Escassez de mão de obra impacta inaugurações de supermercados no Brasil

Setor enfrenta desafios para preencher vagas e expandir operações.
A falta de mão de obra qualificada está causando atrasos significativos na inauguração de novos supermercados em diversas regiões do Brasil, conforme alerta o presidente da Associação Paulista de Supermercados (APAS), Erlon Ortega. Em entrevista recente, o líder setorial revelou que o Estado de São Paulo enfrenta um déficit de aproximadamente 30 mil postos não preenchidos nas lojas, impactando diretamente o ritmo de expansão das redes varejistas. Este cenário preocupante não se limita apenas à região paulista, mas reflete uma tendência nacional que tem levado empresários a adiar a abertura de novas unidades e repensar suas estratégias de crescimento em um mercado cada vez mais competitivo e desafiador.
O problema da escassez de mão de obra no setor supermercadista brasileiro não é recente, mas tem se intensificado nos últimos anos, atingindo níveis críticos em 2025. Segundo dados da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), o setor conta atualmente com mais de 700 mil funcionários diretos apenas no Estado de São Paulo, representando uma parcela significativa da força de trabalho do comércio varejista. No entanto, o crescimento da demanda por profissionais qualificados não tem sido acompanhado pela oferta no mercado de trabalho, criando um gargalo que afeta desde pequenas redes locais até grandes players nacionais. As vagas em aberto abrangem diversas funções essenciais para o funcionamento das lojas, como repositores, empacotadores, operadores de caixa, açougueiros e padeiros, além de posições gerenciais que exigem maior especialização.
O impacto desta carência de mão de obra vai além dos atrasos nas inaugurações, refletindo-se também na qualidade do atendimento ao consumidor e na eficiência operacional das lojas existentes. Muitas redes têm relatado dificuldades para manter o pleno funcionamento de setores específicos, como padarias e açougues, devido à falta de profissionais especializados. Para contornar esses obstáculos, as empresas do setor têm adotado diferentes estratégias, como o investimento em programas de capacitação interna, parcerias com instituições de ensino e a implementação de políticas de retenção de talentos. Algumas redes estão inclusive explorando a possibilidade de contratar profissionais da terceira idade ou imigrantes, buscando ampliar o pool de candidatos disponíveis. Adicionalmente, há um movimento crescente pela flexibilização das jornadas de trabalho e pela adoção de novas tecnologias que possam otimizar processos e reduzir a dependência de mão de obra em determinadas funções.
Diante deste cenário desafiador, o setor supermercadista brasileiro encontra-se em um momento crucial de adaptação e reinvenção. A busca por soluções inovadoras para atrair e reter talentos tornou-se uma prioridade estratégica para as empresas que desejam manter sua competitividade e continuar expandindo suas operações. Especialistas do setor apontam que, nos próximos anos, será fundamental um esforço conjunto entre empresas, associações setoriais e poder público para desenvolver políticas e programas que estimulem a formação de novos profissionais e valorizem as carreiras no varejo alimentar. Além disso, a crescente digitalização do comércio e a adoção de tecnologias como inteligência artificial e automação deverão desempenhar um papel cada vez mais relevante na transformação dos modelos de negócio e na criação de novas oportunidades de trabalho no setor supermercadista, redefinindo o perfil dos profissionais demandados e as competências necessárias para o sucesso neste mercado em constante evolução.
Perspectivas para o futuro do varejo alimentar
O setor supermercadista brasileiro enfrenta um momento de transformação, impulsionado pela necessidade de superar a escassez de mão de obra e adaptar-se às novas demandas do mercado. A capacidade das empresas de inovar em suas práticas de gestão de pessoas, investir em tecnologia e criar ambientes de trabalho mais atrativos será determinante para o sucesso e a sustentabilidade dos negócios nos próximos anos. Enquanto os desafios persistem, o setor demonstra resiliência e criatividade na busca por soluções que permitam a continuidade de sua expansão e a melhoria contínua dos serviços oferecidos aos consumidores brasileiros.