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TCU libera R$ 6 bilhões para Pé-de-Meia e exige ajuste no Orçamento

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Tribunal dá prazo de 120 dias para governo regularizar programa.

O Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu na quarta-feira (12) liberar R$ 6 bilhões para o programa Pé-de-Meia, mas determinou que o governo federal tome providências em 120 dias para incluir o programa no Orçamento de 2025. A decisão veio após o julgamento de um recurso apresentado pela Advocacia-Geral da União (AGU) contra uma cautelar que havia suspendido os repasses para o programa educacional. Os ministros do TCU revogaram a suspensão, permitindo que o Pé-de-Meia continue sendo executado temporariamente fora do Orçamento, até que o Congresso Nacional delibere sobre o tema. O programa, criado para incentivar a permanência de jovens no ensino médio, beneficia cerca de 4 milhões de estudantes de 14 a 24 anos integrantes de famílias inscritas no Bolsa Família.

A controvérsia em torno do Pé-de-Meia surgiu devido à forma como o governo federal estruturou seu financiamento. Inicialmente, foram destinados R$ 6 bilhões do Orçamento da União para o programa, aprovados na peça orçamentária. No entanto, o governo também autorizou a transferência de outros R$ 10 bilhões de dois fundos privados, dos quais a União é cotista, para complementar o financiamento. Essa manobra foi considerada irregular pelo TCU, pois o uso desses fundos, embora aprovado por lei, não passou pelo Orçamento, contrariando a Constituição e outras normas técnicas, segundo especialistas em contas públicas. A decisão do tribunal busca corrigir essa situação, exigindo que o governo encontre uma solução para incluir integralmente os gastos do Pé-de-Meia no Orçamento, respeitando as regras fiscais vigentes.

O acórdão apresentado pelo ministro Bruno Dantas, e acatado com alterações pelos demais ministros, propõe que o governo encaminhe ao Congresso, no prazo de 120 dias, uma solução para o Pé-de-Meia. Essa solução pode ser um projeto de lei visando à abertura de crédito suplementar, com cancelamento de outras despesas em montante equivalente, ou outro expediente legal que respeite o regime constitucional do orçamento público. A flexibilização desse ponto pelos ministros, determinando apenas que o governo “tome providências” neste prazo, demonstra uma tentativa de equilibrar a necessidade de regularização orçamentária com a continuidade do programa educacional. Enquanto isso, o TCU autorizou, excepcionalmente, a execução temporária do Pé-de-Meia, permitindo a utilização dos recursos bloqueados do Fundo de Custeio da Poupança de Incentivo à Permanência e Conclusão Escolar para Estudantes do Ensino Médio (FIPEM), oriundos do Fundo Garantidor de Operações (FGO) e do Fundo de Garantia de Operações de Crédito Educativo (FGEDUC).

A decisão do TCU traz alívio momentâneo para o governo, mas também aumenta a pressão sobre os recursos públicos. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, terá que encontrar uma forma de incluir os custos do programa, estimados em R$ 15,5 bilhões para 2025, dentro do Orçamento, o que exigirá negociações complexas com o Congresso e possíveis cortes em outras áreas. Essa situação evidencia os desafios enfrentados pela administração federal para conciliar programas sociais importantes, como o Pé-de-Meia, com as restrições orçamentárias e as regras fiscais. A resolução desse impasse será crucial para garantir a continuidade e a legalidade do programa, que já se mostra uma ferramenta significativa para incentivar a permanência dos jovens no ensino médio e reduzir a evasão escolar, especialmente entre os estudantes de famílias de baixa renda.

Impactos e perspectivas para o programa educacional

A decisão do TCU, embora permita a continuidade temporária do Pé-de-Meia, coloca em evidência a necessidade de uma solução definitiva para o financiamento do programa. O governo federal terá que trabalhar em conjunto com o Congresso Nacional para encontrar uma forma de incluir os gastos no Orçamento sem comprometer outras áreas essenciais ou infringir as regras fiscais. Essa situação pode levar a um debate mais amplo sobre a priorização de investimentos em educação e a importância de programas de incentivo à permanência escolar no ensino médio. A resolução desse impasse será fundamental para garantir a estabilidade e o futuro do Pé-de-Meia, um programa que já demonstra potencial para impactar positivamente a vida de milhões de estudantes brasileiros em situação de vulnerabilidade socioeconômica.