Mauro Cid lamenta perdas enquanto Bolsonaro recebeu milhões

Mauro Cid desabafa sobre perdas pessoais e ganhos de Bolsonaro em delação.
Ex-ajudante de ordens revela detalhes sobre situação financeira.
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, revelou em sua delação premiada ao Supremo Tribunal Federal (STF) detalhes surpreendentes sobre sua situação pessoal e financeira, contrastando-a com a do ex-presidente. Durante uma audiência realizada em 22 de março do ano passado, Cid expressou frustração ao afirmar que “perdeu tudo” enquanto Bolsonaro teria se beneficiado financeiramente. O depoimento, que estava sob sigilo, foi tornado público na quarta-feira (19) pelo ministro Alexandre de Moraes, lançando luz sobre os bastidores da relação entre o militar e o ex-mandatário.
A revelação ocorreu em um contexto delicado, após o vazamento de áudios em que Cid criticava a condução das investigações e fazia comentários sobre o ministro Alexandre de Moraes. Na audiência subsequente, o ex-ajudante de ordens buscou esclarecer suas declarações, caracterizando-as como um desabafo em um momento de grande pressão pessoal. Cid mencionou estar enfrentando sérios problemas financeiros e familiares, enquanto observava uma situação aparentemente mais favorável para o ex-presidente. Especificamente, ele aludiu a transferências via Pix recebidas por Bolsonaro, que teriam somado milhões de reais, embora não tenha fornecido detalhes precisos sobre esses valores ou sua origem.
O contraste entre as situações financeiras de Cid e Bolsonaro ganhou destaque no depoimento. O ex-ajudante de ordens descreveu um cenário em que sua carreira militar estava “desabando”, seus amigos o tratavam “como um leproso” por medo de se prejudicarem, e ele se via em uma posição extremamente vulnerável, sem as conexões políticas ou o suporte institucional que poderiam amenizar sua situação. Cid chegou a mencionar que havia engordado 10 quilos, um detalhe que, embora aparentemente trivial, ilustra o impacto físico e emocional da situação em sua vida. Por outro lado, ele apontou que Bolsonaro teria recebido significativas quantias via Pix, uma informação que posteriormente foi corroborada por um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que indicou transferências de aproximadamente R$ 17,2 milhões para o ex-presidente entre janeiro e julho de 2023.
As declarações de Mauro Cid lançam luz sobre as complexas dinâmicas de poder e lealdade nos bastidores do governo Bolsonaro, bem como sobre as consequências pessoais enfrentadas por figuras próximas ao ex-presidente após o fim de seu mandato. A situação de Cid, que passou de uma posição de confiança no círculo íntimo presidencial para um estado de isolamento e dificuldades financeiras, ilustra os riscos inerentes à proximidade com o poder político. Enquanto o ex-ajudante de ordens enfrenta um futuro incerto, lidando com as repercussões legais e pessoais de sua associação com Bolsonaro, o ex-presidente parece ter encontrado meios de manter sua estabilidade financeira, mesmo em face das investigações e controvérsias que o cercam. Este episódio não apenas revela as disparidades nas consequências enfrentadas por diferentes atores políticos, mas também levanta questões sobre lealdade, responsabilidade e o preço pessoal da participação nos altos escalões do poder.
Implicações das revelações para o cenário político
As revelações de Mauro Cid não apenas iluminam sua situação pessoal, mas também têm potenciais implicações significativas para o cenário político brasileiro. A contraposição entre suas dificuldades e os aparentes ganhos financeiros de Bolsonaro pode influenciar a percepção pública sobre o ex-presidente e seus aliados. Enquanto as investigações prosseguem, resta observar como essas informações serão interpretadas pela justiça e pela sociedade, potencialmente redefinindo narrativas sobre o período Bolsonaro e suas consequências para os envolvidos.