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Rubens Ometto critica juros altos e impacto no empresariado: “Empresário vagabundo”

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Empresário afirma que taxa elevada desestimula investimentos. Empresariado fica “vagabundo” com juros altos, diz fundador da Cosan.

O empresário Rubens Ometto, fundador e presidente do conselho de administração da Cosan, gerou polêmica ao afirmar que os juros altos no Brasil estão deixando o empresariado “vagabundo”. Em declaração durante evento do setor sucroenergético realizado em São Paulo na última terça-feira (25), Ometto criticou a atual política monetária do Banco Central e seu impacto nos investimentos produtivos. Segundo o empresário, com a taxa básica de juros (Selic) em patamares elevados, muitos empresários optam por aplicações financeiras em vez de investir na expansão de seus negócios, o que estaria prejudicando o crescimento econômico do país.

A declaração de Ometto ocorre em um momento de intenso debate sobre os rumos da política monetária brasileira. Com a Selic atualmente em 13,25% ao ano, o Brasil figura entre os países com as maiores taxas de juros reais do mundo. O empresário argumentou que, nesse cenário, torna-se mais atrativo para os detentores de capital simplesmente aplicar seus recursos em títulos públicos ou outras modalidades de renda fixa, obtendo retornos significativos sem os riscos associados a investimentos produtivos. Essa dinâmica, na visão de Ometto, estaria criando uma espécie de “zona de conforto” para o empresariado, desestimulando a inovação e a expansão das atividades econômicas que poderiam gerar empregos e impulsionar o desenvolvimento do país.

“Se você tem a condição de aplicar o seu dinheiro a 15%, 16% —em alguns casos a 20%, 25% ao ano—, você vai ficar vagabundo. Por que você vai correr risco? Você vai fazer com que todo mundo fique sentado na cadeira sem fazer nada, e o dinheiro não produz”, disse o fundador e presidente do conselho de administração da Cosan.”

A fala do presidente do conselho da Cosan também levanta questões sobre o papel do setor privado no crescimento econômico e na geração de empregos. Enquanto alguns analistas concordam que os juros altos podem, de fato, desestimular investimentos produtivos, outros argumentam que cabe aos empresários buscar oportunidades e inovar mesmo em cenários econômicos desafiadores. O debate se estende ainda para a eficácia da política monetária atual no combate à inflação, principal justificativa do Banco Central para a manutenção dos juros em patamares elevados. Críticos da postura do BC, como Ometto, defendem que a instituição poderia adotar uma postura mais flexível, permitindo uma redução mais acelerada da taxa Selic para estimular a economia.

‘Os juros reais (descontada a inflação) superaram os 9% ao ano. A expectativa do mercado é que a taxa termine 2025 na casa dos 15%.

“Com esse nível de juros reais de 9%, 10% ao ano, é impossível você administrar qualquer investimento“, disse Ometto. “Vai ter que começar a trabalhar para que seu negócio dê retorno, ou imobilizando, ou fazer private equity [investimento em empresas não negociadas em bolsa], ou lançando no mercado de capitais, ações. Você vai alavancar e crescer muito“, completou.’

As declarações de Rubens Ometto repercutiram rapidamente nos meios empresariais e políticos, alimentando discussões sobre a necessidade de ajustes na condução da política econômica do país. Enquanto alguns setores aplaudem a franqueza do empresário ao abordar um tema sensível, outros questionam se a caracterização do empresariado como “vagabundo” não seria uma simplificação excessiva de um problema complexo. De qualquer forma, o debate lançado por Ometto coloca em evidência a urgência de se encontrar um equilíbrio entre o controle da inflação e o estímulo ao crescimento econômico, desafio que continuará no centro das atenções de economistas, empresários e formuladores de políticas públicas nos próximos meses.

Perspectivas para a economia brasileira diante do cenário de juros altos

A polêmica levantada por Rubens Ometto reacende o debate sobre os rumos da economia brasileira e as estratégias necessárias para impulsionar o crescimento sustentável. A busca por um ambiente de negócios mais favorável, que equilibre a estabilidade monetária com o estímulo aos investimentos produtivos, permanece como um dos principais desafios para o país nos próximos anos. A forma como o governo, o Banco Central e o setor privado responderão a esse desafio será determinante para o futuro econômico do Brasil.