Lula impede criação de comissão para fiscalizar Itaipu

Processo de criação da comissão está parado desde 2023.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva travou o processo de criação da Comissão Binacional de Contas da hidrelétrica de Itaipu, acordado entre Brasil e Paraguai em 2021. A comissão teria como objetivo fiscalizar as contas e gastos da usina, que é uma empresa binacional não sujeita à fiscalização direta dos órgãos de controle brasileiros ou paraguaios. O acordo para a criação desse mecanismo de fiscalização foi firmado durante o governo anterior, mas desde 2023 o processo está parado, sem avanços significativos para sua implementação. A paralisação do processo levanta questionamentos sobre a transparência na gestão dos recursos da hidrelétrica e as razões por trás da decisão do atual governo em não dar prosseguimento a essa iniciativa de controle conjunto entre os dois países.
A criação da Comissão Binacional de Contas era vista como um passo importante para aumentar a transparência e o controle sobre os gastos e investimentos realizados pela usina de Itaipu. Por ser uma empresa binacional, Itaipu opera em um regime jurídico especial, o que dificulta a fiscalização direta por parte dos órgãos de controle tradicionais de ambos os países. A comissão proposta teria como função preencher essa lacuna, permitindo um acompanhamento mais próximo e detalhado das movimentações financeiras e decisões de investimento da hidrelétrica. O acordo firmado em 2021 previa a participação de representantes dos dois países nessa comissão, o que garantiria uma visão equilibrada e conjunta sobre a gestão dos recursos provenientes da geração de energia elétrica, um ativo estratégico e de grande importância econômica tanto para o Brasil quanto para o Paraguai.
A decisão do governo Lula de interromper o processo de criação da comissão gerou preocupações em diversos setores. Parlamentares da oposição levantaram a possibilidade de propor uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os motivos por trás dessa decisão e possíveis irregularidades na gestão de Itaipu. Há alegações de que os recursos da usina estariam sendo utilizados para financiar entidades alinhadas ao governo atual, sem o devido controle e transparência. A falta de um mecanismo de fiscalização adequado alimenta essas suspeitas e dificulta o esclarecimento sobre o uso dos recursos gerados pela hidrelétrica. Além disso, a paralisação do processo de criação da comissão binacional pode afetar as relações diplomáticas entre Brasil e Paraguai, uma vez que o acordo firmado em 2021 representava um compromisso mútuo de aprimorar a governança da empresa binacional.
O impasse sobre a criação da Comissão Binacional de Contas de Itaipu coloca em evidência a necessidade de se estabelecer mecanismos eficientes de controle e transparência para empresas estatais e binacionais. A resolução dessa questão é fundamental não apenas para garantir a correta aplicação dos recursos provenientes da geração de energia, mas também para fortalecer a confiança nas instituições e nas relações bilaterais entre Brasil e Paraguai. À medida que o debate sobre o tema se intensifica, espera-se que o governo federal apresente explicações claras sobre os motivos da paralisação do processo e indique quais serão os próximos passos para assegurar uma gestão transparente e eficiente dos recursos de Itaipu. O desfecho dessa situação terá impactos significativos não apenas na governança da hidrelétrica, mas também no cenário político e diplomático da região.
Perspectivas para a fiscalização de Itaipu
O futuro da fiscalização das contas de Itaipu permanece incerto diante da atual postura do governo federal. A pressão por maior transparência e controle sobre os gastos da hidrelétrica deve continuar, tanto por parte da oposição quanto de setores da sociedade civil interessados na boa gestão dos recursos públicos. A resolução desse impasse será crucial para determinar não só o futuro da governança de Itaipu, mas também para estabelecer precedentes importantes sobre a fiscalização de empresas binacionais e o compromisso do Brasil com a transparência em suas relações internacionais. O desenrolar dessa situação nos próximos meses será determinante para compreender a postura do governo Lula em relação à gestão de recursos estratégicos e sua abordagem para questões de governança em empreendimentos compartilhados com outros países.