Motta suspende tramitação do processo de cassação e Glauber Braga encerra greve de fome

Hugo Motta sinaliza acordo sobre cassação de Glauber Braga.
Presidência da Câmara abre diálogo com líderes sobre futuro de mandato.
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), intensificou nesta semana o diálogo com líderes partidários para discutir os próximos passos do processo de cassação do deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ). A movimentação ganhou força após uma onda de manifestações dentro e fora do Congresso, depois que o Conselho de Ética recomendou, por maioria de votos, a perda do mandato do parlamentar por agressão a um manifestante do Movimento Brasil Livre em 2024. A greve de fome iniciada por Glauber no início de abril mobilizou parlamentares, ministros e movimentos sociais, que passaram a pressionar a Mesa Diretora da Casa por garantias de amplo direito de defesa ao deputado. O acordo ventilado por Hugo Motta previa que, após a deliberação da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o caso só seja levado ao plenário depois de um prazo de 60 dias, assegurando tempo ao deputado para articular sua defesa e buscar apoio entre seus pares. O clima de tensão nos bastidores evidencia a relevância do caso para o equilíbrio institucional da Câmara e a repercussão direta no ambiente político, com as principais bancadas discutindo alternativas entre cassação e suspensão do mandato, enquanto a pressão da sociedade civil segue intensa na capital federal.
Processo de cassação de Glauber Braga mobiliza Câmara e sociedade
O processo de cassação de Glauber Braga trouxe à tona críticas à condução do Conselho de Ética e à atuação de figuras proeminentes da Casa, como o ex-presidente Arthur Lira, apontado por aliados do PSOL como articulador decisivo a favor da recomendação de perda de mandato. Glauber, um dos opositores mais contundentes à gestão de Lira, ficou sob os holofotes desde que decidiu acampar e permanecer em greve de fome nas dependências da Câmara, recebendo o apoio de colegas, líderes partidários e ministros do governo federal. Lideranças da base governista e partidos de esquerda avaliam a opção pela cassação como desproporcional diante do histórico da Casa, que nunca cassou um deputado por agressão física, apesar de episódios semelhantes no passado. O debate evoluiu para discussões sobre possíveis alternativas mais equilibradas, como suspensão temporária do mandato, permitindo que Glauber continue apto a disputar futuras eleições. Ao longo dos dias, a mobilização em defesa do deputado ganhou contornos ainda mais expressivos, com manifestações organizadas por movimentos sociais e visitas de integrantes do Executivo e do Legislativo, que ressaltaram a necessidade de preservar direitos e evitar precedentes que possam restringir a democracia parlamentar no país.
Com acordo, psolista abandona greve de fome e ganha tempo para tentar evitar cassação
A decisão veio após o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), suspender por 60 dias a tramitação do processo contra o parlamentar, abrindo espaço para uma solução negociada.
A informação foi confirmada à imprensa pela assessoria de Braga e por aliados do PSOL.
A suspensão, que pode estender o caso até agosto devido ao recesso parlamentar, foi articulada como uma tentativa de evitar a cassação, enfrentando resistências do centrão, grupo majoritário na Casa.
“Após este período, as deputadas e os deputados poderão soberanamente decidir sobre o processo”, declarou Motta em suas redes sociais.
O objetivo é buscar uma punição menos severa, como suspensão temporária do mandato ou advertência.
Debate se intensifica e líderes buscam saída negociada para impasse
Diante da polarização em torno do processo, a presidência da Câmara adotou postura de conciliação, ouvindo apelos por parte de parlamentares e representantes do Executivo. Nos bastidores, há quem defenda que a melhor solução passaria por decisão coletiva capaz de evitar a radicalização e o desgaste institucional. São ponderados os riscos de cassação para a imagem da Casa, especialmente pelo precedente e pelo impacto na representatividade, já que a eventual sucessora de Glauber, Heloísa Helena, é também conhecida opositora do governo. Setores do Centrão e da base governista se articulam para viabilizar uma alternativa menos danosa, enquanto interlocutores do Planalto, como a ministra Gleisi Hoffmann e outros ministros, atuam nos bastidores pelo desfecho negociado. O próprio Hugo Motta, diante desse ambiente delicado, assumiu compromisso público de assegurar a Glauber Braga todas as instâncias de defesa e o direito ao contraditório, prolongando a tramitação e postergando a decisão final para o plenário, se necessário. A busca por consenso reflete tanto a complexidade política do caso como o temor de que uma cassação apressada seja interpretada como retaliação política ou resultado de perseguição, narrativa reforçada por aliados do deputado.
Parlamentares defendem cautela e Câmara projeta decisão para junho
A decisão de Hugo Motta de conceder ao menos 60 dias antes de pautar a cassação no plenário atende ao pleito de lideranças que veem no caso uma oportunidade para amadurecer o debate sobre os limites do decoro parlamentar e os mecanismos de punição dentro do Legislativo. Ao mesmo tempo, proporciona a Glauber Braga tempo hábil para recorrer e se defender, mantendo o mandato até pelo menos o final de junho. O desfecho ainda é incerto, já que parte dos deputados considera que o episódio pode se resolver de forma negociada, com suspensão temporária ou outras penalidades alternativas, enquanto outros setores pressionam pela cassação imediata, diante do agravamento do conflito institucional. O caso serve de alerta para o Congresso sobre a importância do diálogo e do respeito mútuo entre diferentes correntes políticas, ressaltando também o papel das mobilizações externas e das redes sociais na defesa do mandato parlamentar. A Câmara projeta, assim, para as próximas semanas, intensas discussões que não apenas definirão o futuro de Glauber Braga, mas poderão influenciar as relações entre Legislativo, Executivo e sociedade, em um momento crítico para a democracia representativa no Brasil.