Digitalização vai reduzir custos e elevar competitividade da economia brasileira, diz Haddad

Ministro prevê transformação digital completa em três anos.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na sexta-feira, 9 de maio de 2025, durante evento na B3, em São Paulo, que toda a economia brasileira estará digitalizada nos próximos dois ou três anos. A declaração ocorreu durante o lançamento de uma calculadora da Receita Federal que automatiza o cálculo do imposto de renda devido por investidores de renda variável. Esta ferramenta representa um passo importante para a digitalização completa da economia nacional, processo que, segundo o ministro, já está em curso e ganhará tração a partir do ano que vem com a implementação da reforma dos impostos sobre o consumo. Haddad explicou que a calculadora de renda variável visa facilitar a vida dos contribuintes que investem no mercado de ações, automatizando o processo de declaração e removendo uma barreira que impedia muitos brasileiros de investirem nesse segmento. “As pessoas ficavam inseguras de investir em ação, ficavam receosas por não saberem declarar os seus ganhos. E com essa ferramenta, tudo fica automatizado. Inclusive, a ideia é que, uma vez autorizada, a Receita passe a incluir na declaração eletrônica pré-preenchida todos os ganhos que as pessoas têm em investir nesse tipo de mercado”, detalhou o ministro em entrevista concedida a jornalistas na saída do evento.
A digitalização da economia brasileira representa um marco significativo na modernização das relações entre governo, empresas e cidadãos, estabelecendo um novo paradigma de eficiência e transparência. O ministro destacou que os sistemas de bancos, Banco Central e Receita Federal estarão completamente integrados, facilitando o recolhimento de impostos e aliviando os brasileiros do que chamou de “fardo” de prestar informações ao governo. Essa transformação digital promete reduzir drasticamente a burocracia que historicamente tem sido um entrave para o desenvolvimento econômico e para a atração de investimentos no país. “Não vamos mais gastar tempo e dinheiro com preenchimento de documento, com possibilidade de erro”, afirmou Haddad. “A mudança vai ser tão grande, que nós vamos sair do caos tributário, do inferno tributário, para um ambiente tão transparente, tão simplificado, tão digitalizado, que eu acredito que as pessoas vão demorar para perceber o salto de qualidade que nós vamos dar.” A nova calculadora de renda variável é apenas um dos elementos dessa transformação digital abrangente que visa modificar fundamentalmente a forma como os brasileiros interagem com o sistema tributário e com o governo de modo geral. O ministro ressaltou que o objetivo é fazer com que o governo “deixe de ser um problema e passe a ser um amigo do contribuinte e do cidadão”, mudando radicalmente a percepção dos brasileiros sobre a relação com o Estado.
Os benefícios da digitalização da economia vão muito além da simplificação tributária, abrangendo diversos setores e impulsionando a competitividade nacional. No setor de data centers, por exemplo, Haddad anunciou recentemente a intenção do governo de acelerar a desoneração de bens de capital, visando estimular investimentos no país. O ministro destacou que o Brasil possui vantagem competitiva significativa neste setor devido à sua matriz energética predominantemente renovável, o que reduz as emissões de gás carbônico dos data centers. “Queremos que a economia digital no Brasil seja simultaneamente digital e verde. Então é nisso que nós estamos trabalhando: prover os data centers de energia limpa e processar os dados com segurança cibernética, com segurança jurídica”, enfatizou o ministro. Essa visão alinha-se com a tendência global de transição para uma economia mais sustentável e tecnologicamente avançada. Além disso, Haddad mencionou que o governo está trabalhando em conjunto com o Congresso Nacional para a aprovação do novo Marco Legal dos Data Centers, reconhecendo que existem desafios como direitos autorais e a preservação da concorrência que precisam ser adequadamente endereçados. No campo econômico mais amplo, o ministro também apresentou perspectivas otimistas, afirmando que o Brasil vai convencer os investidores estrangeiros de que, até o fim do governo atual, o país crescerá pelo menos 3% ao ano. “Já fizemos o FMI [Fundo Monetário Internacional] reconhecer que o nosso potencial saiu de 1,5% para 2,5%, e tenho certeza que ao final do mandato do presidente Lula o mundo vai estar convencido de que o Brasil pode crescer a uma taxa mínima de 3%”, declarou Haddad.
Investimentos e redução de desigualdades
O processo de digitalização da economia brasileira ocorre em paralelo a outros avanços significativos no cenário econômico e social do país. Haddad destacou que o investimento privado está crescendo no Brasil, principalmente nas áreas de infraestrutura e reindustrialização, impulsionado pelo aperfeiçoamento da legislação sobre concessões e parcerias público-privadas. “Os ministros da área de infraestrutura estão num voo de cruzeiro em torno das licitações. O Brasil aperfeiçoou muito essa legislação e vai continuar aperfeiçoando a sua legislação de concessões e parcerias público-privadas. Então, eu acredito que é um campo enorme de parcerias que podem ser estabelecidas. E, repito, isso já está acontecendo”, comentou o ministro. Além disso, Haddad ressaltou a recente queda na desigualdade de renda no Brasil, que atingiu o melhor indicador da série histórica, conforme noticiado na quinta-feira (8/5). O ministro lembrou que o Brasil é historicamente um dos países mais desiguais do mundo e que o governo está buscando mais equidade nesse aspecto. “Às vezes, a gente fica olhando para tudo que é variável, mas não olha para aquilo que talvez seja mais relevante em relação àquilo que, em geral, o mercado presta atenção”, observou. A combinação entre digitalização da economia, crescimento dos investimentos e redução das desigualdades sociais estabelece um cenário promissor para o desenvolvimento sustentável e inclusivo do Brasil nos próximos anos, posicionando o país para enfrentar os desafios do futuro com maior resiliência e competitividade no cenário global.