Trump ameaça uso de força militar para anexação da Groenlândia

Declaração reacende tensões geopolíticas no Ártico.
O presidente americano Donald Trump afirmou domingo (4) que não descarta o uso de força militar para tomar o controle da Groenlândia, território autônomo dinamarquês localizado no Ártico. Em entrevista à NBC News, Trump justificou a necessidade da anexação alegando questões de segurança internacional, reforçando que os Estados Unidos “precisam muito” do território. A declaração ocorre em meio à crescente competição entre potências globais por influência na região ártica, rica em recursos naturais e com rotas marítimas estratégicas que se tornam acessíveis devido ao derretimento do gelo polar. Autoridades dinamarqueses e groenlandesas já haviam rejeitado veementemente propostas anteriores de compra do território durante o primeiro mandato de Trump em 2019.
A insistência de Trump na aquisição da Groenlândia ganhou novo impulso estratégico com as mudanças geopolíticas recentes na região do Ártico. A Rússia tem ampliado sua presença militar no extremo norte, enquanto a China busca parcerias para projetos de infraestrutura e pesquisa científica. O presidente americano argumenta que o controle da ilha permitiria aos EUA monitorar e neutralizar potenciais ameaças vindas da Europa e da Rússia. Pesquisas recentes indicam que 85% dos 56 mil habitantes do território rejeitam a integração com os Estados Unidos, segundo dados de janeiro de 2025. A visita não autorizada do vice-presidente JD Vance à Groenlândia em março deste ano foi classificada por líderes locais como “interferência estrangeira”.
As declarações beligerantes de Trump encontram resistência tanto na Groenlândia quanto na Dinamarca, que mantém relações constitucionais com o território autônomo. A primeira-ministra dinamarquesa Mette Frederiksen classificou as ameaças como “pressão inaceitável”, enquanto o líder groenlandês Mute Egede destacou a necessidade de respeitar a soberania local. Analistas geopolíticos apontam que qualquer tentativa de anexação forçada desestabilizaria as relações transatlânticas e violaria o direito internacional. A Constituição dinamarquesa exigiria emenda parlamentar para qualquer alteração no status da Groenlândia, processo que atualmente não tem apoio político no parlamento ou na população.
O interesse estratégico americano na Groenlândia reflete a corrida por recursos como terras raras, urânio e petróleo, além do controle de rotas navegáveis emergentes. A postura agressiva de Trump contrasta com a política tradicional de cooperação militar através da Base Aérea de Thule, operada conjuntamente com a Dinamarca desde a Guerra Fria. Especialistas em direito internacional alertam que ações unilaterais poderiam levar a sanções econômicas e isolamento diplomático dos EUA. O governo groenlandês, que planeja alcançar independência total da Dinamarca nas próximas décadas, reforçou seu compromisso com soluções pacíficas e democráticas para o futuro do território.
Cenário geopolítico em transformação
As recentes movimentações no Ártico intensificaram o debate sobre a governança global de regiões estratégicas. A Rússia modernizou recentemente sua frota de quebra-gelos nucleares, enquanto o Canadá ampliou exercícios militares conjuntos com países nórdicos. A China, observadora no Conselho Ártico, busca incluir a região em sua iniciativa Belt and Road. A postura de Trump reflete uma tendência de nacionalismo geopolítico que desafia as estruturas multilaterais estabelecidas após a Segunda Guerra Mundial. O destino da Groenlândia permanece como um teste crucial para o direito internacional contemporâneo e o princípio de autodeterminação dos povos.
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