PF faz operação em Sorocaba contra desvio de verbas

PF realiza operação em Sorocaba contra esquema de desvio de verbas públicas.
Investigação aponta desvios milionários em contratos de saúde.
Na manhã de quinta-feira (10), a Polícia Federal (PF) deflagrou uma operação contra desvios de recursos públicos em Sorocaba, no interior de São Paulo. Um dos alvos principais é o prefeito Rodrigo Manga, filiado ao partido Republicanos, cujo mandado de busca e apreensão incluiu sua residência, a sede da Prefeitura e outros locais ligados à sua gestão. Nomeada “Copia e Cola”, a operação busca desmantelar um esquema que teria começado em 2022 e envolve, entre outros crimes, corrupção e lavagem de dinheiro. A investigação surgida a partir de suspeitas na contratação de uma Organização Social (OS) para a gestão da saúde no município identificou movimentações financeiras suspeitas, pagamentos de boletos e transações imobiliárias irregulares. Foram cumpridos 28 mandados de busca e apreensão em 13 cidades de São Paulo e na Bahia, mobilizando mais de 100 policiais.
Durante as ações, a PF apreendeu bens que incluem dinheiro em espécie, armas e um veículo de luxo modelo Porsche avaliado em mais de R$ 800 mil. O montante que pode ter sido desviado pelo esquema está estimado em até R$ 20 milhões. Além disso, a Organização Social investigada foi proibida de firmar novos contratos com o poder público. A Prefeitura de Sorocaba, por meio de nota oficial, afirmou estar colaborando plenamente com as autoridades e destacou que a operação ocorre em um momento em que o prefeito ganha notoriedade no cenário político nacional. Apesar disso, Rodrigo Manga nega qualquer envolvimento com ilícitos e afirma que sua casa foi alvo de uma ação política.
Ramificações do caso e implicações políticas
A operação ocorre em um contexto de projeção crescente de Rodrigo Manga, que recentemente anunciou sua pré-candidatura à Presidência da República em 2026. O prefeito, conhecido como “prefeito tiktoker” por sua forte presença nas redes sociais, atribui a operação a motivações políticas, alegando que sua ascensão incomoda adversários. Além de Manga, outros nomes foram implicados, entre eles o ex-secretário de administração e empresários ligados à OS investigada. Movimentações financeiras suspeitas também foram identificadas em uma igreja comandada por familiares do prefeito, o que ampliou o escopo das investigações. Em um dos locais vistoriados, os agentes encontraram cerca de R$ 864 mil em espécie dentro de uma caixa no porta-malas de um veículo. A PF também investiga possíveis conexões entre os recursos desviados e campanhas políticas.
O caso atraiu a atenção por envolver figuras públicas de Sorocaba e expõe vulnerabilidades no modelo de contratação de Organizações Sociais para a gestão de serviços públicos. Até o momento, não há mandados de prisão emitidos, mas os investigados poderão responder por crimes como corrupção passiva e ativa, peculato, ocultação de capitais e fraude licitatória. A PF destaca o caráter abrangente e estruturado do esquema, que inclui fraudes nos processos de licitação e ocultação de recursos por meio de operações imobiliárias e depósitos em espécie. As apreensões reforçam a acusação de que a organização criminosa se valeu de sua influência para desviar verbas destinadas ao atendimento de saúde na cidade.
Impacto da operação e próximos passos
A operação “Copia e Cola” é mais um capítulo na trajetória de denúncias envolvendo a gestão de Rodrigo Manga, que já havia sido alvo de investigações anteriores relacionadas ao uso de verbas públicas. No entanto, esta ação ganha contornos de destaque devido à sua abrangência e aos valores envolvidos. Especialistas avaliam que o caso pode ter reflexos nas próximas eleições, tanto para o cenário político local quanto para as pretensões nacionais do prefeito. Além disso, a investigação acende o alerta sobre a necessidade de maior rigor e transparência na contratação de Organizações Sociais em todo o país.
Enquanto as apurações seguem, a Justiça determinou o bloqueio de bens e valores correspondentes aos desvios detectados até agora. A busca por provas adicionais inclui a análise dos materiais apreendidos, como documentos financeiros e eletrônicos. A PF também deverá aprofundar as investigações em relação aos demais envolvidos, incluindo servidores e empresários, para garantir que todas as responsabilidades sejam devidamente apuradas. Apesar de negar as acusações, Rodrigo Manga enfrenta um desgaste político significativo, que deve impactar tanto sua gestão em Sorocaba quanto sua imagem pública em âmbito nacional.
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