentina
A recente elevação da nota de crédito da Argentina pela Fitch Ratings representa um marco importante no processo de recuperação econômica do país sob a administração do presidente Javier Milei. Com projeções de crescimento do PIB de 5,6% para 2025 e uma esperada redução da inflação para níveis inferiores a 2% até o final daquele ano, o país parece estar no caminho para superar alguns de seus desafios econômicos históricos. No entanto, o sucesso contínuo dependerá da capacidade do governo em manter o apoio político necessário para implementar sua agenda de reformas, especialmente considerando as eleições legislativas de outubro, que servirão como um termômetro importante para medir o respaldo popular às políticas econômicas em curso. Se o governo conseguir navegar com sucesso por esse período eleitoral mantendo a disciplina fiscal e avançando com as reformas estruturais, a Argentina poderá finalmente estabelecer as bases para um crescimento econômico sustentável e duradouro, recuperando gradualmente sua posição nos mercados financeiros internacionais e atraindo os investimentos necessários para modernizar sua infraestrutura e impulsionar setores estratégicos como energia e mineração.