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Preço do café dispara 80% em 12 meses e registra maior inflação dos últimos 30 anos

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Aumento histórico afeta consumidores brasileiros.

O preço do café moído apresentou um aumento impressionante de 80,2% nos últimos 12 meses, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na sexta-feira, 9 de maio de 2025. Este valor representa a maior inflação acumulada para este produto desde a implementação do Plano Real, em julho de 1994, marcando um recorde histórico que preocupa tanto consumidores quanto especialistas econômicos. Segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o café moído teve um aumento de 4,48% apenas no mês de abril, demonstrando uma leve desaceleração quando comparado aos meses anteriores, uma vez que em março a alta foi de 8,14% e em fevereiro atingiu o patamar de 10,77%, representando a maior elevação mensal em 26 anos. A significativa alta no preço deste item que faz parte do cotidiano dos brasileiros está relacionada principalmente a fatores climáticos extremos que afetaram as plantações de café no país, como ondas de calor intenso e períodos de seca prolongada, resultando em quebras de safra e menor oferta do produto no mercado, além da valorização do dólar e aumento dos custos logísticos que impactaram toda a cadeia produtiva.

A atual escalada nos preços do café moído representa um fenômeno econômico significativo, especialmente quando consideramos o contexto histórico. O IBGE informou que, considerando o período entre junho de 1994 e maio de 1995, o aumento acumulado do preço do café moído chegou a 85,50%, porém esse cálculo engloba o último mês antes da vigência da moeda Real. Portanto, a alta atual de 80,2% configura-se como a maior desde a implementação da atual moeda brasileira. Este cenário de inflação elevada do café não acontece isoladamente, mas se insere em um contexto mais amplo de pressão inflacionária nos alimentos em geral. O IPCA registrou aumento de 0,43% em abril, tendo como maior peso no índice justamente os custos relacionados à categoria de Alimentação e Bebidas, que avançaram 0,82%. Como consequência desses aumentos consecutivos, a taxa acumulada em 12 meses do indicador que serve de referência para a meta oficial de inflação atingiu 5,53% em abril, representando o maior valor desde fevereiro de 2023, quando o índice alcançou 5,60%. Vale lembrar que a meta contínua estabelecida pelo governo é de 3,0%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, evidenciando que o atual cenário inflacionário está significativamente acima do objetivo traçado pelas autoridades monetárias.

Os fatores que impulsionaram esta alta histórica nos preços do café são múltiplos e complexos. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), que já havia previsto em fevereiro que os preços continuariam subindo, a indústria ainda não havia repassado integralmente aos consumidores todos os custos relacionados à compra do grão. O gerente do IPCA, Fernando Gonçalves, explica que a continuação da alta dos preços reflete uma tendência internacional, agravada pela valorização do dólar frente ao real, que contribui significativamente para essa situação. Além disso, os eventos climáticos extremos que afetaram as principais regiões produtoras de café no Brasil nos últimos anos tiveram um impacto devastador na produção. O calor intenso e a seca prolongada prejudicaram a floração e o desenvolvimento dos grãos, resultando em safras menores e de qualidade inferior. Este fenômeno não é exclusivo do mercado brasileiro, uma vez que outras regiões produtoras mundo afora também enfrentaram desafios climáticos semelhantes, pressionando ainda mais os preços no mercado internacional. Adicionalmente, os custos logísticos globais, que aumentaram significativamente desde a pandemia de Covid-19, continuam impactando a cadeia de abastecimento do café, elevando ainda mais os preços finais ao consumidor. A combinação desses fatores criou uma tempestade perfeita que resultou na maior alta nos preços do café em três décadas, afetando diretamente o orçamento das famílias brasileiras.

A perspectiva para os próximos meses não é animadora para os consumidores de café. Embora o aumento de 4,48% registrado em abril demonstre uma desaceleração em comparação aos dois meses anteriores, especialistas do setor não preveem uma queda significativa nos preços a curto prazo. A recuperação das plantações afetadas por eventos climáticos extremos leva tempo, e a produção não deve normalizar imediatamente, mantendo a pressão sobre os preços. Adicionalmente, o cenário macroeconômico global, com a valorização do dólar e a instabilidade nos mercados internacionais, continua sendo um fator de pressão sobre os preços dos commodities em geral, incluindo o café. Para as famílias brasileiras, o impacto é significativo, considerando que o café é um produto de consumo diário para grande parte da população. A inflação acumulada de 80,2% em 12 meses significa que um pacote de café moído que custava R$ 10 no ano passado agora custa aproximadamente R$ 18, um aumento considerável que afeta diretamente o orçamento doméstico. Diante desse cenário, muitos consumidores estão buscando alternativas mais econômicas ou reduzindo o consumo, enquanto aguardam uma estabilização dos preços que, segundo analistas do mercado, pode começar a ocorrer apenas no final de 2025, caso as condições climáticas favoreçam uma melhor safra e os fatores econômicos globais se estabilizem.

Impactos na economia e perspectivas futuras

A expressiva alta no preço do café não apenas impacta o consumidor final, mas também tem reflexos importantes em toda a cadeia produtiva e na economia brasileira como um todo. Como um dos maiores produtores e exportadores mundiais de café, o Brasil se beneficia da valorização do produto no mercado internacional, aumentando o valor das exportações e melhorando o saldo da balança comercial. Por outro lado, o mercado interno sofre com a pressão inflacionária, que reduz o poder de compra da população e pode levar o Banco Central a adotar políticas monetárias mais restritivas, como o aumento da taxa básica de juros para conter a inflação. Os especialistas econômicos recomendam que os produtores de café aproveitem este momento para investir na modernização de suas plantações e em técnicas mais resilientes às mudanças climáticas, preparando-se para os desafios futuros. Enquanto isso, os consumidores precisarão se adaptar aos preços mais elevados ou buscar alternativas de consumo, pelo menos até que uma nova safra abundante possa equilibrar novamente a relação entre oferta e demanda, trazendo alívio para os preços que atingiram o maior patamar inflacionário dos últimos 30 anos.

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