Proposta de semipresidencialismo sem consulta popular gera polêmica

Projeto apoiado por Hugo Motta gera debates sobre legitimidade democrática.
O semipresidencialismo, sistema adotado em países como França e Portugal, caracteriza-se pela divisão do poder executivo entre um presidente eleito diretamente e um primeiro-ministro escolhido pelo parlamento. No Brasil, a discussão sobre a adoção desse modelo não é nova, tendo sido objeto de debates em momentos anteriores da história política do país. No entanto, a atual proposta ganha força no contexto de uma busca por soluções para crises institucionais recorrentes. Defensores argumentam que o sistema poderia proporcionar maior equilíbrio entre os poderes e facilitar a formação de maiorias parlamentares estáveis, reduzindo assim o risco de paralisias governamentais.
A controversa proposta de implementação do semipresidencialismo sem consulta popular levanta questões fundamentais sobre o processo democrático e a soberania popular. Críticos argumentam que uma mudança tão profunda no sistema político do país não pode ser decidida exclusivamente pelo Congresso Nacional, sem a participação direta da população. Eles relembram que, historicamente, alterações no sistema de governo brasileiro foram submetidas a plebiscitos, como ocorreu em 1963 e 1993, quando a população foi chamada a decidir entre presidencialismo e parlamentarismo. Além disso, há preocupações sobre o impacto que tal mudança poderia ter na estabilidade política do país, especialmente considerando a complexidade do sistema partidário brasileiro e as dinâmicas de coalizão já estabelecidas.
O debate sobre a proposta de semipresidencialismo sem plebiscito promete se intensificar nos próximos meses, à medida que o projeto avança no Congresso Nacional. Especialistas em direito constitucional e ciência política deverão ser convocados para análises mais aprofundadas sobre a viabilidade e as implicações da mudança. A sociedade civil e movimentos sociais também se mobilizam para exigir maior participação no processo decisório. O desfecho dessa discussão poderá ter impactos significativos no futuro da democracia brasileira, definindo não apenas o sistema de governo, mas também os limites do poder de reforma constitucional do Legislativo frente à vontade popular expressa nas urnas.