Internet transforma cuidados de quem tem doenças inflamatórias intestinais

Cresce uso da internet no dia a dia dos pacientes com doenças inflamatórias intestinais.
Um novo panorama se desenha na rotina dos portadores de doenças inflamatórias intestinais no Brasil, impulsionado pelo acesso constante à internet. Uma pesquisa científica recente revelou que mais de 70% dos pacientes recorrem à web para buscar informações gerais sobre essas doenças, enquanto quase 90% utilizam esse recurso para investigar sintomas e possíveis tratamentos. Os dados, coletados entre abril e maio por uma equipe multidisciplinar liderada pela gastroenterologista Dídia Cury, apontam que o fenômeno ocorre especialmente entre adultos jovens, com idade média de 37 anos, que interagem ativamente em redes sociais, grupos online de pacientes, sites de saúde e plataformas especializadas. A pesquisa entrevistou 104 pessoas e demonstrou que o Google é o ponto de partida mais frequente, seguido por comunidades no Facebook, YouTube e aplicativos de mensagens como o WhatsApp. O movimento crescente reflete uma busca por maior autonomia e conhecimento diante de um diagnóstico crônico, influenciando tanto a forma como os pacientes lidam com sua saúde quanto a relação estabelecida com os profissionais médicos e as próprias decisões sobre o tratamento.
A internet tornou-se um recurso fundamental para pacientes que convivem com doenças inflamatórias intestinais, como a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa. Ao procurar compreender melhor suas condições, sintomas e opções de terapias, muitos se valem de conteúdos digitais para complementar as orientações recebidas nos consultórios. A facilidade de acesso à informação, característica marcante da era digital, aproximou pacientes de relatos pessoais, grupos de apoio virtuais e atualizações científicas, remodelando a experiência do tratamento. De acordo com o levantamento, 42% dos entrevistados afirmaram consultar a internet semanalmente, enquanto 10% fazem buscas todos os dias. Entre os principais motivos para essas consultas estão a necessidade de ampliar o entendimento sobre a doença, comparar experiências com outros portadores e se atualizar sobre novidades e pesquisas recentes. O nível de confiança nos conteúdos acessados chegou a 64,4%, indicando que muitos pacientes consideram a web uma aliada valiosa no enfrentamento dos desafios impostos pelo diagnóstico, desde a identificação de sintomas até o acompanhamento das fases de crise e remissão.
Os desdobramentos do uso intensivo da internet por esses pacientes vão além da simples obtenção de informações. O estudo mostrou que, ao contrário do que se poderia imaginar, a imersão digital não provocou aumento nos índices de estresse ou ansiedade entre os participantes. Nenhum dos entrevistados relatou ter alterado sua medicação prescrita exclusivamente com base em dados encontrados na web, evidenciando que a maioria utiliza o recurso de modo complementar e responsável. Para especialistas, navegar por fontes confiáveis e participar de comunidades virtuais pode oferecer apoio emocional, reduzir o sentimento de isolamento e até fortalecer a relação médico-paciente, uma vez que o paciente se apresenta mais engajado e informado durante as consultas. Além disso, a troca de experiências e a construção de redes de apoio digital transformam o enfrentamento do cotidiano, proporcionando estratégias práticas para lidar com sintomas, dieta, efeitos colaterais de medicamentos e oscilações emocionais que acompanham o tratamento de doenças inflamatórias intestinais.
O cenário aponta para perspectivas promissoras no cuidado dessas doenças, com a internet consolidando-se como ferramenta complementar de orientação e suporte. Diante da tendência de crescimento do uso de meios digitais para questões de saúde, destaca-se a importância do acesso a informações de qualidade e do acompanhamento contínuo de profissionais especializados para evitar riscos de automedicação e interpretações equivocadas. O estudo brasileiro reforça que o ambiente digital, quando usado de forma consciente, pode melhorar a adesão ao tratamento e potencializar o bem-estar dos pacientes. Para o futuro, a expectativa é que a integração entre tecnologia, saúde e comunicação fortaleça ainda mais a autonomia dos portadores de doenças inflamatórias intestinais, consolidando uma nova era nos cuidados crônicos, onde informação segura e relacionamento médico-paciente caminham lado a lado na busca por qualidade de vida.
Internet e doenças inflamatórias intestinais inspiram novos modelos de acompanhamento
O avanço do uso da internet entre pessoas com doenças inflamatórias intestinais está criando oportunidades inéditas para redefinir práticas de autocuidado, educação em saúde e acompanhamento médico. Com o crescimento de plataformas voltadas a pacientes, iniciativas de divulgação científica e grupos de suporte online, o caminho para o acesso a informações seguras e personalizadas se amplia constantemente. Especialistas alertam que o equilíbrio entre consulta a fontes confiáveis e orientação médica é essencial para tornar a internet uma verdadeira aliada no tratamento, evitando riscos como a desinformação ou a adoção de práticas inadequadas. O Brasil, diante desse cenário, registra aumento nos diagnósticos e busca soluções inovadoras para oferecer acolhimento, esclarecimento e conexão entre profissionais, pacientes e familiares. A tendência é de que, nos próximos anos, a tecnologia fortaleça ainda mais esse ecossistema, promovendo não só melhor adesão ao tratamento, mas também mais qualidade de vida e protagonismo dos pacientes diante das doenças inflamatórias intestinais.
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