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Facção criminosa impõe terror e força fechamento de provedora de internet no Ceará

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Crime organizado força fechamento de provedora de internet em Caucaia.

Ataques violentos do Comando Vermelho geram pânico no setor de telecomunicações cearense.

A escalada de violência promovida pela facção criminosa Comando Vermelho contra provedores de internet no Ceará atingiu um novo patamar nesta semana, forçando a GPX Telecom, empresa com nove anos de atuação em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza, a encerrar definitivamente suas operações. O anúncio foi feito após um ataque devastador na madrugada de 17 de março, quando criminosos invadiram a sede da empresa e destruíram toda sua infraestrutura em questão de minutos. Este incidente se soma a uma onda de ataques sistemáticos contra provedores no estado desde fevereiro, revelando uma estratégia criminosa de extorsão que tem deixado milhares de usuários sem acesso à internet e imposto um clima de terror no setor de telecomunicações.

As investigações conduzidas pela Polícia Civil do Ceará confirmaram que os ataques fazem parte de uma tática de extorsão praticada pelo Comando Vermelho. Segundo as autoridades, a facção impõe uma taxa mensal para que os provedores possam operar em determinadas áreas sob seu controle. Quando a cobrança ilegal não é paga, as empresas tornam-se alvo de represálias violentas, que incluem incêndio de veículos, corte de cabos de fibra óptica, roubo de equipamentos e ameaças diretas a funcionários. Além disso, há indícios de que provedores clandestinos operam sob o controle do crime organizado, restringindo o acesso dos moradores a serviços de internet regulares e ampliando o domínio territorial da facção.

O impacto dessa onda de violência tem se estendido muito além das empresas diretamente atacadas. Em Caridade, uma cidade de 22.500 habitantes, cerca de 90% das residências ficaram sem acesso à internet nos últimos dias, afetando serviços essenciais e a comunicação dos moradores. O Complexo Industrial e Portuário do Pecém, um dos maiores do Brasil, também foi severamente impactado quando ataques da facção derrubaram quase toda a conexão de internet na região, comprometendo operações logísticas e industriais vitais para a economia do estado. Um levantamento realizado por operadoras aponta que aproximadamente 10% da população da Grande Fortaleza – o equivalente a 400 mil pessoas – vivem em áreas sob controle de facções criminosas, onde provedores ilegais operam sem fiscalização e impedem a atuação de empresas regulares, criando um cenário de monopólio criminoso sobre serviços essenciais de comunicação.

Em resposta à crise, o Governo do Ceará criou um grupo especial para investigar os crimes e conter os ataques. A Operação Strike, realizada entre 22 de fevereiro e 17 de março, resultou na prisão de 27 suspeitos, incluindo indivíduos ligados a homicídios e ao tráfico de armas. No entanto, a situação permanece crítica, com empresas como Brisanet, ACNet, Planeta Net, Giga+ Fibra e A4 Telecom ainda sofrendo ameaças e ataques. A GPX Telecom, em seu comunicado de encerramento, destacou a “fragilidade da segurança” e a rapidez com que “o trabalho árduo de anos pode ser destruído”, evidenciando o desafio enfrentado pelas autoridades para garantir a segurança e a continuidade dos serviços de internet na região. Enquanto as investigações prosseguem, a população e o setor empresarial aguardam medidas mais efetivas que possam restaurar a normalidade e garantir o acesso seguro à internet, fundamental para o desenvolvimento econômico e social do estado.

Perspectivas para o combate ao crime organizado e recuperação do setor

A situação crítica enfrentada pelos provedores de internet no Ceará demanda uma resposta coordenada e eficaz das autoridades estaduais e federais. A continuidade das operações policiais, como a Strike, é essencial, mas especialistas apontam para a necessidade de estratégias de longo prazo que incluam o fortalecimento da presença do Estado nas áreas dominadas pelo crime organizado, investimentos em inteligência policial e medidas de proteção específicas para o setor de telecomunicações. A recuperação da confiança dos empresários e da população passa pela demonstração clara de que o poder público é capaz de garantir a segurança necessária para a operação dos serviços essenciais. Enquanto isso, a colaboração entre as empresas do setor, as forças de segurança e as comunidades afetadas surge como um caminho promissor para a resistência contra a imposição do terror pelas facções criminosas e a gradual retomada da normalidade no fornecimento de internet no estado.