Pesquisa revela rejeição ao semipresidencialismo no Brasil

Brasileiros rejeitam em massa proposta de semipresidencialismo.
Pesquisa revela forte oposição à mudança no sistema de governo.
Uma recente pesquisa realizada pela AtlasIntel revelou uma significativa rejeição da população brasileira à proposta de implementação do semipresidencialismo no país. De acordo com o levantamento, 71% dos entrevistados se posicionaram contra a adoção desse modelo de governo, que tem ganhado destaque nas discussões políticas recentes. A pesquisa, conduzida entre os dias 11 e 13 de fevereiro de 2025, ouviu 817 pessoas em todo o território nacional, apresentando uma margem de erro de 3 pontos percentuais e um nível de confiança de 95%. Os resultados indicam uma clara preferência pela manutenção do atual sistema presidencialista, em detrimento da proposta que visa dividir as funções executivas entre um presidente eleito e um primeiro-ministro.
O semipresidencialismo, modelo adotado em países como França e Portugal, tem sido defendido por diversos atores políticos influentes no cenário brasileiro. Entre os principais apoiadores da mudança estão figuras como o ex-presidente da Câmara, deputado federal Arthur Lira (PP-AL), o ex-presidente Michel Temer (MDB) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes. A proposta em discussão na Câmara dos Deputados sugere a implementação de um sistema no qual o primeiro-ministro teria a capacidade de definir o plano de governo e controlar o Orçamento, além de conceder mais poderes à Câmara, que poderia votar sozinha as moções de confiança e censura. No entanto, é importante ressaltar que o povo brasileiro já rejeitou duas vezes, em plebiscito e referendo, o fim da figura do presidente como chefe de governo e de Estado.
A pesquisa AtlasIntel também revelou dados interessantes sobre o perfil dos apoiadores do semipresidencialismo. Curiosamente, o apoio a esse modelo de governo é maior entre os eleitores que votaram no ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no primeiro turno das eleições de 2022. O levantamento identificou que 25,1% desse grupo é favorável ao novo sistema, em contraste com apenas 0,3% dos eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Essa discrepância sugere uma possível correlação entre a preferência política e a abertura à mudança no sistema de governo. Além disso, a pesquisa mostrou que 18% dos brasileiros são favoráveis à adoção de um modelo semelhante ao da França ou de Portugal, enquanto 11% dos entrevistados responderam que não sabem qual modelo é melhor. Esses números indicam que, apesar da forte rejeição, ainda existe uma parcela significativa da população que está aberta a discutir alternativas ao presidencialismo atual.
A discussão sobre a mudança no sistema de governo brasileiro ocorre em um momento de intenso debate político e institucional no país. A proposta de Emenda à Constituição (PEC) do semipresidencialismo recentemente atingiu o número de assinaturas necessárias para ser protocolada na Câmara dos Deputados, indicando um crescente interesse político na matéria. No entanto, a expressiva rejeição popular revelada pela pesquisa AtlasIntel sugere que qualquer mudança nesse sentido enfrentará significativa resistência da opinião pública. É fundamental que os legisladores e líderes políticos levem em consideração essa clara manifestação da vontade popular ao debaterem possíveis alterações no sistema de governo. O desafio agora será equilibrar as aspirações de reforma política com o respeito à preferência majoritária da população, garantindo que qualquer mudança proposta seja amplamente discutida e legitimada pela sociedade brasileira.
Implicações para o futuro político do Brasil
Os resultados da pesquisa AtlasIntel lançam luz sobre o complexo cenário político brasileiro e as perspectivas para futuras reformas institucionais. A forte rejeição ao semipresidencialismo indica que qualquer proposta de mudança no sistema de governo enfrentará desafios significativos para obter apoio popular. Isso pode influenciar diretamente as estratégias dos defensores dessa reforma, exigindo um esforço maior de comunicação e convencimento da população sobre os possíveis benefícios do novo modelo. Por outro lado, os dados também revelam a necessidade de um debate mais amplo e inclusivo sobre as alternativas para aprimorar a governabilidade e a estabilidade política no Brasil, considerando as preferências e preocupações expressas pela maioria dos cidadãos.