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Analfabetos encontram barreiras significativas na utilização de tecnologias digitais

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Estudo revela que 95% dos analfabetos apresentam baixo desempenho em tarefas digitais.

Um recente estudo realizado pelo Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) revelou dados alarmantes sobre a inclusão digital no Brasil, apontando que 95% das pessoas analfabetas apresentaram baixo desempenho em tarefas digitais, enquanto apenas 4% demonstraram desempenho médio e somente 1% conseguiu atingir um nível alto de proficiência. A pesquisa, conduzida em 2024 e divulgada na terça-feira, 6 de maio de 2025, analisou pela primeira vez em sua história as habilidades digitais dos brasileiros, estabelecendo uma correlação direta entre o nível de alfabetização e a capacidade de interação com tecnologias. Os analfabetos, conforme definido pelo Inaf, são aqueles que não conseguem realizar tarefas simples envolvendo leitura de palavras e frases, mesmo que alguns consigam ler números familiares como telefones, endereços e preços. No contexto digital, esse grupo apresenta significativa dificuldade em reconhecer e executar operações básicas em dispositivos eletrônicos, como tocar na tela, rolar páginas e ampliar textos ou imagens, habilidades consideradas fundamentais para a navegação em interfaces digitais contemporâneas.

Durante a coleta de dados, os participantes da pesquisa foram submetidos a simulações de tarefas cotidianas realizadas por meio de smartphones, incluindo compras online, seleção de filmes em serviços de streaming, utilização de aplicativos de mensagens instantâneas e preenchimento de formulários digitais. A metodologia aplicada buscou compreender como se manifestam as habilidades de leitura, escrita e matemática das pessoas analfabetas quando confrontadas com interfaces digitais que hoje permeiam praticamente todos os aspectos da vida moderna. Esta abordagem inovadora do Inaf, que existe desde 2001, vem preencher uma lacuna importante na compreensão dos desafios enfrentados por uma parcela significativa da população brasileira na era digital. Vale ressaltar que o analfabetismo funcional, condição que afeta aproximadamente 29% dos brasileiros, representa um problema persistente que não apresenta melhora desde 2009, conforme apontam dados recentes. Pessoas classificadas como analfabetas funcionais enfrentam dificuldades para ler textos básicos, interpretar informações e realizar operações matemáticas simples, limitações que se agravam consideravelmente quando transportadas para o ambiente digital, cada vez mais presente e necessário nas interações sociais, econômicas e institucionais.

A pesquisa também revelou que mesmo entre as pessoas consideradas alfabetizadas proficientes, quase metade (40%) apresenta médio ou baixo desempenho digital, o que evidencia que a fluência digital não está necessariamente vinculada apenas à alfabetização tradicional, mas demanda competências específicas. O Inaf classifica as pessoas conforme o nível de alfabetismo com base em testes aplicados a uma amostra representativa da população, distribuindo os entrevistados em cinco níveis: analfabeto, rudimentar, elementar, intermediário e proficiente. Para a avaliação específica do alfabetismo digital, os participantes foram convidados a realizar tarefas como comprar um par de tênis a partir de um anúncio publicitário em uma rede social e inscrever-se em eventos por meio de formulários online, atividades que simulam situações rotineiras enfrentadas pelos usuários de dispositivos digitais. Esta nova abordagem do Inaf é particularmente relevante considerando que apenas 23% dos brasileiros entre 15 e 64 anos possuem altas habilidades digitais, independentemente do seu nível de alfabetismo convencional, conforme apontam os dados coletados. Tais estatísticas evidenciam uma exclusão digital que se sobrepõe à exclusão educacional já existente, criando múltiplas camadas de desigualdade no acesso a serviços, informações e oportunidades.

Os resultados do estudo apontam para a necessidade urgente de políticas públicas que abordem simultaneamente a alfabetização tradicional e o desenvolvimento de habilidades digitais, reconhecendo a interdependência dessas competências no mundo contemporâneo. As dificuldades enfrentadas pelos analfabetos no ambiente digital não apenas refletem as limitações educacionais preexistentes, mas também amplificam a exclusão social e econômica desse grupo, uma vez que serviços essenciais, oportunidades de emprego e até mesmo o acesso à educação estão cada vez mais mediados por interfaces digitais. A pesquisa sugere que programas educacionais voltados para adultos, como a Educação de Jovens e Adultos (EJA), poderiam incorporar componentes específicos de alfabetização digital, preparando os estudantes não apenas para a leitura e escrita tradicionais, mas também para a navegação competente no ambiente digital. Experiências bem-sucedidas, como a relatada por Maria do Céu de Lima, que voltou a estudar em 2025 e já percebe melhorias significativas em suas habilidades de leitura e compreensão, demonstram o impacto positivo que iniciativas educacionais podem ter na vida de pessoas anteriormente excluídas. À medida que a sociedade avança em sua transformação digital, garantir que todos os cidadãos possam participar plenamente desse novo contexto torna-se não apenas uma questão de justiça social, mas também um imperativo para o desenvolvimento econômico e social inclusivo do país.

Inclusão digital representa novo desafio para políticas educacionais brasileiras

O estudo do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) traz à tona uma dimensão até então pouco explorada da exclusão social no Brasil, evidenciando que as transformações tecnológicas das últimas décadas criaram novas formas de desigualdade que se sobrepõem às já existentes. Enquanto o país ainda luta para superar o analfabetismo tradicional, que afeta 11 milhões de brasileiros segundo dados do IBGE, surge o desafio adicional de promover a inclusão digital de maneira equitativa. O mapeamento realizado pelo Inaf demonstra claramente que o acesso físico às tecnologias, embora importante, não é suficiente para garantir a inclusão digital efetiva, sendo necessário também o desenvolvimento de competências específicas que permitam a utilização significativa dessas ferramentas.

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