Produtos protegidos em supermercados de São Paulo: ‘Café já fica atrás das grades’

Alta nos preços leva cafés e azeites às grades.
A disparada nos preços de produtos essenciais, como café e azeite de oliva, levou supermercados de São Paulo a adotarem medidas de segurança inusitadas. Prateleiras protegidas por grades e lacres antifurto, mais comumente vistas em itens de luxo, agora guardam mercadorias do dia a dia. O reajuste de 72,02% no preço do café torrado e moído nos últimos 12 meses transformou este item em um dos mais visados por furtos, segundo dados do IPCA-15, prévia da inflação apurada pelo IBGE. Redes como Minuto Pão de Açúcar e Carrefour foram flagradas pela imprensa utilizando as proteções, justificando a prática pela alta demanda e aumento de furtos.
Impactos da inflação nos supermercados
O aumento dos preços, atribuído sobretudo às condições climáticas adversas e à desvalorização cambial, afetou diretamente produtos como o café, um dos mais consumidos no Brasil, além do bacalhau, picanha e azeite de oliva. O Brasil, maior produtor mundial de café, enfrentou períodos de seca e geadas que reduziram a oferta, enquanto o Vietnã, principal concorrente no mercado global, também sofreu queda na produção. A alta do dólar, que regula os preços internacionais, contribuiu para agravar a situação. Já o azeite, apesar de apresentar recuo de 0,91% no último mês, acumula aumento de 12,66% em 12 meses, reflexo de uma colheita prejudicada no passado recente em países europeus.
Ações de segurança frente à crise
Frente a esse cenário, supermercados intensificaram as medidas de proteção. Produtos básicos, como café e azeites, receberam status de itens valiosos, sendo mantidos atrás de grades ou com lacres eletrônicos. O consumidor, já impactado pela inflação, agora encontra mais dificuldades para adquirir esses produtos sem a intervenção de funcionários, gerando insatisfação entre os clientes. Para especialistas, essas práticas são reflexo de um cenário de insegurança econômica e social, além de evidenciarem a necessidade de políticas públicas para controlar o preço dos alimentos essenciais. Enquanto o governo busca soluções, como a redução de impostos de importação, a preocupação dos supermercados se concentra diretamente em evitar prejuízos crescentes por furtos.
Perspectivas para o futuro
A expectativa é de que os preços dos produtos essenciais comecem a recuar com a melhora na safra brasileira e a estabilização da produção internacional. No entanto, a redução efetiva no custo ao consumidor dependerá de um cenário econômico mais estável e de ações governamentais para conter a inflação. Algumas redes de supermercados já anunciaram ajustes em suas estratégias de segurança, visando amenizar o impacto das medidas nos hábitos de consumo. Enquanto isso, o café, que simboliza não apenas um hábito cultural, mas também uma conexão com a identidade brasileira, segue como um indicador sensível das dificuldades enfrentadas pelo país no combate à inflação e à insegurança alimentar.
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